domingo, 17 de outubro de 2010

POLICIÁRIO 1004

Chegamos ao fim da nossa época competitiva, com a publicação do derradeiro desafio. Foi uma competição importante, para além das razões habituais, também por ter decorrido dentro dos prazos que foram definidos, sem grandes sobressaltos ou hesitações.

É evidente que não foi uma época perfeita, nunca foi nem será, certamente, há sempre algumas coisas para corrigir e para essa tarefa contamos, como sempre, com a ajuda dos confrades, fazendo sugestões, apontando deficiências.



Depois de alguns anos em que as coisas não correram da melhor forma, com problemas informáticos e acumulações de erros e atrasos, é gratificante que tivéssemos podido levar a cabo uma competição com 20 desafios, distribuídos ao longo de 10 meses, com prazos bem definidos e cumpridos, com classificações sabidas a tempo e horas – ainda com algumas pedrinhas na engrenagem.

Por outro lado, registamos a consolidação do blogue CRIME PÚBLICO, sempre disponível em http://blogs.publico.pt/policiario, no apoio aos “detectives”, que muito contribuiu para o alívio da secção, que pôde largar, em definitivo, o flagelo das imensas listagens classificativas.







CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL



PROVA N.º 10 – PARTE II



“MORTES NA ESTRADA” - Original de RODOVIÁRIO



Aquela última semana de Outubro estava a ser particularmente penosa para todos os que tinham por obrigação andar na estrada, quer rumo aos seus empregos, quer levando os filhos às escolas, por culpa dos temporais que se abateram sobre a região.

O automóvel rasgou a escuridão, deu uma reviravolta e precipitou-se na ribanceira que se abria à sua direita.

Logo se gritou, nos jornais de segunda-feira, a existência de mais umas vítimas do mau tempo, esse criminoso de costas largas, onde cabem todas as barbaridades de condutores idiotas, incapazes de fazerem as viaturas andarem ao sabor das condições climatéricas e outras.

Com o caso quase encerrado, um pequeno orifício em cheio no relógio da viatura, despertou a atenção do agente, que confirmou ser de um projéctil, que imobilizou os ponteiros do relógio analógico, à 1h.44. No outro lado da estrada a polícia recuperou 4 cápsulas de munições 6.35 mm.

O relógio da condutora, estilhaçado em muitos pedaços, assinalava 1h.45.

Coincidência, ou talvez não, nas revoluções que a viatura deu, todos os vidros ficaram estilhaçados e as três ocupantes ficaram irremediavelmente condenadas à triste estatística de vítimas mortais. Não chegaram a embarcar no avião das 4h50 para que tinham bilhetes. Poucos minutos antes, a condutora fizera uma chamada telefónica para casa, dizendo à mãe que já iam a caminho do aeroporto, onde 3 horas depois embarcariam para umas férias.

Nos dias seguintes, os resultados das autópsias revelaram as causas das mortes: múltiplos traumatismos, ferimentos vários causados pelas reviravoltas da viatura, mas nenhum facto anómalo que pudesse conduzir a uma acção criminosa.

Mas o nosso agente continuava com o pequeno orifício causado pelo projéctil e as cápsulas encontradas, às voltas…



Alguns dias depois, o agente estava embrenhado em outros casos quando o seu colega espreitou pela fresta aberta da porta e lhe comunicou que estva um sujeito na recepção a pedir para falar com ele.

Era um homem de pequena estatura, com algum peso a mais e algo desengonçado, que o agente depois veio a saber que era por causa de uma deficiência que tinha numa perna, sendo obrigado a usar uma prótese.

- Em que posso servi-lo? – Perguntou o agente.

- Senhor agente, quero confessar um crime!

- Um crime? Que crime foi esse?

- Eu sei que foi o senhor que esteve no despiste de um carro em que morreram três pessoas… Fui eu o culpado, não queria que acontecesse, mas aconteceu…

- Como é que se chama?

