domingo, 14 de março de 2010

POLICIÁRIO 973

QUEM PARTIU O ESPELHO DO EVARISTO?


Enquanto ultimamos os resultados relativos à prova n.º 2, vamos tomar hoje contacto com a segunda parte da prova n.º 3, um problema de autoria do confrade Inspector Boavida, um dos bons produtores de enigmas.
Recordamos que já na próxima semana publicaremos aqui e no blogue Crime Público, os confrontos para a eliminatória da Taça de Portugal, ficando os nossos “detectives” a saber quem defronta quem, tendo como pano de fundo os dois desafios que integram a prova n.º 3, cuja primeira parte foi publicada na passada semana. O conhecimento do opositor directo, não sendo determinante, pode ser um factor importante para burilar melhor a proposta de solução à medida do seu concorrente directo.
Portanto, já no próximo domingo os confrontos e, mais tarde, no blogue, as classificações finais da prova n.º 2, é o cenário que aguarda os nossos confrades e “detectives” no futuro próximo.
Entretanto, fiquem com o problema do confrade residente no Porto, um dos valores bem seguros do nosso passatempo, com as recomendações habituais: leitura atenta, cuidado na avaliação dos elementos mais relevantes, muita atenção no momento de decidir qual a alínea escolhida!


CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
PROVA N.º 3 - PARTE II
O CASO DO ESPELHO QUEBRADO, de Inspector Boavida

Evaristo, o velho “baeta” da calçada de Santana, a quem chamam “o jornal de actualidades do rossio”, é um tipo muito bem-disposto, mas hoje está desolado. Ele é um dos poucos comerciantes do bairro que preservam no seu estabelecimento o “toque” de outros tempos, constituindo-se ainda hoje uma peça fundamental do xadrez social daquele recanto de Lisboa. As paredes, de um cor-de-rosa que é mesmo velho, conservam a “patine” do passado. As cadeiras, de couro gasto e metal polido, conferem autenticidade ao local. Mas é o grande espelho exposto ao fundo do estabelecimento, por onde Evaristo vê a vida passar lá fora enquanto trabalha, que dá todo o carácter ao espaço. A vida deixou de reflectir no espelho. Alguém o quebrou. É esse o motivo da desolação do barbeiro.
Quando o Evaristo se aproximou da bancada de apoio onde tem os pertences pessoais e levantou o som do pequeno televisor, cujas imagens surdas são a sua companhia de todas as horas quando não tem clientes, para ver o Jornal da Tarde, uma pedra entrou pela barbearia adentro quebrando em vários pedaços o seu estimado espelho. Preso à maldita pedra, com um fio de embrulho, voou um pedaço de papel com uma inscrição em letras irregulares de escrita infantil: “ó Evaristu tóma lá diztu”. O barbeiro não tem dúvidas quanto à autoria daquela terrível infâmia. Os quatro miúdos da Palmira levaram toda a santa manhã a maçá-lo com o arremesso de pequenas coisas, botões, caricas, estalinhos, garrafinhas de mau cheiro, ao mesmo tempo que gritavam “ó Evaristo toma lá disto”.
Informado desta ocorrência, o subchefe Pinguinhas mandou procurar os catraios e trazê-los à sua beira, para apurar quem tinha sido o responsável pelo arremesso da pedra. “Qual de vocês partiu o espelho do Evaristo?” - foi a pergunta que fez a todos eles, de chofre, assim sem mais. Manel, o mais velho, treze anos acabadinhos de fazer, admitiu que ele e os irmãos tinham andado a atirar coisas para a barbearia, mas insistiu nada ter a ver com aquela história do espelho. Zeca, o mais traquina, pouco menos de doze anos, também disse nada saber do espelho, mas confessou ter chateado o velho “baeta” durante boa parte da manhã. Quico, o mais novato, quase a fazer sete anitos, jurou a pés juntos nada saber do espelho. Beto, nove anos bem medidos, afinou pelo mesmo diapasão dos irmãos.
Os miúdos estavam aterrados. Eles sabiam muito bem que aquilo de que eram suspeitos não seria suficiente para serem presos, caso viessem a ser acusados. Além disso, o subchefe Pinguinhas era uma boa alma, incapaz de fazer algo que os pudesse molestar a valer, ao contrário do Jaquim, o pai dos catraios, um homem de muitos músculos e poucos miolos, mas honrado como poucos, que era bem capaz de “premiar” os filhos com uma valente sova se viesse a tomar conhecimento daquela ocorrência. Percebendo a aflição dos rapazes, bem visível no mais velho, a tremer que nem varas verdes, agarrado aos irmãos como se quisesse protegê-los a todos num único abraço, Pinguinhas apenas ousou fazer mais uma pergunta: “onde é que vocês andaram, desde manhã até agora?”
Manel respondeu que andou na rua até perto das onze, seguindo depois para o Mercado onde a mãe trabalha. Zeca adiantou que não largou o irmão mais velho até agora. Quico contou que estivera quase toda a manhã na rua, mas que à hora em que partiram o espelho do Evaristo estava em casa a comer a sopa que a mãe deixara no frigorífico. Beto, por sua vez, disse não saber exactamente a que horas terá ido comer, sendo certo que, quando chegou a casa, já lá estava o Quico. De uma coisa ele está seguro: depois de deixarem de chatear o barbeiro, foi jogar à bola com a malta da Mouraria para o Castelo de São Jorge. O subchefe Pinguinhas sorriu. Neste momento, ele já sabia qual deles tinha sido o autor da pedrada que deu cabo do espelho do Evaristo. E você, meu caro “detective”, o que acha?

