segunda-feira, 30 de março de 2009

SOLUÇÃO DA PROVA N.º 5

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL

SOLUÇÃO DA PROVA N.º 5

SMALUCO E A MORTE DO EMPRESÁRIO ACALORADO
Original de Inspector Boavida



João Horta mentiu. Ele afirmara estar ao telefone com o primo quando ouviu um tiro e o barulho de um corpo a cair no chão, razão por que telefonou de imediato para a Judiciária. Horta não poderia ter ouvido o tiro, porque o disparo foi efectuado do exterior do gabinete do “acalorado”, através da janela. Recorde-se que o empresário estava sempre de janela aberta e que não foi encontrado nenhum invólucro de bala no gabinete. Acrescente-se ainda que o tiro não foi ouvido no Café, pelo que se conclui que a arma assassina estaria munida de silenciador. Por outro lado, também não é crível que ele pudesse ter ouvido o barulho de um corpo a cair no chão, uma vez que a sala estava coberta por uma espessa alcatifa.
É estranho que alguém viaje apressadamente de Londres para Lisboa, como foi o caso de João Horta, fazendo-se acompanhar de tanta bagagem. Sublinhe-se que ele terá recebido notícias da Judiciária por volta das dez da manhã, ou seja, duas horas depois de ter alertado a Polícia para os ruídos que dissera ter ouvido quando a alegada conversa com primo foi interrompida. Não faz, por isso, qualquer sentido que às dez e meia ele já esteja a caminho do aeroporto… com meia dúzia de malas.
Tudo indica que tenha sido ele o assassino do primo Ricardo. Ele e o seu parceiro de Londres eram exímios na imitação e no disfarce. Constituíam uma dupla imbatível! João Horta terá viajado para Lisboa de véspera, com a identidade do seu colaborador. Fora este que telefonara de Londres para o empresário, à hora combinada (oito da manhã). No jardim, João Horta disparou sobre as costas do primo quando este foi atender o telefone que ficava junto à entrada do gabinete.
O emigrante português, sócio de João Horta em Londres, telefonou depois para a Polícia imitando a voz do primo do empresário, dando conta das suspeitas de um atentado. Esperou por um contacto da Judiciária e rumou então para Lisboa disfarçado de João Horta e com a identificação deste, depois de ter prevenido Smaluco do que havia acontecido ao empresário Ricardo e de ter pedido guarida em sua casa para o parceiro. Chegado a Lisboa, o emigrante encontrou-se com Horta e ambos trocaram os documentos pessoais e os comprovativos das respectivas viagens.
O emigrante voltou para Londres com a sua identidade e Horta foi à Judiciária, como se tivesse chegado no avião que trouxera o seu colaborador. Algum tempo depois estava a dormir tranquilamente, deitado no sofá na sala de estar de Smaluco. Este, ao ler o relatório do primeiro dia de investigações da morte do empresário Ricardo Esteves, ficou a saber o que não queria admitir: o seu amigo tinha assassinado o primo.
O móbil do crime poderá estar relacionado com a grave situação em que se encontrava a empresa do “acalorado”. Horta era parte interessada na herança do primo e não concordava com as medidas de saneamento financeiro em perspectiva, pelo que decidiu antecipar o fim do empresário. A alienação de património para salvar a empresa e os postos de trabalho não lhe agradava.
Os telefonemas feitos para o telemóvel de Ricardo Esteves, que este não atendeu, justificam-se pelo facto de Vanessa ter cometido a inconfidência de contar aos colegas que lhes esperava em breve o desemprego. Foi por esta razão que o empresário ligou à noite para a sua secretária. E foi por causa deste telefonema que o “acalorado” recebeu a mensagem ameaçadora. O telemóvel emissor seria de um qualquer “protector” de Vanessa, pouco agradado com a forma como o patrão havia tratado a jovem.

66 comentários:

Anónimo disse...

Acho essa questão de um viajar com os documentos do outro bastante forçada.
Ao embarcar no avião a identidade dos viajantes é bem controlada para o caso de acidentes se poderem identificar as vítimas.
Penso que a volta ao problema seria outra. essa solução torna o problema algo pobre

Rip Kirby

Anónimo disse...

De referir que em momento algum é mensionado no problema que João Horta tem interesses nos negócios do primo pelo que nem um adivinho ia pensar em tal coisa

Rip Kirby

Anónimo disse...

Boa noite

Ao contrário de muitos confrades, até tenho achado que as soluções não têm estado assim tão fora dos problemas.

No entanto, neste caso, tenho mesmo de discordar da solução.

Acho que esta solução não está certa, ou seja, não está de acordo com o problema. Uma solução que deu muita polémica, a do problema de A. Raposo e Lena, para mim estava certa, porque as próprias perguntas finais eram abertas, as respostas eram suposto terem um carácter do provável e da hipótese. Já este problema diz claramente “após uma segunda leitura ficou a saber tudo”, ou seja, não há lugar para dúvidas, é assim e é assim mesmo.

A primeira discordância vem logo de nos falarem que Horta é mestre em imitações e disfarces… onde está isso no problema? Formar uma dupla imbatível com um imitador não quer dizer que eu também sou imitador… podem ser uma boa dupla de amigos, de animadores, de bebedores de cerveja, de entertainers, de detectives, de trafulhas…

Segundo, não é verdade que ele esteja a viajar assim tão apressadamente, se ele ouvir um tiro pelo telefone às 8h, perder o contacto total com o interlocutor, será absurdo que às 10h, quando lhe confirmam a morte do primo, esteja pronto a partir? É que a morte do primo não seria propriamente uma surpresa: um tiro e depois silêncio…

Quanto ao tiro não ser ouvido no café, esse foi precisamente o meu pormenor para encontrar o criminoso (com base na leitura do relatório): era impossível não ter ouvido. Quanto ao corpo não fazer barulho por cair numa alcatifa espessa… é impossível… mesmo que estivesse a cair numa tonelada de algodão faria sempre barulho. Esta é mesmo impossível… não há alcatifa que conseguisse esse resultado. Se essa alcatifa existisse teria de ser absurdamente espessa, e eu não tenho como saber isso, tal como Smaluco não tinha: ele não foi à casa, logo não podia concluir do relatório.

É suposto Smaluco “ficar a saber tudo” na leitura do relatório, razão pela qual seria suposto ser no relatório que se ia descobrir tudo… afinal do relatório tira-se o quê? A alcatifa espessa que Smaluco não viu, nem sabe quão espessa é, e o tiro que não se ouviu no café… conclui então que não houve tiro, eu concluo que quem estava no café mente… estavam mais pessoas no café e ouviriam? Como é que do relatório se conclui isso? É que no relatório “ficou a saber tudo”! Como não diz no relatório, e no relatório se percebe tudo, podia não estar mais ninguém no café e o próprio funcionário do café ter ido à cave, à casa de banho, deixar cair uma garrafa no chão no momento do tiro, ter ido comprar no jornal (o cliente que estava era habitual) ou fumar um cigarro nas traseiras. O relatório não diz se estavam pessoas no café, logo Smaluco não tem essa informação… logo isso não podia fazer parte do “tudo” que percebeu na segunda leitura.

Razão para o crime: a herança? Onde no problema diz que ele é solteiro? Onde no problema diz que ele é órfão? Onde no problema diz que ele não tem testamento? Onde no problema diz que ele não tem filhos? Onde no problema diz que ele não tem irmãos? Onde no problema diz que ele não tem sobrinhos? Todos estes ficariam à frente do primo (que nem sequer diz que é primo direito…) Como é que eu podia perceber isso? Como é que eu e Smaluco podíamos perceber “tudo” isso do relatório?

Para mim a crítica fundamental a esta solução vem do “ficou a saber tudo”. Com o ficou a saber tudo não havia margem para hipóteses de investigação… tinha de lá estar tudo.

Sinceramente, julgo que nesta prova deveriam ser atribuídos os 10 pontos a todos os participantes, pois a solução apresentada não está de acordo com o problema (“ficou a saber tudo” induz em erro e inviabiliza esta solução).

Espero não ter chateado Smaluco, um dos mais activos confrades, que em tempos organizou torneios em que tive o prazer de participar, mas esta é a visão com que fico da solução, mesmo já tendo passado dois dias da sua publicação.

Leio e releio… e não consigo encontrar correspondência… lamento!

Karl Marques

Anónimo disse...

Devo dizer,em primeiro lugar,que a solução oficial me passou completamente ao lado.O que temos aqui são declarações que podem ou não ser verdadeiras,mas nada no texto nos diz que Orton ganhava algo com a morte do primo;em primeiro lugar,um tiro com silenciador está longe de ser”silencioso”,há sempre um ruído tipo plop,como o de uma rolha de champanhe a saltar que não se ouviria muito longe;mas ele estava ao telefone! Depois,por muito espesso que seja o tapete/alcatifa há sempre um baque,que não deixaria de ser perceptível a quem estivesse perto.Já quanto à rapariga,nada nos diz que o seu conhecimento não fosse apenas superficial,tipo “olá,bom dia” e chega.Finalmente, se Orton e o acalorado eram primos,no caso de morte só haveria herança se não houvesse filhos,pais,tios,sobrinhos (todos parentes em 1º ou 2º grau da vítima)—os primos só são chamados à herança se não houver gente mais chegada.Em tempos,em discussão com o saudoso Sete,abordámos este tópico,e ele era de opinião que a mentira,só por si,não chega—tem de haver mais alguma coisa.Ainda por cima,o problema não nos diz que Orton tinha interesses na firma.Como bem diz o Karl Marques,isto tinha de estar no texto,já que se diz que estava tudo lá…Que me desculpe o Boavida,que já nos deu problemas interessantes,mas isto não é um problema:é uma adivinha!
Medvet

Anónimo disse...

Meu caro Karl Marques
Não seja tão radical pedindo para que todos os concorrentes sejam classificados com 10 pontos.
Embora eu esteja de acordo consigo no que respeita à fraqueza da solução do autor penso que o problema tem pernas para andar sendo possível fazer algumas soluções lógicas ignorando a do autor em alguns dos seus pormenores.
Claro que o Luis quando for fazer a avaliação de cada solução irá ver quais aquelas que não estando de acordo com a do autor são suficientemente lógicas para merecerem os 10 pontos.
Sempre foi assim e penso que assim continuará sendo.
Nós os autores de problemas muitas vezes fazemos uma produção convbencidos que não há um unico erro que se lhe possa ser apontado e no fim os solucionistas encontram portas de saída por todos os lados.
Um abraço do

Rip Kirby

luis pessoa disse...

Meus caros, aqui está mais uma oportunidade para discutirmos e pormos as nossas ideias em ordem.
Vamos pormenorizar as queixas, vamos apontar com clareza os erros e as falhas que achamos existirem, vamos fazer destas páginas uma lição de como vemos um problema, como o analisamos quando o lemos, como trabalhamos as pontas que o autor deixa...
Em suma, respeitando sempre o autor do problema, vamos dizer como faríamos e como evitaríamos as falhas, se é que as houve.

Anónimo disse...

Anular a prova ou dar 10 a todos, também não, mas que vai ter de haver muita água benta,até para o autor, não tenho dúvidas

Deco

Paulo disse...

O principal problema da solução do autor reside no facto de tomar como verdadeiras as declarações de quem se demonstra que está a mentir.
Se o João Horta mente uma vez poderá estar a mentir sempre, e há dados fundamentais utilizados na solução que apenas são provenientes de informação fornecida por ele.
A que horas ocorreu o crime? Segundo João Horta foi às oito horas, mas o relatório policial não confirma.
João Horta viajou da Inglaterra? Ele diz que sim, mas não há confirmação da polícia.
Porque não há-de ele estar a mentir nestes aspectos?
Não se pode tomar como verdadeira nenhuma informação de João Horta, o criminoso, e penso que esse é um dos princípios do policiarismo.
Quanto à questão da troca das identidades, parece-me demasiado forçado perante a total inexistência de informação. Eram parecidos fisicamente? Mesmo admitindo que eram dois actores e imitadores nada garante que pudessem passar um pelo outro. Tinham a mesma idade? A mesma morfologia?
Sem dúvida que a solução do autor é possível, mas não me parece a única. Uma parte baseia-se em factos que podem ser comprovados no texto e em outra parte que é especulação, e apenas baseada nas declarações do criminoso.
Não acho que a questão especulativa, em si, seja muito grave. Pode ser possível nos problemas policiários, mas quase sempre admitirá várias soluções, o que me parece que terá de suceder neste caso.
Com mais duas ou três informações escondidas no texto a solução do autor poderia ser a única possível e toda verificável, mas não foi isso que o autor fez.
A “ditadura dos 6500 caracteres” obriga os autores a terem que resumir as ideias e a abreviar a escrita, o que pode deixar cair fora do texto alguns pormenores relevantes.
Este poderá ser um dos casos. A actual estrutura da secção não permite descrever situações demasiado complexas. Quando se entra nessa tentação a probabilidade de cometer falhas é maior.
Acho também que os concorrentes não devem esperar encontrar “ problema perfeitos”. Esses não existem. Todos nós perante os mesmos factos e as mesmas observações podemos chegar a conclusões que não são necessariamente iguais, e a ideia que está na cabeça de quem produziu o enigma pode ser vista por um outro ângulo por quem o resolve.
Este espaço não deve ter como objectivo crucificar os autores mas contribuir para analisar as falhas, que na opinião de cada um, permitem as várias interpretações. Só desse modo o autor poderá melhorar em próximas produções, ganhando também com essa análise todos os outros futuros autores.
Paulo

Anónimo disse...

Caros Rip Kirby e Deco

Aceito e até passo a assinar por baixo do vosso reparo. Parece-me bem: venham as "conclusões lógicas" e a "água benta" para as curvas em relação à solução do autor.

Karl Marques

Anónimo disse...

Caro Paulo
Essa ditadura a que se refere é verdadeiramente terrível.
Os originais dos meus problemas geralmente ocupam as quatro páginas que inicialmente nos eram concedidas. Depois levo mais tempo a encurtar o problema do que aquele que gastei para o escrever.
É claro que há quem seja capaz de expor as suas ideias em pouco espaço mas geralmente isso só acontece quando não é obrigatório. Quando temos que escrever apenas duas páginas o assunto estende-se por quatro ou cinco.
Referindo-me agora à opinião da Medvet quanto ao ruido de um tiro com silenciador devo-lhe dizer que não passa de um sopro. Sem silenciador é que parecerá o estoiro do saltar de uma rolha de uma garrafa de champanhe aberta por um principiante. Há um mito de que os tiros de pistola são muito ruidosos mas isso só acontece nos filmes. Eu disparei e ouvi milhares de tiros de pistola e a pouco mais de 20 metros se ouverem outros ruidos em volta quase não se dá por eles

Rip Kirby

Anónimo disse...

O problema é interessante mas o autor já fez muito melhor. Este problema não tem só uma solução e por isso vai ser duro para o Luís Pessoa. Nem é por a solução ser fraca é porque o problema abre muitas soluções e isso é muito mau. Nem parece do autor que é.
Martelada

Anónimo disse...

Já tudo foi dito e estou aqui, apenas, a saudar o elevado nível que a discussão da solução do problema está a ter.
Eu fiz a minha solução e, partindo das improbabilidades das declarações de João Horta, apontei-o como autor do crime. E acho que a solução do autor é uma das que cabe, perfeitamente, neste texto. Outras há (como foi demonstrado) e serão analisadas consoante o sustentáculo que cada solucionisata der à sua tese.
Como já se disse, não há problemas perfeitos e ainda menos soluções oficiais perfeitas. Ou se há ... eu, em mais de 40 anos de policiário, não as encontrei.
Acho, até, que, quanto melhor for o problema, mais difícil deve ser redigir a solução oficial. Quando, num problema, tudo se encarreira certinho, vamos abrindo sucessivas portas que temos necessidade de fechar. Se eu, num problema bom, uso uma dúzia de folhas e, na semana a seguir ao final do prazo, já fazia mais meia dúzia, como pode o autor meter, no espaço de que dispõe, aquilo que eu não consigo meter num espaço muito maior? É frequente, nos nossos encontros, ouvir produtores (para quem, por gentileza, se envia a nossa solução, depois do fim do prazo) dizer - o que você(s) viu (viram)! Nem tal coisa me passou pela cabeça. Mas faz todo o sentido!
Um problema bem idealizado é como uma criança. Mal começa a andar, quer logo correr. E o solucionista tem de se esfalfar a correr, também, atrás dele, porque o mistério ganhou vida, cresceu! E, por cada passo que ele dá, lá temos nós de fechar todos os cruzamentos que aparecem, para o levar para o local ao qual nós achamos que ele deve chegar...
E isso gasta páginas e páginas.
É, pois, muito bom voltar a um local onde se pode conversar.
É que eu vi a coisa muito mal parada. Depois de ler o que li sobre a solução do A. Raposo, relativamente a um problema certinho, cheguei a pensar que só um masoquista é que produziria um problema, sujeitando-se a alguns "enxovalhos" intelectuais que por aqui li.
Os maiores erros nunca justificam uma agressividade. Se nós não estamos de acordo com a solução do autor, porque fizemos uma diferente, com o mesmo texto, devemos defender a nossa dama, claro. Mas com o respeito que o autor e a obra merecem.
A carreira de um produtor tem marés. Umas são altas, outras são baixas. Mas todas nos são oferecidas; e, sem elas, não nadávamos...
Agora, felizmente, voltou a calma . E este é, de novo, um mar onde se pode navegar.
Por falar nisso, deixa-me mas é ir olhar outra vez para o problema do Paulo, porque a maré está mesmo a encher. E, se não estou atento, vou mesmo ao banho!!!
Um abraço
Zé-Viseu

Daniel Falcão disse...

