sexta-feira, 20 de maio de 2011

O GOSTO DO MISTÉRIO




O TORNEIO DE PROBLEMÍSTICA POLICIAL «DICK HASKINS», foi o último certame levado a efeito nas páginas da revista FLAMA, e ficaram por revelar as soluções dos problemas n.º 9 e n.º 10, que a seguir reproduzimos, para que os interessados nos enviem uma solução por si elaborada, nas condições aconselhadas na JARTURICE que os acompanha.

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TORNEIO DE PROBLEMÍSTICA POLICIAL «DICK HASKINS»
Problema n.º 9

COMEÇOU NO TÉNIS -  Original de: «FORCA»

Publicado em:  FLAMA # 684 (14.04.61)


Num campo de ténis, encontravam-se Berta Hemingway, Manuel Saraiva, ex-noivo de Berta, e Júlia de Castro, prima de Berta e ex-noiva do marido desta, John Hemingway, de quem gostava ainda.

Enquanto Berta e Manuel jogavam, fora do recinto e um pouco afastada, Júlia entretinha-se a ler. Berta vestia uma camisola branca, uns calções brancos e sandálias brancas (ela gostava muito do branco). Manuel vestia uma camisola aberta, encarnada, e umas calças brancas.

Estavam ambos muito entretidos a jogar, quando se aproximou Júlia que, tendo-se aborrecido de estar a ler, se lembrara de ir convidar os seus amigos para irem tirar algumas fotografias com a sua máquina.

Aceitaram logo o convite, mas Berta pediu que eles esperassem que ela voltasse de ir a casa chamar o marido. Júlia e Manuel concordaram. Berta foi para casa. Júlia ficou a ler e Manuel foi passear, tendo os três combinado encontrarem-se meia hora depois, no mesmo local.

Júlia e Manuel estiveram à hora marcada, e enquanto esperavam por Berta entretiveram-se a conversar. Passaram dez minutos… quinze… vinte… trinta… uma hora. Estranhando esta demora, visto que bastariam vinte minutos para que Berta fosse a casa e voltasse, resolveram telefonar para casa dela. Atendeu o marido que, à pergunta de Júlia, respondeu que sua esposa ainda não tinha chegado.

Já em cuidado, Júlia e Manuel resolveram ir até casa de John Hemingway, onde o encontraram muito aflito pela demora da esposa. Manuel lembrou-se de irem todos os três até ao «court», pelo caminho que Berta costumava usar para ir do campo até casa e vice-versa.
Iam mais ou menos a meio do trajecto, quando John saiu do caminho para ir apanhar o lenço que trazia ao pescoço e que tinha voado até ir cair no meio do relvado. De repente, ouviu-se um grito. Júlia e Manuel olharam, e viram John agarrar-se a um arbusto para não cair no chão, porque as pernas negavam-se a sustê-lo.

Correram. Ali estava Berta estendida no chão. A camisola suja de sangue vindo dum golpe no pescoço, que parecia originado por um punhal. Os calções estavam amarrotados e os sapatos sujos de lama.

Chamado o Inspector FORCA, obteve este os seguintes depoimentos, referentes ao tempo que passou depois de Berta ter ido encontrar-se com o marido.

De Júlia: «Quando Berta se afastou de mim e de Manuel Saraiva, fiquei a ler «O Vale dos Fantasmas», de Edgar Wallace, enquanto Manuel ia passear. Passados vinte e cinco minutos, Manuel regressou e juntos esperámos por Berta».

De Manuel: «Deixando Júlia a ler, fui dar um passeio. Tirei algumas fotografias, e quando achei que eram horas de voltar, vim-me embora».

De John: «Eu não soube de nada, senão quando me telefonaram. Fui com eles (e apontou para os amigos da esposa) à procura da Berta e… » Não pôde acabar. Rompera num choro convulsivo.