A - Foi o MANEL
B - Foi o ZECA
C - Foi o QUICO
D - Foi o BETO


E pronto!
Agora é tempo de preparar as respostas às duas partes da prova n.º 3, para que impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Março, nos sejam enviadas, por um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Recordamos, também, que o texto deste desafio estará disponível no nosso blogue Crime Público, bem como no Clube de Detectives, a página do confrade Daniel Falcão.
Boas deduções!




TERTÚLIA DA LIBERDADE

Prosseguem as actividades da TL, desde logo com a realização mensal dos tradicionais almoços, sempre na primeira quarta-feira, no restaurante do Museu do Teatro, paredes-meias com a Igreja do Lumiar, cujo parque de estacionamento permite que quem se desloca em viatura própria encontre facilmente onde a deixar.
Entretanto, prepara-se o convívio policiário, apontado para o final do mês de Maio, como sempre com a expectativa de um certame muito original e recheado de bons motivos, esperamos que com a presença em boa forma do confrade Rui Mendes, um dos Búfalos Associados, que foi sujeito a uma intervenção cirúrgica a um joelho e do confrade A. Raposo, parte de outra dupla “caseira”, A. Raposo & Lena que aparece em excelente forma, depois dos problemas de saúde que fomos reportando aos nossos leitores, como o atesta o problema publicado na passada semana e a prometer muito mais!
Atenção, pois, aos novos desenvolvimentos, aqui, no blogue Crime Público ou na página Clube de Detectives, do confrade Daniel Falcão.





Coluna do “C”

FALTAM 26 SEMANAS PARA A EDIÇÃO 1000

A época 2004/2005 foi, uma vez mais, empolgante em termos competitivos, com muitos “detectives” a lutarem pelos lugares mais cimeiros das diversas classificações e com incerteza até ao último momento. No campeonato nacional, um elevado número de participantes lutou até final pelo título, mas apenas um terceto terminou empatado com o máximo de pontos, valendo como desempate o critério dos pontos especiais, atribuídos prova a prova às soluções consideradas melhores. Foi o saudoso Dic Roland, confrade de Vila Nova de Santo André, sempre presente em todos os nossos eventos, quem se sagrou campeão nacional, deixando os dois outros lugares no pódio aos confrades Zé dos Anzóis (actual Inspector Aranha), de Santarém e A. Raposo, de Lisboa, respectivamente segundo e terceiro classificados.

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