Não poderia deixar de aceitar o desafio do Luís Pessoa, no sentido de fazer deste espaço uma lição de como vemos um problema.

Este problema, concretamente, a par com a respectiva solução, não me parecem tão fracos como opinam alguns confrades. Mas numa coisa estamos de acordo, o relatório circunstanciado resultante do primeiro dia de investigações, não permite, em absoluto, chegar ao desfecho final (por mais leituras que possam ser feitas). Obviamente que há muitos elementos cruciais que não estão presentes no relatório, os quais, com certeza, seriam apurados nos dias seguintes.

A solução que apresentei é concordante com a solução do autor, embora vá muito para além dela. E é este um dos prazeres da decifração, podermos apontar soluções elaboradíssimas, completando a solução do autor, e seguindo caminhos nunca por ele imaginados.

As pistas que me levaram à solução do problema não estão no relatório, mas nos primeiros parágrafos do problema, cujos elementos são do conhecimento do Smaluco (e dos decifradores) e que mais tarde, naturalmente, chegariam ao conhecimento dos agentes da autoridade.

(1) A minha atenção recaiu imediatamente sobre a “meia dúzia de pesadas malas”. Embora aquela viagem Londres-Lisboa pudesse ter sido planeada com antecedência, o que justificaria as malas estarem preparadas, também poderia não ser esse o caso. O decifrador regista esta dualidade.

(2) Considerei a possibilidade de o telefonema feito de Londres para o Smaluco, imitando o Gordon Brown, poder ter como objectivo outras eventuais trocas de identidade telefónicas. O decifrador regista esta possibilidade.

(3) A informação de que os dois amigos formavam uma dupla imbatível, sabendo nós que pelo menos um deles era exímio em imitações e disfarces, não significa necessariamente que eles formassem “uma dupla imbatível” nesta arte, mas era uma possibilidade. O decifrador regista esta outra possibilidade.

(4) Não está completamente claro se a vinda de Horta para Lisboa se deve ao “tinha acontecido um problema grave com o primo”. O decifrador nota que o autor parece querer mostrar no texto existir uma relação causa-efeito e, por isso, regista-a.

(5) O facto de Horta ter dito que escutara um disparo, seguido do barulho de um corpo a cair, sabendo nós, já pelo relatório, que mais ninguém escutou o tiro, alerta-nos para uma possível mentira. Quando confrontado com a janela sempre aberta e com a espessa alcatifa, o decifrador pode começar a admitir a possibilidade de o tiro ter sido desferido do exterior (janela aberta) e com silenciador (ninguém ouviu).

(6) Todos sabemos que um corpo mesmo caindo sobre uma espessa alcatifa produz um som, mas também sabemos que uma espessa alcatifa atenua esse mesmo som. O decifrador tem de ter em consideração que a pessoa que diz ter escutado o som da queda não está na proximidade, mas do outro lado de uma linha telefónica (melhor ou pior) a qual, por sua vez, contribui para uma atenuação de qualquer som.

(7) Todavia, na minha opinião, enquanto decifrador, o mais importante não foi o som que ele diz ter escutado, mas antes o som que ele obrigatoriamente devia ter escutado. Como sabemos, há ocasiões em que mais importante do que o que se diz é o que fica por dizer. Estando o telefone estando colocado numa estante (de madeira, provavelmente), o que acontece quando alguém larga o bocal? Obviamente, as leis da física obrigavam-no a bater contra a estante. E este som não deixaria de ser escutado por quem estava do outro lado. Quem estava a telefonar de Londres, ouviu este som; mas o Horta não o refere, mas refere os outros dois sons mais duvidosos. Este elemento não pode escapar ao decifrador.

Juntando todos os elementos acima descritos, existe uma clara possibilidade de o Horta ser o criminoso, com a cumplicidade do amigo. Claro que os elementos apontados, têm prós e contras, como sempre, mas compete ao decifrador ponderar sobre cada um deles e tomar a sua decisão, à luz de toda a restante informação disponível no problema.

Aproveito para sublinhar que na solução por mim apresentada ficou claro (como terá ficado para muitos outros decifradores) que nenhum dos restantes intervenientes tem álibis indestrutíveis, nem mesmo o que diz ter estado no café às oito horas. Qualquer um deles poderia ter assassinado o “acalorado” às oito horas.

Já agora, algumas palavras sobre o móbil. Colocando-me na pele do Horta, em Londres a telefonar para o primo em Lisboa, se tivesse escutado um tiro e a polícia me tivesse comunicado o seu homicídio, não me parece que viesse a correr para Lisboa, por vários motivos, desde profissionais até ao facto de tratar-se apenas de um primo (brincando um pouco, acusem-se de primo desnaturado, se quiserem), não era o pai, nem a esposa, nem um filho. Normalmente, entraria em contacto com familiares directos da vítima. Foi, precisamente, na eventualidade de eles não existirem que, enquanto decifrador, pensei num eventual móbil.

Para concluir, que este apontamento já vai demasiado longo, algumas notas sobre a troca de identidade. Será que é assim tão difícil viajar de Lisboa para Londres com documentos pertencentes a outrem? A minha experiência mostra-me que no aeroporto deitam uma olhada rápida ao BI e… boa viagem.

Pelo que ficou escrito, e estou a partilhar convosco a forma como abordei o problema, admito que outros confrades tenham opiniões diversas. Pretendi nestas (nem por isso) breves linhas mostrar que se tratou de um problema que me deu (como quase sempre) um grande prazer decifrar, mas, acima de tudo, redigir a minha proposta de solução.

Daniel Falcão

luis pessoa disse...

Agora sim!
Estão lançadas as bases para uma análise e discussão profundas, não só deste problema, mas de todos os que por aqui vão passando.
Tenho as minhas ideias e não vou deixar de as colocar aqui.Aliás, sobre este tema já troquei alguma correspodência particular com confrades e vou, logo que tenha o trabalho mais adiantado expôr os meus pontos de vista, como aprendiz, de produtor, de decifrador e de seccionista.
Já tivemos aqui visões excelentes de excelentes solucionistas e produtores. Um (ou todos) os Zés não quererão relatar as angústias de um seccionista perante bons e maus problemas, perante boas e más soluções?
Vamos em frente na discussão!

Anónimo disse...

Gostei do desafio que me pareceu bastante bem elaborado e complexo q.b..
No entanto, a resposta ao desafio parece-me sem cabimento e impossível face aos elementos apresentados.
A resposta correcta, na minha opinião, impediria fazer qualquer acusação e determinar qualquer suspeito credível.
Detective Lupa de Pedra

Anónimo disse...