- Ambrósio, senhor.

- Então conte lá…

- Ora, senhor agente, sabe como é, eu ainda sou do tempo das célebres “febres” e como é a única noite que tenho livre, vou beber uns copitos, mas não diga nada à minha mulher, que era um sarilho. Digo-lhe sempre que vou trabalhar para ganhar mais uns cobres… Naquela noite estive a beber uns copos no Super Bar e já estava um bocado tocado quando resolvi ir dar uma volta, para respirar ar fresco.

- Esse Super Bar é aquele que fica na curva do pinheiro, é isso?

- Sim, senhor.

- Ainda fica longe do local do despiste. Como é que foi para lá?

- A pé, senhor, quando vou beber uns copos, ando sempre a pé.

- Com o seu problema nessa perna, não é muito fácil fazer uma distância tão grande. Demorou quanto tempo?

- Ó senhor agente, não sei bem, para aí uma hora, compreende, já estava um pouco turvo…

- Está bem, mas o que é que fez?

- Ao chegar ao local de despiste, deu-me para fazer pontaria às árvores, com a minha pistola. Dei alguns disparos e não dei conta da aproximação de um carro, que passou na minha frente. Juro que não dei conta e não queria fazer nada daquilo, eu nem conhecia nenhuma das pessoas que lá iam, juro! Quando dei o tiro é que vi o carro a passar à minha frente e logo depois sair da estrada…

- Não prestou auxílio às vítimas?

- Nem pensei nisso, desatei a fugir, nem sei por onde andei, mas agora não podia mais com os remorsos.

- O que fez à arma?

- Não sei, senhor agente, não me recordo, não sei mesmo. Mas tenho licença dela, está aqui…

O agente pegou no documento que referia uma pistola de calibre compatível com o tal orifício que encontrou no relógio da viatura e com as cápsulas. Em cima da mesa caiu uma factura que o Ambrósio tentou arrecadar de novo, mas que o agente, mais lesto, pegou. Era uma factura processada por computador, do Super Bar, com um consumo elevado de cervejas, datado do dia do despiste e com indicação da hora: 1h.40.



O agente retirou-se por uns momentos, reviu mentalmente os factos, antes de reentrar no compartimento.



A- O homem não podia ter nada a ver com o assunto;

B- O homem esteve naquele local à hora do desastre, mas nunca poderia ter feito os disparos;

C- O homem nunca poderia estar naquele local, àquela hora, mas foi o autor dos disparos;

D- O homem podia estar a relatar a verdade.



E pronto.

Agora é tempo dos nossos “detectives” se debruçarem sobre este problema, o último das nossas competições desta época, após o que deverão enviar a proposta de solução, indicando a alínea da sua preferência para solucionar o caso, para o que poderão usar um dos seguintes meios, impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Outubro:



- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;

- Por e-mail para policiario@publico.pt;

- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;

- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.



Boas deduções!

















COLUNA DO “C”







UM CASO DE POLÍCIA



Entre 7 de Outubro e 15 de Dezembro a Biblioteca Municipal Camões, no Largo do Calhariz, em Lisboa, com a Polícia Judiciária, vão mostrar como se resolve um caso de polícia. Uma exposição sobre as técnicas laboratoriais de investigação policial, sugestões de livros policiais, debates e troca de ideias.





PROGRAMA GERAL



Exposição Cena Criminal em Laboratório, de 7 Outubro a 15 Dezembro, com intervenção, também, do Laboratório de Polícia Científica, do Museu da Polícia Judiciária e do Museu da Farmácia.



Escrita à Lupa

Encontro com Escritores

27 Outubro às 14h30 - Eduardo Sucena

10 Novembro às 14h30 - Ester Silva

24 Novembro às 14h30 - Rui Araújo





Policial à mesa

7 Dezembro às 15h

Encontro com escritores de literatura policial.



Com entrada gratuita, um programa a não perder!

Sem comentários: