segunda-feira, 30 de agosto de 2010

POLICIÁRIO 997

MÊS DE FÉRIAS E DE RECORDAÇÃO

O mês de Agosto transporta-nos, invariavelmente para as férias, para o mar, para aquilo a que vulgarmente chamamos as coisas boas da vida.
Em termos de Policiário recente, o mês de Agosto tem a marca indelével do desaparecimento de dois confrades, duas referências, tal o rasto que deixaram no nosso passatempo e em todos os que tivemos o privilégio de com eles convivermos:
Os confrades Dic Roland e K.O.


DIC ROLAND (n. 1921.04.11, f. 2006.08.09)

Este nosso confrade apareceu no Policiário com a nossa secção. Leitor do PÚBLICO desde o primeiro número, como fazia questão de frisar, cedo foi atraído pelos desafios policiais e desde logo neles se embrenhou.
Com uma vida riquíssima e cheia de episódios, de que se destacam os passados na Índia, onde chegou a ser comandante da polícia em Goa, até à sua fixação junto de Castelo Branco, onde era gerente de uma unidade hoteleira, nos primórdios da sua participação no Policiário, tendo depois passado pelo Fratel, até se fixar em Vila Nova de Santo André, Dic Roland era, podemos dizê-lo sem exagero, um “Cavaleiro Andante” do Policiário, percorrendo o país de lés a lés, para onde houvesse um acontecimento, fosse ele qual fosse: campeão dos convívios, presença certa nas reuniões da Tertúlia da Liberdade, sempre pronto para dois dedos de conversa ou para a discussão de qualquer caso mais intricado!
Dic Roland vivia o “seu” Policiário com uma intensidade única e eram inúmeros os telefonemas para nos dar a conhecer factos erradamente transmitidos, ou gralhas que alteravam o sentido das coisas, ou a confirmar o envio das soluções dos enigmas…
O seu apurado gosto pelo convívio ficou sempre amplamente documentado nas realizações em que se empenhou. Na estalagem junto à Barragem do Fratel, de que era gerente na altura, com almoço e passeio por Nisa, na companhia do Presidente da Câmara da vila alentejana e visita das termas da Fadagosa. Nos convívios do litoral alentejano, já a partir de Santo André, onde fundou uma tertúlia, com os confrades Vilnosa e Sinid Agiev e que tinham sempre uma componente cultural e lúdica a não desprezar. Houve safaris no parque temático Badoka Park; houve buscas nas praias do litoral alentejano, à procura da prova necessária para a decifração de mais um caso; houve visita às ruínas da cidade romana de Miróbriga, em Santiago do Cacém…
Dic Roland foi um “detective” completo: Foi campeão nacional, conquistou a taça de Portugal, foi policiarista do ano, comandou o ranking, esteve em todos os acontecimentos importantes da nossa história, foi um mestre na arte de saber conviver.
Realmente, quatro anos volvidos sobre o seu desaparecimento físico, cada vez notamos mais a sua ausência, sinal evidente que a sua marca ficou presente, quer em todos os que o conheceram e com ele privaram, quer naqueles que apenas tiveram oportunidade de lerem os seus problemas ou soluções.



K.O. (n. 1939.01.06, f. 2007.08.24)


“Fruto, talvez, de um certo envelhecimento do Policiário, pelo menos no que diz respeito aos confrades que normalmente ocupam o topo das classificações, no período de um ano passámos pela rude experiência do desaparecimento de alguns dos nossos Amigos e, ao mesmo tempo, “monstros sagrados” deste passatempo singular.
Podíamos seguir a táctica da avestruz e ignorarmos.
Podíamos levar até aos nossos leitores os torneios, as classificações, sem mais. Podíamos aplaudir vencedores sem rosto...
Mas, no Policiário não é assim. Nunca foi e nunca será enquanto por cá andarmos.
No Policiário nós queremos muito mais, queremos conhecer as pessoas, queremos ter um rosto associado a cada pseudónimo, queremos que todos os leitores e concorrentes sejam, também, confrades, companheiros de viagem, que partilhem connosco o prazer de decifrar enigmas e de conviver.
Nos últimos dias, foi o confrade Arlindo Matos, o KO, que se despediu do nosso convívio, depois de um período atribulado, de avanços e recuos face à doença que o atormentava.
Foi no dia 24 de Agosto que o confrade e Amigo Nove nos transmitiu a dolorosa - e já esperada – notícia:
- O K.O. faleceu!

Conhecemos o K.O. logo no início deste nosso espaço, no ano de 1992. Era já um policiarista antigo, que andara por muitos dos acontecimentos mais marcantes da nossa actividade e que naquele momento regressava “a casa”, à sua casa Policiária.
Decifrador de elevada craveira, entusiasta do Policiário, desde logo se destacou pelas soluções elaboradas que produzia, ao ponto de serem muitas as vezes em que combinava connosco um encontro no parque de estacionamento de um hipermercado no Cacém, para entregar um “embrulho” que continha a sua proposta de solução, à tarde, quando ele regressava a casa em Mem Martins, vindo da “sua” escola, onde leccionava e fazia parte da direcção.
Vencedor por natureza, K.O. acumulou títulos e prémios, espalhou a sua simplicidade, simpatia e entusiasmo por todos os locais por onde o Policiário passou, deixando um rasto de admiração pelas suas qualidades, muito bem secundado pela sua inseparável mulher, a D. Isaurinda, sua verdadeira “alma-gémea” em tudo, sendo difícil encontrar duas pessoas tão completas, tão Amigas dos seus Amigos, tão interessadas com o bem estar de todos à sua volta!...
Não são palavras de circunstância que nos levam a dizer que o Policiário ficou bem mais pobre. Há um vazio físico que fica, mas atenuado pela certeza de que todos nós ficámos bem mais ricos com o tempo que pudemos usufruir na sua companhia.”

Este texto foi publicado logo após a morte do confrade K.O. e traduzia a enorme sensação de perda do Policiário.
Hoje, três anos passados, registamos que o sentimento se mantém inalterado, tal como com o confrade Dic Roland. O nosso “Mundo Policiário” tem a sensação de que todos os nossos confrades e amigos continuam connosco nesta luta diária pelo desenvolvimento do passatempo que elegemos como nosso.
O exemplo do confrade K.O., na busca da perfeição, na procura do tal pormenor que fazia a diferença, que o conduziu aos lugares mais cimeiros das nossas classificações, é hoje plenamente actual.
O K.O., presença assídua e constante em todos os acontecimentos policiários, com a sua “metade” Isaurinda, pertence ao restrito número dos nossos Maiores e será recordado pelo seu exemplo de luta, também contra a doença que o minou. Poucos dias antes de falecer, telefonou-nos para saber se passara numa eliminatória da Taça de Portugal…



REGRESSO À COMPETIÇÃO

No próximo domingo será publicada a penúltima prova das competições desta época. Entramos, assim, na recta final que vai consagrar os confrades que forem mais completos ao longo de toda uma época.
Chamamos a atenção dos nossos “detectives” para a necessidade de cumprimento total dos prazos estabelecidos, de forma a podermos, também nós, cumprir os nossos, encerrando os torneios a tempo e horas!








COLUNA DO “C”


FALTAM 2 SEMANAS PARA A EDIÇÃO 1000


A Tertúlia Policiária de Coimbra (TPC) marcou o início de uma diferente relação do Policiário com uma associação cultural, o Ateneu de Coimbra. Reunindo na sua sede, a cooperação foi sempre excelente, culminando na edição do boletim “Intelecto”, que durante alguns anos chegou a casa de quem o solicitou. O convívio de Coimbra é também uma tradição, com o aliciante de ser local para distribuição dos prémios da nossa secção.
A Tertúlia Policiária do Norte (TPN) é uma das mais pujantes, a nível das realizações. Durante alguns anos em colaboração com o Município da Maia, editou o boletim “Lidador… Das Cinzentas”, organizou concursos de contos, colóquios e convívios, deu passos seguros e importantes na concretização do Arquivo Nacional da Problemística Policiária, tarefa que prossegue, mesmo após o “divórcio” com a autarquia.

1 comentário:

Anónimo disse...

É honroso para nós recordarmos os nossos confrades já falecidos. Honroso porque demonstramos que pelo menos dentro de nós, no nosso coração, eles continuam vivos. E não são só o Dic Roland, o KO ou o Sete de Espadas, mas muitos outros também.
Agora o que é de fazer doer o coração é tratar como se estivessem mortos alguns confrades que ainda estão vivos e que muito nos acompanharam.
Não sito nomes mas para todos eles o meu abraço
Rip Kirby