Como é natural li todos os comentários que aqui foram apresentados mas prestei especial atenção aos do Paulo, do Zé e do Daniel.
Pelo que li conclui que de uma maneira ou de outra todos, ou quase todos, chegamos aonde o autor queria. Uns percorreram um caminho, outros foram por outro e alguns andaram por caminhos algo complicados mas chegaram lá.
Como é óbvio e todos sabemos, não há crimes perfeitos pelo que também não há problemas que se possam gabar dessa perfeição.
Todos nós já produzimos problemas pensando que são a sumidade da perfeiçãoo e deppois ao vermos a lista de acertantes sofremos a desilusão de ver que quase todos o solucionistas descobriram o mistério que na maior parte das vezes não está na nossa solução mas sim nas portas que deixamos abertas ao longo daquilo que produzimos.
Normalmente temos pouco espaço para incerir uma produção nossa mas pior do que isso é que para fazer a solução oficial ainda temos menos espaço e daí que muitas vezes a solução dos produtores seja bastante fraca. Eu por exemplo já fui eliminado da Taça de Portugal num problema da minha autoria.
No caso presente eu até não acho que a solução seja muito fraca. O que acho é que o problema deixa muitas portas por onde nos podemos safar sem perder pontos.
Quero ainda referir que alguns comentaristas se referem ao facto de João Horta fazer uma parelha imbatível com um imitador não faz dele também um imitador.
Ora na minha opinião se a parelha é imbatível certamente que os dois parceiros são bons caso contrário a parelha não seria imbatível.
Reparei também que alguns comentaristas acham estranho que ninguém tenha ouvido o tiro quando na realidade isso é perfeitamente normal. Segundo uma das testemunhas no jardim só se ouvia a chilrreada dos pássaros. Ora se o tiro tivesse sido audível a passarada debandava imediatamente e tanto quanto sei isso não aconteceu.
Bem vou ficar por aqui pois o comentário já vai longo a normalmente quando falamos muito arriscamo-nos a dizer asneiras
Não me vou dar ao trabalho de corrigir erros pór isso peço que os desculpem.
Rip Kirby

Anónimo disse...

Telefonei ao Inspector Boavida a dizer-lhe que o seu problema seria de antologia se a solução consistisse em Smaluco concluir, depois de analisar e correlacionar todos os dados, que havia sido vítima de uma brincadeira por parte dos seus amigos, isto é, da encenação de um crime que jamais acontecera. Sei de confrades que chegaram a essa conclusão por tal corresponder à hipótese que enquadrava da melhor maneira, quase à perfeição, tudo o que é relatado, nomeadamente alguns aspectos que, no âmbito da solução oficial, podem ser apontados como defeitos.
Exorto por isso o Inspector Boavida a aceitar a inspiração de alguns solucionistas a fim de refazer a sua solução e, eventualmente, um ou outro ponto do enunciado,para efeitos antológicos.
Nove

Anónimo disse...

É para já, Luís, é para já.
Um parênteses para dizer que concordo integralmente com o Daniel, embora me pareça que o Gustavo tem um álibi. Ele está num café e, num café, tem de haver, pelo menos, mais uma pessoa - quem está ao balcão! Não faz sentido um café estar aberto sem alguém ao balcão, para servir os clientes e receber o pagamento. Esse empregado poderia, obviamente, confirmar as declarações do Gustavo. Certo, Daniel, meu velho adversário de tantas lutas nas Melhores? Adversário, mas muito bom amigo. Ganha que se farta, mas não é defeito - é feitio!!!
Quanto ao móbil, também percorri o mesmo caminho do Daniel, reforçado pelo facto de a polícia não ter ouvido mais ninguém - e é do protocolo ouvir, para enquadrar as últimas horas da vítima (houve ameaças?) e para estabelecer os "beneficiários" com a morte. Não aparecem; concluí que não havia!
Quanto à questão que o Luís formula, eu tenho muito menos experiência do que ele, mas tenho alguma. Fui co-responsável, com o Aranha, do Passatempo e voltei a encontrá-lo (agora como Zé-dos-Anzóis) no Almeirinense. É ele quem classifica os problemas (eu trato mais da formatação da secção), mas o Dos Anzóis troca sempre impressões comigo, nos casos que entende.
No Almeirinense, privilegiamos a solução de autor, obviamente. Mas nunca penalizámos ninguém que chegasse a um caminho diferente do proposto pelo autor, exactamente com o mesmo texto, desde que o cimentasse, perfeita e inequivocamente. A obrigatória concisão do texto (o LP sabe que temos um limite de espaço), obriga o autor a dizer em 2/3 palavras o que, anteriormente, tinha dito em 15! Sintetisando (ao limite) uma frase, podemos correr o risco de usar uma estrutura semântica com mais de um significado. Sendo a língua portuguesa altamente polissémica, o risco é muito maior do que parece. E cada significado pode levar a um caminho diferente. Tivemos, no ano passado, um caso. Lemos, relemos o problema, conversámos com o autor, limámos arestas e publicámos. Dois solucionistas viram o que nós não tínhamos visto e chegaram a conclusão diferente, com soluções brilhantes, tão brilhantes como os que tinham chegado à outra solução.
10 pontos para uns e para outros (claro) e até um ponto nas Melhores para um dos que apresentaram uma solução diferente da do autor.
Às vezes, não apetece nada ser "prior" de uma freguesia destas. Mas ... alguém tem de ser!!!
Lemos coisas que não nos agradam, às vezes até (quase) insultos intelectuais. Não fazem mossa, claro (não me insulta quem quer; e insultos, vindos de alguns lados, são medalhas), mas levam-nos a perceber melhor o que passa quem analisa as NOSSAS soluções...
Se toda a gente passasse por todas as facetas, talvez alguns pensassem três vezes antes de escreverem o que escrevem...
Siga a conversa, que vai interessante...
Um abraço
Zé-Viseu

luis pessoa disse...

Para mim há, desde logo, um ponto prévio:
Um problema é bom ou não é!

Será bom desde que tenha apenas e só UMA SOLUÇÃO!

Não será bom se admitir mais que uma.

Depois, pode ser fácil ou difícil, isso já é outra questão.

Outro ponto de honra é que, na minha modesta opinião, a qualidade da solução que o autor apresentar do seu próprio problema NUNCA pode influenciar a nota a atribuír a um problema.
Se o autor elabora um problema que apenas admite uma solução, estamos perante um bom problema. Se na sua solução ele apenas refere dois ou três pormenores, mas há dez ou mais, isoos só abona da qualidade do problema que resistiu a a mais sete ou oito pormenores que chegaram à mesma solução!!
Logo, estamos perante um excelente problema que só admite UMA SOLUÇÃO e tem dezenas de pormenores que levam até lá! E nenhum que leve a outro lugar!
Penalizar um autor por não contemplar na sua solução todas as hipóteses é, na minha opinião, repito, um acto "criminoso".

Se um cientísta avança uma investigação que chega a uma dada conclusão, não pode ser penalizado por aparecerem vinte outros a chegarem à mesma conclusão por caminhos diferentes. Pelo contrário, ele ACERTOU COMPLETAMENTE e os outros todos confirmaram-no!
Seria a negação do espírito científico que queremos para o Policiário exigirmos que um autor tenha que elaborar uma solução que contemple TUDO. Isso seria reduzir os confrades solucionistas ao mero papel de parceiros que só aspirariam a chegar ao nível do autor, o que nunca será verdade.

Anónimo disse...

Não sei se concordo com isso. O problema é classificado pela solução do autor e por isso como eram atribuidos as pontuações se o autor só chegou a uma parte?

Deco

Anónimo disse...

Então porque é que perdemos pontos mesmo quando chegamos ao culpado mas nos falta um pormenor? Não há coerência.

Martelada

Anónimo disse...

Sempre ouvimos dizer que um problema era um todo e só com as duas partes boas o problema total era bom. Agora já não?

Fáfá
Féfé
Fifi

Anónimo disse...

No ano passado o problema do Inspector Fidalgo era o melhor de todos, de certeza, mas foi punido pela solução estar fraca. Eu acho que foi bem punido, mas o Luís Pessoa vem dizer que não. É isso? O que importa é dizer quem é o culpado e acertar?
Isso vai dar os 10 pontos? Já perdi por causa de falhas, apesar de acertar nos culpados.

Zé Bacalhau

Anónimo disse...

Claro, Luís, claro!
Mas se o problema admite duas soluções (com o mesmo texto), penso que o solucionista não pode ser prejudicado por ter chegado a um destino diferente do autor, mas para o qual o texto o "empurrou". E foi sobre isso que eu opinei.
Falei em abstracto e não em relação ao problema em análise, com cuja solução oficial concordo plenamente!!!
E eu "criminoso" me confesso, porque classifico as produções a concurso por aquilo que EU penso do binómio problema/solução. E assumo isso com total frontalidade e naturalidade. Cada um tem os seus critérios e os meus valem o que valem. Admito e respeito as opiniões diferentes das minhas, porque sei que as minhas também devem ser respeitadas...
Ao fim e ao cabo, é para isso que aqui estamos, para que cada um diga o que pensa - em prol do policiarismo; sempre e SÓ em prol do policiarismo português. É o que faço, construtivamente. Gosto demasiadamente do policiarismo para dizer seja o que for sem ser a pensar na constante melhoria do meu desporto mental preferido...
Um abraço
Zé-Viseu

luis pessoa disse...

