domingo, 25 de abril de 2010

Policiário 979

Neste Abril de “águas mil”, depois das emoções das últimas semanas e enquanto aguardamos pela publicação dos resultados da prova n.º 3, que irão surgir no nosso blogue Crime Público (http://blogs.publico.pt/policiario) dentro em breve, vamos relaxar um pouco, com alguns apontamentos sobre efemérides policiárias deste mês.


JACQUES FUTRELL





O mês de Abril fica marcado na vida do escritor norte-americano Jacques Futrelle, uma vez que nasceu no dia 9, do ano de 1875 e morreu a 15, do ano de 1912, em pleno Atlântico, vítima do naufrágio do célebre Titanic, portanto, aos 37 anos de idade.
A sua morte trágica, na viagem inaugural do mais poderoso e luxuoso navio jamais construído, pôs termo à ascensão de um escritor apontado como uma das mentes mais brilhantes do romance policial, de quem muito se esperava.
O seu principal detective foi o Professor Augustus S. F. X. Van Dusen, mais conhecido como a “Máquina Pensante”, que protagonizou as histórias mais famosas, em cerca de 50 contos, uma novela e um romance.
O seu conto mais famoso é, sem dúvida, “O Problema da Cela n.º 13”, em que, curiosamente, não há crime nem mistério a sério! Na verdade, tudo começa num desafio lançado pela Máquina Pensante a um grupo de amigos, em como era capaz de fugir do “corredor da morte” de uma penitenciária de alta segurança, em apenas uma semana, pedindo apenas, à entrada, sapatos bem engraxados, pó para lavagem dos dentes, uma nota de 5 dólares e duas de 10!
Sem qualquer crime nem mistério, uma vez que todos os leitores já sabiam o que ia acontecer, Futrelle desenvolveu uma série de situações interessantes que conduziram a uma resolução correcta da situação, cumprindo a Máquina Pensante a missão a que se propôs.
Tratando-se de um seguidor dos mistérios brilhantemente expostos por Edgar Allan Poe, Futrell não teve tempo para colocar em letra de forma toda a imaginação e talento que se lhe adivinhavam. Não conseguindo trepar à galeria dos “deuses” do policial e do mistério, garantiu, claramente, um lugar de destaque numa segunda linha de “imortais”.


S. S. VAN DINE




Em 1939, dia 11, morreu em Nova Iorque, Wilard Huntington Wright, um norte-americano crítico literário no “Times” de Los Angeles, com vastas competências em antropologia, etnografia e arte. Nascido em Charlottesville a 15 de Outubro de 1888, não foi por essa sua faceta que ficou conhecido e hoje é lembrado, mas sim por ser um dos mais brilhantes escritores policiais da sua geração, depois de, em 1926 e na sequência de prolongada convalescença, ter lido imensa documentação sobre criminologia e ficção policial, que serviu para escrever “O Caso Benson”, a que se seguiu, em 1927, “A Morte da Canária”, um enorme sucesso, que lhe permitiu escrever e publicar algumas das suas melhores obras: “A Morte Sangrenta”, em 1928; “Os Crimes do Bispo”, em 1929, “O Crime do Escaravelho”, em 1930.
Philo Vance é o seu detective de eleição e figura principal, um pouco arrogante, muito culto, perito em muitas áreas, verdadeiramente um símbolo do investigador da primeira metade do século XX.
Já no fim da sua vida, S. S. Van Dine publicou as “Vinte Regras para escrever Romances Policiais”, uma espécie de cartilha para candidatos a escritores, ainda hoje referida, com as naturais reservas que o tempo coloca em todas as coisas.



