terça-feira, 16 de dezembro de 2008

SETE DE ESPADAS - TESTEMUNHO


Pela riqueza do depoimento, queremos deixar aqui o testemunho do confrade LS, que na altura do Sete de Espadas, anos 70 do século passado assinava Hal Foster.


(Estas tecnologias deixam-nos, por vezes, confusos... É a segunda vez que tento colocar aqui a minha reflexão sobre este tema, Sete de Espadas... A ver se vai desta!)
Pois, meus caros, fui apanhado a frio ontem, dia 15 Dez 08, pela tarde, quando abri a página do amigo Falcão e vi a infausta notícia do falecimento do nosso Mestre! Embora a sua saúde andasse nas anteriores semanas bastante abalada, conforme também pude constatar com telefonemas que efectuei para o Sete, nada fazia prever este fatal desenlace. Até porque as notícias de melhoras eram conhecidas...Fiquei deveras transtornado! Passado um dia da notícia ainda não me conformo ser isso real... O Sete? Aquela máquina que muitos de nós conhecemos e privámos? Não! Não é possível! Ele é imortal!!! Mas, infelizmente, é e não é. Quero dizer, vai ser imortal pelo legado deixado, a sua escrita, a sua mensagem, o seu espírito conciliator e agregador, serão eternos. Disso não tenho, não devemos ter, dúvidas. O corpo físico, esse naturalmente tem um prazo de validade. É igual para todos, não há volta a dar...O que foi Sete de Espadas para mim? Pois, meus amigos, terá sido certamente uma parte de leão na minha vida! Como estudante do secundário, com 16 ou 17 anos, e já estusiasta de há muito da BD venho a descobrir no Mundo de Aventuras da vª Série, no final da revista, em duas páginas, um espaço estranho às próprias estórias aos quadradinhos... Como hoje soe dizer-se, primeiro estranha-se e depois entranha-se - assim foi com Mistério...Policiário do Sete de Espadas. Trazido para ali pelo mão do Jorge Magalhães (outro grande e velho amigo!) rapidamente o mestre de barbas "agarrou" muitos de nós nessa juventude florescente, viciando-nos e educando-nos. Educou-nos essencialmente no saber, na pesquisa desse saber, em usar as "células cinzentas" que tão bem propalava aos sete ventos, na sã camaradagem, nos convivíos - ainda recordo com nostalgia aquele primeiro em Coimbra no Restaurante Alfredo, salvo erro em 1976 - e nos superiores valores que nos devem reger como seres humanos!É lugar comum dizer-se termos ficado mais pobres com a sua perda, mas é a pura verdade! Esta noite finda foi para mim tormentosa, inquieta e nada pacífica..., ainda não consegui digerir esta tremenda notícia! A verdade é essa.Recordo o meu último contacto com Sete de Espadas, em Julho de 2007, numa viagem por mim feita a Lisboa e que aproveitei para no regresso a Coimbra me encaminhar pela AE do oeste o ir visitar... Foi um enorme prazer revê-lo, agora na sua nova casa, na companhia dos filhos, naquela pacatez e serenidade do lugar que tanto prezava. Dirigimo-nos até um dos cafés da localidade onde permanecemos, acompanhados por uma bica, durante cerca de 3 horas num bate-papo delicioso. Sempre foi um prazer dialogar consigo! Apesar da sua proveta idade de que não se percebia o "número" pois aquele seu espírito sempre jovem, inteligente, perspicaz e muito lúcido sobrevertia qualquer ideia sobre isso. Ele era um jovem eterno! Encantou-me como sempre. Por esta razão, imagino, deve ter sido medonha a sua luta interior a tentar superar o mal que o atingia pois aquele dantesco espírito contido naquele corpo doente colidia com o próprio corpo. A jovialidade irradiada dele fazem supôr isso mesmo.Marcou-me muito desde sempre! Sete de Espadas, posso dizê-lo sem rodeios e sofismas, colocou na minha mente "pegadas" psicológicas superiores, de longe, àquelas da pessoa que me deu o ser - e nisso presto as devidas homenagens! Tanto me marcou que foi a partir da sua página que orientei a minha vida profissional, ao abraçar a investigação criminal com paixão e devoção até ao presente momento. E ele sabia disso, sabia ter eu resultado num dos seus melhores alunos, sinto prazer em dizê-lo!, tendo levado bem longe essa arte especial retirada da problemistica policiária.Daí, terem passado na minha mente um sem número de sensações estranhas e confusas, umas boas e outras nem tanto, ao saber do seu desaparecimento físico. Eu fiquei mesmo mais pobre! O Mestre já não está ao alcance da minha mão para me transmitir uma palavra amiga, de conforto, de sabedoria, de sensatez ou de paz, como antes. E isso magoa-me! Entristece-me. Deixa-me desanimado. Estes dois dias vão-me marcar indelevelmente na minha vida.Aos seus familiares e milhentos amigos, por conseguinte, aqui deixo os sentidos pêsames pelo seu desaparecimento. Realmente ficámos mais pobres! Todos nós.Que descanse em paz bem o merece.A sua memória permanecerá.
Um abraço
LS (ex Halfoster)
16 de Dezembro de 2008 11:34

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