Atenção que estamos a falar de produção e não de decifração. Há por aqui alguma confusão com pontos perdidos.
Em decifração, não apontar pormenores relevantes equivalerá SEMPRE a perda de pontos.
Agora resta determinar quais os critérios. Se o que vale é a solução do autor e por isso apenas haverá perda de pontos quando não se aponta um dos pormenores do autor ou se perderá sempre.
Em resumo, deverá ser o orientador a definir o que é pontuável e não o autor?
Nesse caso, se o autor não menciona algum pormenor, um concorrente com uma solução igual à do autor deev perder pontos? Parece que sim!
Então o autor deve ter tratamento igual e perder também pontos?

Para grandes seccionistas, como o SETE DE ESPADAS, a solução do autor era sempre sagrada, mesmo que errada e era ela que servia. o argumento seria o de que se o problema era publicado era porque era aceite pelo orientador e como tal este tinha o dever de o seguir até ao fim.
Por cá, nós usamos um critério um pouco diferente, aceitando que o autor terá sempre os 10 pontos, como autor, mas pontuamos pormenores que o autor não aponta e despenalizamos pormenores que ele aponta, segundo um critério pré-estabelecido. Mas o autor é sempre totalista.
Mas isto, caros amigos, são critérios de pontuação e o que estavamos a discutir era, ainda, a produção e o produtor em si, sem entrarmos no foro do decifrador.
Um produtor tem que ser obrigatoriamente um génio da decifração para ver o seu problema reconhecido como de boa qualidade? Ou essa parte é para os bons decifradores, que irão dar-lhe esse estatuto?
Para mim, repito, um bom problema e bom produtor é aquele que elabora um desafio com uma única solução e abre campo para os excelentes decifradores irem até ao infinito, sem nunca conseguirem encontrar solução diversa! E quanto mais forem as linhas de busca, as possibilidades de investigação, mesmo que não encontrados pelo autor, MELHOR é o problema SE RESISTIR A TUDO e tiver APENAS UMA SOLUÇÃO!

Anónimo disse...

Sem querer correr o risco de fazer ping-pong com o Luís, volto, para reflectir.
Concordo com tudo o que o LP diz, em termos de produção. E reconheço a grande pertinência da questão posta - deverão os produtores ser grandes solucionistas, a ponto de verem (e sinalizarem na solução oficial) todas as portas que o seu problema abriu? No caso do LP, quem acompanhou de perto a sua carreira, terçando armas com ele, desde os primeiros tempos do M A, não tem dúvidas!
Mas o curioso é que a conversa com o Inspector Fidalgo leva-me a tantas outras conversas que tenho tido com o meu amigo Constantino, autor de grandes problemas (alguns dos melhores que li até hoje), sobretudo os fabulosos contos-problema do Avô Palaló, aliando a etnologia com o policiarismo e autor (confesso, lá muito, muito, no fundo) de soluções oficiais a milhas do problema...
Tenho pensado e repensado nisto e só cheguei a uma teoria, que, por polémica, deixo ao debate:
Penso que o produtor e o solucionista partem de plataformas diferentes! Nunca fiz um problema policial, razoável que fosse; falo, pois, pelo que penso e não pelo que executo...
Acho que um produtor, ao elaborar um problema, parte da própria solução do problema; isto é, parte de uma chave com três ou quatro pormenores e, à volta desse esqueleto, coloca as partes moles; ou seja, ficciona uma história, onde entrem esses pormenores que constituem a chave da decifração.
Na solução oficial, o produtor terá na cabeça esses pormenores-chave; e é esses que ele lá coloca!
O solucionista parte ao contrário - tem de analisar a história TODA, para encontrar a chave; logo, parte das partes moles para chegar ao esqueleto. Vai desconstruindo, autopsiando, até chegar à origem.
Será, eventualmente, por isso, que, tendo de analisar TODA a narrativa, o solucionista encontre lá mais coisas do que o autor pôs na sua solução oficial; essas coisas estão na narrativa que o autor ficcionou para enquadrar as suas chaves.
E estou completamente de acordo com o LP. Um grande problema é aquele em que a narrativa envolvente valoriza a chave que lhe serviu de ponto de partida.
Assim, quanto melhor é o problema, mais pormenores se vão encaixar na chave inicial.
Se, pelo contrário, o produto final levar à hipótese de mais do que uma solução, algo correu mal ao produtor, pois a carne que ele lá pôs não encaixa totalmente no esqueleto inicial, deturpando-o e criando um ser trangénico...
Diferente (completamente diferente) é a chave estar errada. Isso conduz a diferentes respostas ou à impossibilidade de resolução, pois a coluna vertebral do problema está, irremediavelmente, partida.
Na classificação de produtores, eu dou sempre valorização ao enquadramento policial da chave. Para mim, um problema policiário só o é, se se basear numa situação que justifique a intervenção da autoridade policial.
Depois, analiso a relativa originalidade da chave. Digo relativa, porque, como escreveu Ortega y Gassett, depois de mais de 2000 anos de literatura, ninguém consegue ser inteiramente original. Quando eu digo - já li isto em qualquer lado, vou ver se a chave é cópia do que eu li (negativo) ou se é uma evolução dessa chave - positivo (parte-se de um conhecimento anterior e faz-se evoluir esse conhecimento). Se nunca a li, melhor ainda!!!
Finalmente, vejo de quantos elementos partiu o autor; claro que só vejo isso ao ler a solução do autor.
Desculpem a extensão, mas foi com boa intenção...
Um abraço
Zé-Viseu

Anónimo disse...

É evidente que um bom problema tem sempre apenas uma solução.
O produtor cria um problema pensando numa determinada solução pelo que naquilo que ele coloca na sua produção têm que estar os pormenores que levem ao encontro do seu pensamento.
O solucionista pode chegar à mesma solução que o autor seguindo por caminhos diferentes e, segundo a minha opinião, é aí que reside a grande riqueza do policiário.
Claro está que o solucionista tem que justificar com lógica todos os seus pontos de vista quer siga a mesma orientação do autor, quer siga a sua própria orientação. Não chega dizer quem é o autor de um crime se não justificar plenamente a sua opinião. Por isso é que muitas vezes se acertte no autor do crime e se perdem pontos porque a justificação dada carece de lógica.
Por outro lado já tem acontecido o solucionista chegar a uma solução diferente da do autor e justificar plenamente a sua solução e acaba sendo penalizado porque quem classifica não se dá ao trabalho de analizar essa justificação por todos os ângulos.
É Verdade que o nosso saudoso Sete dizia que o autor tem sempre razão mas não é menos verdade que uma vez ele penalizou um produtor, cujo nome não me recordo mas que me lembro perfeitamente que era de Reguengos, porque esqueceu na sua solução um pormenor que era importante.

Rip Kirby

Anónimo disse...

Reparei agora que nesta série de comentários, mais do que comentar o problema do Insp. Boavida, nós temos esstado a trocar impressões sobre o que é ou não um bom problema.
Penso que isso até é bom porque não melindra ninguém e todos ficamos a saber um pouco mais sobre produção

Rip Kirby

Anónimo disse...

É importante que se discutam estas coisas para que saibamos o que contar quando fazemos um problema.
O Luís Pessoa classifica em função de quê? E escolhe os problemas em função de q~^e?
Isso era importante saber.
Deco

Anónimo disse...

O Rip Kirby conta que o Sete de Espadas penalizou um autor por este não indicar um pormenor. Eu acho muito bem se ele também estava a concorrer ao torneio.

ABCroco

Anónimo disse...

Não me cabe a mim dizer quais os critérios em função dos quais o LP classifica os problemas mas certamentye que é em função da solução do autor em primeiro lugar e possivelmente orientando-se por outras soluções que lhe chegas e que trazem pormeenores que escaparam aos autores.
Quanto aoos critérios para a escolha dos problemas é fácil chegarmos até eles.
O Luis escolhe os problemas que recebe e que todos sabemos que sãao poucos. Basta olhar para os nomes dos produtores de problemas torneio atrás de torneio para sabermos que os produtores não abundam e se continuamos a bater-lhes muito ainda acabamos por não ter nenhum.

Rip Kirby

luis pessoa disse...

Caríssimos:
Os critérios são poucos no que se refere à escolha das produções.
Primeiro não há variedade para escolha e por isso todos têm que ser aproveitados.
Depois, os fracos dotes e pouca prática de solucionista raramente permitem encontrar muito mais do que o que os autores´colocam nas soluções.
Portanto, uma leitura ou duas, retiram-se os factores principais, lê-se a solução e se tudo encaixa, parece estar pronto para publicação.
A seguir virão as feras da decifração que vão descobrir coisas que nem ao diabo lembram. Umas boas, outras nem tanto.
Se logo à partida se notam pontos fracos ou dúvidas, questiona-se o produtor e procuram-se soluções e alterações.

Quanto ao critério de classificação, embora esse não caiba aqui, nesta discussão em torno de produções e não de decifrações, a base é a solução do autor (e portanto a nossa, porque a validamos). Se no decurso da tarefa de classificação aparecem dados novos e outras pistas, estas nunca poderão ser pontuadas.
Porquê?
Porque o autor teria que ser penalizado e na nossa óptica isso não estaria correcto.
O autor tem sempre o máximo da pontuação, mesmo que o seu problema venha a ser completamente "destruído". Neste caso, todos os participantes somarão os 10 pontos. Portanto, o nosso critério pontual é definido apenas e só quando ainda só lemos a solução do autor. Mais nenhuma.
O que acontece por vezes é que classificamos em função da solução do autor (e logo a que aceitámos e que é também nossa) e vamos penalizando propostas que seguem rumos diferentes, mas mais tarde há um concorrente que explica coerentemente esse novo rumo, o que tem inevitavelmente que fazer com que alteremos todo o nosso critério, reclassificando "em alta" todos os concorrentes que penalizámos por entendermos, na altura, que estavam errados.
Em suma, o autor tem SEMPRE 10, assim como todos os que responderem como ele. Quem não responder como ele, pode ter, também, os 10 pontos, se construír uma solução alternativa coerente.

Anónimo disse...

Mas os que responderem como a alternativa também podem somar os 10 pontos, não é?

DECO

luis pessoa disse...

Amigo Deco:
Exacto! O autor soma sempre 10, tal como todos os que respondem como ele, porque esse critério já foi definido por nós ANTES de lermos qualquer outra solução. Depois, ao aparecerem outras opções coerentes, todos os concorrentes que as justificarem devidamente serão totalistas.
E a conclusão é óbvia: O problema estava errado porque permitia mais que uma solução.

Anónimo disse...

Afinal, como diz, como classifica o problema do Insp. Boavida? Se ele tem várias soluções, o problema é mau e os solucionistas tem todos 10 pontos, ou ñ?
ABulaCroco

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

O Problema do Inspector Boavida não tem várias soluções. Tem apenas uma que é a que segue.
Quem matou o Acalorado foi o João Horta.
Agora cada um tem que justificar, com lógica, o caminho que seguiu para chegar a essa conclusão.

Rip Kirby

Anónimo disse...

Eu disse que há duas soluções porque pode não ter havido crime e há logo duas.
ABCroco

Paulo disse...

A discussão desviou-se um pouco para a questão do número de pormenores que o autor coloca, daqueles que o solucionista encontra, se estes são coincidentes e se um encontra mais do que o outro.
Mas desculpem-me, eu regresso à questão que ressalta do meu primeiro comentário, que surge da solução deste problema, mas que se poderá aplicar a qualquer outro.
Saindo das questões de “ganha um ponto ou perde um ponto”, gostaria de abordar mais a “técnica” de construção dos problemas.
Quais são os pormenores que devem ser considerados?
Eu penso que devemos considerar como verdadeiras as informações prestadas pelo narrador/ detective e as que constam dos relatórios periciais.
As afirmações do criminoso, a não ser que possam ser verificadas por outros testemunhos, não poderão ser admitida como verdadeiras.
Não é por no texto não estar evidenciada a falsidade da declaração, que ela passa a ser verdadeira. Se num parágrafo detectamos uma mentira do criminoso, por confronto com os elementos que podemos considerar verídicos, não podemos no parágrafo seguinte considerar que ele já está a falar verdade se não houver uma confirmação factual ou testemunhal “independente” dessa verdade.
Essa é que é a falha da solução do autor neste problema.
Não há informação confirmada sobre a hora do crime.
Não há nenhuma informação confirmada que o João Horta viajou uma, duas ou nenhuma vez de avião, seja no dia do crime, seja nos dias anteriores.
Que João Horta mente não há dúvida. Mas mente até onde? Não se sabe, e parece-me que a parte "especulativa” da solução poderá ser mais ou menos criativa, consoante a imaginação do solucionista, mas nunca poderá ser baseada nos factos declarados pelo João Horta e tomá-los por verdade.
Paulo

Anónimo disse...

Li, quando aqui foi inserida, a solução do 5º problema,e depois nunca aqui voltei. Perdi assim,
por culpa própria, a possibilidade de em tempo oportuno participar do debate que se lhe seguiu. Agora,apenas irei abordar um pormenor, que me parece passível de clarificação.
Antes de nele entrar,entendo dever dizer que secundo a opinião do Daniel Falcão de que o problema não é tão fraco como opinam alguns confrades -- em contraponto a outras opiniões, como a de Deco, preconizando a anulação do problema ou a atribuição da pontuação máxima a todos. A solução do autor é que não foi tão bem cuidada quanto poderia...

Vamos, então, ao aspecto a abordar,referenciado assim pelo confrade Karl Marques: "Razão para o crime:a herança ? Onde no problema se diz que ele é solteiro ? Onde no problema se diz que ele é orfão ? Onde no problema se diz que ele não tem testamento ? Onde no problema se diz que ele não tem filhos ? Como é que poderia perceber isso ?

Por sua vez na sua solução o autor explica assim a situação: ´"o móbil do crime poderá estar relacionado com a grave situação em que se encontrava a empresa do "acalorado". Horta era parte interessada na herança do primo e não concordava com as medidas de saneamento financeiro em perspectiva. A alienação do património para salvar a empresa e os postos de trabalho não lhe agradavam".
Subjectivo e pouco credível, de facto, quando assim apresentado -- até porque no problema não se fala em alienação de património, mas apenas em dispensa de três empregados... --particularmente na medida em que, no texto, existem elementos suficientes e precisos para se poder fundamentar uma melhor resposta.Não digo uma resposta incontestável, mas uma hipótese bem mais credível...

Por exemplo:

"Apreciemos o possível móbil. Neste capítulo há que apreciar um procedimento deste personagem que no texto chamava a atenção: a história conta-nos que João Horta (ou como sabemos, alguém por ele), em telefonema efectuado de Londres,para o primo, ter dito que ouviu o tiro que vitimou este e que telefonou logo para a Polícia Judiciária (PJ)". Tal informação leva à seguinte interrogação: porquê telefonar de imediato para a PJ e não antes, em primeiro lugar, para um qualquer familiar ? Não seria esta uma reacção perfeitamente normal ? E assim sendo porque não foi praticada ? Mais: Quando chegou a Lisboa "seguiu logo para a PJ, onde estivera até há pouco tempo".
Mais ainda, e mais significativo: depois de sair da PJ, segue logo -- com as suas seis pesadas malas! -- para casa do investigador, onde se alberga. Assim, a hipótese mais lógica a admitir é a de que NÃO HAVERIA OUTROS FAMILIARES ! ou seja, seria assim o herdeiro mais próximo do empresário. Não se inventa nada, a conjectura é obtida por deduções a partir de situações descritas no texto...

Comprova-se, pois, que o autor podia ter defendido melhor, de forma mais credível, o seu problema... e não só neste pormenor...
Depois, os solucionistas avaliam, muitas vezes, os problemas pelo que as soluções dos autores "dizem" e nem sempre pelo mérito que aqueles efectivamente possuem. E nem se lhes pode imputar todas as culpas...Podia apresentar muitos exemplos desta situação, e quem já teve a missão de continuadamente classificar soluções compreenderá bem o que
digo...

Está aqui, creio, um óptimo tema para um mais alargado debate futuro...
Mas sempre assim foi -- talvez por ser tradição atribuir-lhes, sempre, a pontuação máxima

luis pessoa disse...

CHAMADA AO CONFRADE QUE COMENTOU E NÃO SE IDENTIFICOU.
POR REGRA NOSSA, OS COMENTÁRIOS TÊM QUE INDICAR QUEM OS PRODUZ, PELO MENOS O PSEUDÓNIMO USADO.
DIGA-NOS QUEM É PARA PUBLICARMOS O TEXTO QUE É, DE RESTO, BEM INTERESSANTE.

Anónimo disse...

Luis Pessoa, se é assim tão interessantne o comentário e não ofende ninguém, não há mal em publicá-lo.