LESLIE CHARTERIS




Foi no dia 15 de Abril de 1993 que desapareceu, em Windsor, Berkshire, um dos primeiros escritores que conseguiu fazer a sua carreira com o apoio importante do cinema e da televisão. Falamos de Leslie Charles Bowyer-Yin, nascido em 12 de Maio de 1907, em Singapura, filho de pai chinês e mãe inglesa.
Na verdade, foi o seu principal detective Simon Templar, mais conhecido por “The Saint” (O Santo), quem preencheu a imaginação de milhões de jovens e menos jovens através dos episódios aventureiros e bem dispostos, que corriam nas televisões de todo o mundo.
A sua primeira aparição ocorre em 1928, no terceiro romance intitulado “Meet – The Tiger!”, mas o próprio Charteris acaba por renegar esse início e referir sempre que a criação do seu mais emblemático personagem ocorreu em 1930, na obra “Enter the Saint”.
Vivendo nos Estados Unidos, foi publicando as suas “short stories” e escrevendo para a Paramount Pictures até que, ficou impedido de aí residir permanentemente, por causa da “Chinese Exclusion Act” (Acta de Exclusão Chinesa) que determinava que quem tivesse 50% ou mais de sangue chinês não podia fixar residência permanente no país! Foi forçado, por isso, a renovar o visto de permanência de 6 em 6 meses até obter uma autorização personalizada do Congresso, para si e a para a sua filha, concedendo-lhe o direito à fixação de residência e a possibilidade de naturalização.
Enquanto continuava a escrever sobre O Santo, escreveu episódios radiofónicos sobre Sherlock Holmes, nos anos 40 do século XX.
Foi já nos anos 60 que o seu êxito se manifestou com a máxima força, quando os episódios da série televisiva “The Saint” se tornaram no programa mais visto em Inglaterra, com o actor Roger Moore no papel de Simon Templar, numa simbiose perfeita, ao ponto de parecer que o personagem havia sido feito à medida do actor e não o contrário!


W. STRONG ROSS



A 1 de Abril de 1980 desaparece o escritor W. Strong Ross, autor de livros como Cemitério Sem Cruzes, de 1956, A Ciência do Monstro, de 1959, A Morte Escolheu, de 1962 ou Fantasmas no Espelho, de 1971.
O que muita gente desconhece é que se trata de um escritor português, que à semelhança do que era usual na época, adoptou nome anglo-saxónico, condição quase obrigatória para poder publicar e vender.
Francisco Valério Borrecho de Rajanto de Almeida e Azevedo, era o verdadeiro nome deste poeta, escritor, dramaturgo, filósofo e publicista, nascido em Chancelaria, Alter do Chão, em 18 de Dezembro de 1888, apenas alguns meses do nascimento de Fernando Pessoa, com quem partilhou o gosto pelo mistério e pelas novelas policiárias.
O seu personagem policial, o Inspector Ryan, é um investigador sagaz, capaz de bons raciocínios e certeira análise das situações.
Para além da sua obra policial, que inclui mais de uma dúzia de títulos, sobretudo na Colecção Criminalidade, da Coimbra Editora, em edições esgotadíssimas e jamais reeditadas, fez uma incursão no reino da espionagem, em 1967, publicando A Escalada dos Espiões, para além de vasta obra de outros géneros literários, com particular destaque como dramaturgo.




Coluna do “C”



FALTAM 20 SEMANAS PARA A EDIÇÃO 1000


A época 2006/2007 teve a novidade dos campeonatos nacionais, de decifração e de produção, apenas contarem com 8 provas, em vez das 10 tradicionais, numa tentativa de tornar a competição menos complexa, uma vez que o contínuo crescimento de participantes, a rondar já os dois milhares, tornava praticamente ingovernável este imenso “barco”.
A competição foi, como sempre, muito renhida e só sobre a linha de meta se decidiu, autenticamente ao “sprint”, o novo campeão nacional na modalidade de decifração, o confrade bracarense Daniel Falcão, seguido de muito perto pelo Zé-Viseu e pelo Inspector Boavida, que ocuparam os dois lugares de honra, pela ordem indicada.
Destaque, igualmente, para os confrades que completaram a lista dos “10 Mais” da época, Onaírda, Zé dos Anzóis, Rip Kirby, Nove, Búfalos Associados, A. Raposo & Lena e Arnes.

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