Deco

Anónimo disse...

Regras são regras e são para serem cumpridas.
Se condescender ma vez depois tem que condescender com todos.
Acho muito bem que o LP não publique um comentário, não identificado por mais interessante que seja.
O comentador se não ofendeu ninguém o que tem a fazer é voltar a escrever o seu comentário e enviá-lo

Rip Kirby

Anónimo disse...

O confrade Rip Kirby está zangado ou com mau feitio.
Se o que o anónimo escreveu interessa a todos e não há nada de ofensa ou má criação, acho que o Luís Pessoa pode publicar e depois acrescenta o nome quando o outro confrade o indicar. Ele pode não estar na net. A que horas foi o comentário?

Martelada

Anónimo disse...

Meu caro
Nãao estou zangado nem com mau feitiu.
Apenas saí em defesa das regras do blog e a dar razão ao LP.
Se o confrade que escreveu não está na Net a esta hora quando estiver lê e se entender identificar-se identifica-se caso contrário...
O LP não pode é publicar uma coisa anónima e depois o seu autor não se identificar. Neste caso dfe quem será aa responsabilidade.
Isto do não ofende ninguém é sempre muito relativo. Aquilo que pode parecer não ofender ninguém pode ser ofensivo para alguns

Rip Kirby

Anónimo disse...

Já agora deixe-me dizer-lhe:
De facto estou Zangado por me teer saído o Daniel Falcão na rifa

Rip Kirby

Anónimo disse...

Olá.Fui eu quem lançou aquele comentário compridíssimo e por distracção não assinei.Desculpa lá,luis.Medvet

luis pessoa disse...

Enigma decifrado!
O autor do escrito é o confrade e grande Amigo Domingos Cabral/ Zé dos Anzóis!
Cá vai:

Li, quando aqui foi inserida, a solução do 5º prob... Li, quando aqui foi inserida, a solução do 5º problema,e depois nunca aqui voltei. Perdi assim,
por culpa própria, a possibilidade de em tempo oportuno participar do debate que se lhe seguiu. Agora,apenas irei abordar um pormenor, que me parece passível de clarificação.
Antes de nele entrar,entendo dever dizer que secundo a opinião do Daniel Falcão de que o problema não é tão fraco como opinam alguns confrades -- em contraponto a outras opiniões, como a de Deco, preconizando a anulação do problema ou a atribuição da pontuação máxima a todos. A solução do autor é que não foi tão bem cuidada quanto poderia...

Vamos, então, ao aspecto a abordar,referenciado assim pelo confrade Karl Marques: "Razão para o crime:a herança ? Onde no problema se diz que ele é solteiro ? Onde no problema se diz que ele é orfão ? Onde no problema se diz que ele não tem testamento ? Onde no problema se diz que ele não tem filhos ? Como é que poderia perceber isso ?

Por sua vez na sua solução o autor explica assim a situação: ´"o móbil do crime poderá estar relacionado com a grave situação em que se encontrava a empresa do "acalorado". Horta era parte interessada na herança do primo e não concordava com as medidas de saneamento financeiro em perspectiva. A alienação do património para salvar a empresa e os postos de trabalho não lhe agradavam".
Subjectivo e pouco credível, de facto, quando assim apresentado -- até porque no problema não se fala em alienação de património, mas apenas em dispensa de três empregados... --particularmente na medida em que, no texto, existem elementos suficientes e precisos para se poder fundamentar uma melhor resposta.Não digo uma resposta incontestável, mas uma hipótese bem mais credível...

Por exemplo:

"Apreciemos o possível móbil. Neste capítulo há que apreciar um procedimento deste personagem que no texto chamava a atenção: a história conta-nos que João Horta (ou como sabemos, alguém por ele), em telefonema efectuado de Londres,para o primo, ter dito que ouviu o tiro que vitimou este e que telefonou logo para a Polícia Judiciária (PJ)". Tal informação leva à seguinte interrogação: porquê telefonar de imediato para a PJ e não antes, em primeiro lugar, para um qualquer familiar ? Não seria esta uma reacção perfeitamente normal ? E assim sendo porque não foi praticada ? Mais: Quando chegou a Lisboa "seguiu logo para a PJ, onde estivera até há pouco tempo".
Mais ainda, e mais significativo: depois de sair da PJ, segue logo -- com as suas seis pesadas malas! -- para casa do investigador, onde se alberga. Assim, a hipótese mais lógica a admitir é a de que NÃO HAVERIA OUTROS FAMILIARES ! ou seja, seria assim o herdeiro mais próximo do empresário. Não se inventa nada, a conjectura é obtida por deduções a partir de situações descritas no texto...

Comprova-se, pois, que o autor podia ter defendido melhor, de forma mais credível, o seu problema... e não só neste pormenor...
Depois, os solucionistas avaliam, muitas vezes, os problemas pelo que as soluções dos autores "dizem" e nem sempre pelo mérito que aqueles efectivamente possuem. E nem se lhes pode imputar todas as culpas...Podia apresentar muitos exemplos desta situação, e quem já teve a missão de continuadamente classificar soluções compreenderá bem o que
digo...

Está aqui, creio, um óptimo tema para um mais alargado debate futuro...
Mas sempre assim foi -- talvez por ser tradição atribuir-lhes, sempre, a pontuação máxima
Publicar Recusar (Anónimo)

Anónimo disse...

eu ontem tentei publicar ao final da tarde (18h ou 19h julgo), só que houve um problema e quando carreguei para publicar apareceu uma mensagem a dizer que tinha demorado demasiado tempo e tinha-se perdido. Não voltei a escrever tudo... julgo que se perdeu mesmo.

será esse?

Não tenho a certeza se Luís Pessoa não se refere ao comentário publicado antes do aviso dele, que me parece não estar assinado.

Karl Marques

Anónimo disse...

Boa! No momento em que mando o anterior surge o esclarecimento

Pessoa não publique nem esse nem este por favor!

Karl Marques

Anónimo disse...

No meio de tudo isto há uma questão incontroversa. A solução do autor é quase sempre má. Má porque dispõe sempre de muito pouco espaço para a explanar convenientemente e regra geral acaba por ficar preso na teia dessa própria solução.
Pelo menos isso tem acontecido frequentemente comigo, redijo a solução oficial e depois sou incapaz de,como solucionista,me libertar dela.

luis pessoa disse...

De confusão em confusão, até... à confusão geral?
Não há fome que não dê em fartura e depois de termos um comentário sem "pai", que afinal era do confrade Domingos Cabral, surgiram mais duas paternidades, da Medvet e do Karl MArques, que pelos vistos também não conseguiram comentar.
E para finalizar, há mais un comentário que vem como anónimo!
De quem será?

luis pessoa disse...

A mensagem é de hoje, às 15.18 horas.
De quem?
Diga-nos para a publicarmos.

Anónimo disse...

Meu caro
Eu creio que hoje mandei um comentário a seguir à publicação do comentário do Domingos Cabral.
Normalmente não estou com o trabalho de verificar a hortografia mas hoje pasrece que pretendi caprichar e, possivelmente, acabei por me esquecer de assinar. Não posso garantir que essa mensagem sem assinatura seja a minha mas que a que eu escrevi não foi publicada lá isso não foi.
Na ocasião eu também estava preocupado com outra tarefa e tudo junto foi no que deu;

Rip Kirby

luis pessoa disse...

Afinal era das 15.58 e era do nosso bom Amigo de Terras de Vera Cruz!
Um forte abraço

Anónimo disse...

Olá.Em baixo segue o texto do meu comentário que pelos vistos foi pelo cano.Parece que no domingo muita gente resolveu comentar ao mesmo tempo!Se achas que ainda vale a pena publicá-lo,força;se não,então suprime-o.No que me diz respeito,é a última vez que comento este problema,até porque não vale a pena “bater em cavalo morto”.Para a frente é que é o caminho!
Boa Páscoa,e beijinhos
Ermelinda/Medvet

Já agora,e falando de produção,o Zé tem toda a razão.O produtor parte de uma ideia, tipo: vamos fazer o sobrinho matar o tio pela herança,ao passo que o decifrador tem de fazer a “autópsia” do problema.É impossível ser-se completamente original,já tudo está inventado.Por exemplo,o problema do raposo,que tanto sururu causou,pode ser encarado por este prisma:e se o bloco de apontamentos tivesse neste caso,o enredo de uma novela ou romance?O tempicos andaria apenas à procura de uma personagem a quem fosse mais plausível assacar as culpas.Onde está escrito que um problema policial tem de retratar obrigatoriamente um caso policial?(quer dizer,com interrogatórios testemunhas e tutti quanti).Estou plenamente de acordo quanto à ideia de um bom problema ter apenas uma solução.E o problema do Smaluco é um bom problema,parte de uma boa ideia,mas…e aqui está o busílis:tem pouca informação a que nos possamos agarrar.Assim,a história da viagem feita por outro cai na âmbito da especulação,nem sequer sabemos se eram parecidos;por outro lado,não estou a ver um criminoso combinar com outro(que talvez até nem tivesse interesses no assunto)uma participação destas—talvez o apresentasse como uma partida porque não?Só digo que há uns anos,depois do 11/9 estive em Nova Iorque,e só faltou tirar-nos radiografia e obrigar-nos a despir.O meu passaporte ficou vermelho de vergonha,de tanto ser manuseado (e é daqueles com foto digital).É possível que em Londres as coisas não sejam, assim,mas ainda acho a ideia pouco plausível.Depois,não basta alegar que tal ou tal pessoa mentiu.Confesso que andei a ver se as alegações do Horta eram plausíveis,tipo fusos horários e coisas assim;as malas,só por si não são incriminatórias.Como sabemos se a viagem não estava já combinada e a chamada telefónica era para avisar da hora da chegada,por exemplo? Quanto ao tiro, todos sabemos que há diversos calibres,umas mais barulhentas que outras; mas também não sabemos qual foi…A maior falha deste problema tem a ver com a absoluta falta de motivo para o crime,da parte do Horta. (isto do ponto de vista de quem lê o problema). Mais uma ou duas linhas que indicassem um motivo para o crime por parte do Horta,seriam mais “honestas”.E concordo com o Daniel Falcão,quanto à intimidade (ou ausência dela) entre os primos.Eu própria tenho imensos primos que mal conheço;e mesmo os germanos que são só seis,há uns que não vejo há meses…Parti do princípio que o Horta dizia a verdade,e não há que negar que eu estava errada.Mas este problema tem muita coisa(ou melhor:não tem) que cabe no domínio da especulação.Não gosto de especulações,por vezes levam-nos muito longe.Já tenho contactado com produtores que por vezes ficam abismados com os extremos a que os decifradores chegam ,com ideias e sugestões que estavam muito longe da (deles, produtores) ideia.Melhor título para este problema era:”Um criminoso que sai do nevoeiro,tal D.Sebastião…”Quando classifico um problema,tomo em consideração o binómio problema + solução.Uma solução fraca enfraquece o conjunto.O Sete de facto considerava a solução do autor como a “base”;mas se houvesse algo no problema que apontava para outro culpado (ou se havia um pormenor importante não mencionado pelo autor)não tinha contemplações.A questão é que já são tão poucos os que dão a cara produzindo problemas que não vale a pena “massacrá-los”;para a próxima será melhor!( e desculpem lá a extensão deste comentário…)
Med vet

Anónimo disse...

O que vou agora dizer é o mesmo que era para ter posto num comentário falhado no domingo, como não deu, ainda pensei: se calhar é melhor assim. de facto hesitei bastante quando o escrevi a primeira vez, e hesitei agora em refazer o mesmo comentário.

Quanto ao problema, já disse anteriormente o que achava, respeito as outras opiniões, mas continuo a achar que a tal frase do "saber tudo" impossibilita que os solucionistas pudessem especular para além daquilo que estava claro no problema: onde se podia ir buscar o aeroporto, por exemplo? Como podia Smaluco saber isso logo? Não podia... logo, na minha opinião, quem fosse por aí estava claramente a ir contra o problema, pois o "saber tudo" impossibilitava qualquer espécie de especulação.

Mas aquilo que me fez hesitar em escrever o comentário não foi isto.

Tem a ver com a discussão em torno da produção de problemas.

Receio que aquilo que vou dizer possa parecer uma provocação, mas não é essa a intenção.

Zé-Viseu diz:
"Na classificação de produtores, eu dou sempre valorização ao enquadramento policial da chave. Para mim, um problema policiário só o é, se se basear numa situação que justifique a intervenção da autoridade policial."

(frase com a qual estou, no essencial, de acordo)

posso depreender daqui que a prova 4 deveria ser na sua opinião a pior classificada no Torneio de Produção, visto que, como disse nos comentários a essa prova, não ser um problema policiário?


Karl Marques

Anónimo disse...

O Zé-Viseu vai mesmo pô-lo no último lugar, mas no passado já classificou melhor alguns que não metiam casos para polícias e não deviam ser policiais, nem sempre epnsou assim

ABCroco

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Passei eu a ser o alvo das críticas, quando tanta gente diz o mesmo do que eu. Enfim, antes eu do que os produtores. Sem solucionistas passa o policiário. Sem produtores é que não...
Está visto - dizer o que se pensa traz coisas destas. Tenho pena que não tenham saído os resultados da minha votação para os problemas do ano passado e as justificações que dei para ela. A sério - tenho mesmo muita pena!!!...
Se alguma vez fiz isto de que me acusam, falhei(quem nunca errou, atire a primeira pedra). Cada vez penso mais o que escrevi e fi-lo só com uma intenção - alertar os produtores para o facto de qualquer chave ser passível de um enquadramento policiário.
Não tentem desmoralizar-me nem deitar-me abaixo. Não conseguem. Ando nisto há mais de 45 anos e já vi muitos (e bons) policiaristas abandonarem por causa destes "toques" pessoais. Foi na classificação do torneio do ano passado; foi agora, por uma opinião.
Mudem de rumo; eu não justifico tais ataques. Posso deixar de dar as minhas opiniões; não deixarei de concorrer, enquanto puder.
É que eu não ataco ninguém. Só defendo o policiário! Será para isso que estamos todos aqui ou para deitar abaixo quem se expõe - produzindo ou comentando?
Por mim, podem continuar. Não estou é para alimentar polémicas, quando o policiário precisa de paz e de todos. Eu não me vou embora!
Zé-Viseu

Anónimo disse...

Eu não quis atacar o Zé-Viseu, tenho muito respeito pela sua carreira no policiário, muito bem maior que a minha.
O que eu queria dizer era que on que ele diz de um problema policiário ter de ter um caso de polícia nem sempre foi assim. Houve bons problemas em que houve um mistério, uma coisa para decifrar e nem havia crimes e o Zé-Viseu também achou que eram bons.

BACroco

Anónimo disse...

Bom

Como fui eu que dei início à questão, eu procurei deixar claro que não era nenhum "toque pessoal".

Eu pedia um esclarecimento acerca de uma opinião emitida, e julgo que o fiz de forma correcta e pertinente.

Emitiu, e bem, a sua opinião, com a qual, em geral, estou de acordo. Procurei situá-la apresentando um caso concreto e recente. só isso.

Eu, pessoalmente, não consegui ainda perceber o total alcance da sua opinião, precisamente pelos comentários que deixou, na altura, na Prova 4.

Estou simplesmente a tentar perceber a sua opinião. Confesso que ainda não consegui ter a certeza se a percebi, daí a pergunta que fiz.

Karl Marques

Anónimo disse...

Eu acho que o Zé-Viseu não tem nada a explicar.
Ele disse o que pensa e se alguém não pensa como ele, não há azar. É assim mesmo que nós temos que falar e discutir, com respeito pelas opiniões de cada um.

Deco

Anónimo disse...

Não percebo qque o Zé-Viseu diga que não alimenta polémias porque aqui há só pedidos de esclarecimentos para todos percebermos o que se passa. Eu estou agostar muito destas discussões e do que o Zé-Viseu tem dito. Não deixe de comentar. Obrigado

Martelada

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Anónimo disse...

Procurando esclarecer eventual mal entendido, contactei directamente Zé-Viseu.

De forma totalmente franca e cordial esclareceu-me não ter ficado minimamente melindrado com o meu comentário, nem com a minha pergunta.

Aliás, respondeu-me, e com a sua autorização, transcrevo:
"
O facto de ter adorado resolver este enigma que me dizia tanto e ter elogiado o "atrevimento" da publicação de uma narrativa que pode ter dado a conhecer melhor Eça de Queiroz (quem o resolveu bem teve de pesquisar e deve ter aprendido alguma coisa sobre a faceta menos "simpática" de Eça) não quer dizer que o vá classificar bem no campeonato de produção. Pelo contrário! Uma coisa é um bom enigma, outra é um bom problema policiário."

karl marques