Mandado revelar o rolo das fotografias tiradas por Manuel, verificou-se que duas eram de fases do jogo entre Berta e Manuel; uma representava Júlia e Manuel sentados num banco, a conversarem, e as restantes fotografias eram referentes a paisagens.

Na posse das fotografias que foram tiradas à vítima, por Manuel e por fotógrafos da Polícia, e ainda das declarações dos suspeitos, FORCA deteve um deles para interrogatório mais pormenorizado.



PERGUNTA-SE:

Quem foi detido por Forca?

Em que baseia as suas afirmações?

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TORNEIO DE PROBLEMÍSTICA POLICIAL «DICK HASKINS»

Problema n.º 10

INSENSIBILIDADE - Original de: MASSA CINZENTA

Publicado em: FLAMA # 687 (05.05.61)

Senti um arrepio gélido percorrer-me todo, quando passei o umbral daquela severa mansão. Logo após o vestíbulo, o espectáculo que se fixava na minha retina encadeada, fez-me passar em revista, de memória, a dezena de livros policiais que, confesso, me encheram com proveito horas de lazer.

Então, senti-me indignado contra aqueles que pregoam o cepticismo, a desesperança, a insensibilidade do homem. Como em filme, passavam, qual espectros, no «écran» do meu cérebro, os rostos duros e sempre imperturbáveis dos «detectives-tarzans», e dos rotundos inspectores de complexas investigações criminais.

Não, não podia ser verdadeira essa apatia tão monstruosamente apática, que sempre demonstram tais personagens romanescos perante o território da morte. Esse espectáculo, muitas vezes fruto do crime, deveria fazer estremecer sem vergonha homens – HOMENS – tanto mais confrangedoramente quanto mais repetido.
O morto permanecia recostado no espaldar da cadeira, junto da secretária. Da lapela do casaco, escorriam gotas de sangue para o chão, canalizadas através dos sulcos anavalhados que lhe aravam a pele morena do pescoço, arrepiado na rigidez da morte. O propósito de um fim doloroso, via-se em cada fenda da carne que o assassino rasgara. Morte provocadoramente angustiosa, corrente eléctrica a contrair-lhe as carnes, por cada carícia da lâmina no negrume da pele… e uns últimos momentos de vida para pensar…

O tampo da pesada secretária de pau-ferro, apresentava-se coberto por uma placa de vidro grosso, impecavelmente limpo de pequenos papéis ou manchas. Sobre ele, um bloco agenda e um lápis quebrado ao meio, acompanhados duma série de objectos colocados no lado oposto do rectângulo. Tudo banal, tudo terrivelmente banal e cobarde. Modo humilhante de desaparecer da terra, que nem sequer chega a ser martírio!

Essa série de utensílios comuns e aparentemente sem significado, perfilava-se num curioso desfile ordenado: Uma régua de vinte centímetros, uma moeda de cinquenta centavos, um rolo de fita-cola e um botão de casaco. Havia depois um considerável espaço, alinhando-se em seguida uma caneta, ao comprido, e uma estreita tira de papel dobrada ao meio, no sentido horizontal.

Tudo tão metódico, tudo tão simples… e tudo tão horrível! Hipocrisia, também.

Dos «insuspeitos», dois cidadãos exemplares, incapazes de tal crueldade. Sinceros amigos de ocasião, um deles tinha que ser forçosamente o assassino.

Bernardo Marques e Roberto Teixeira…

Loucura, «champagne», «rock n’roll». Bernardo, Roberto, sangue…

Tudo isto, indistintamente, sem saber porquê, rodopiava no meu cérebro, desvairadamente, sempre à roda, rodando sempre, até que qualquer coisa de mais nítido se foi aproximando da amálgama amorfa deste vermelho e negro pano de fundo, até chegar à boca de cena.

Uma faísca brotou, então, no meu cérebro, com este contacto tão frio dentro do quente… E depois, estava encontrada a solução para o caso.


PERGUNTA-SE:

Admitindo que a disposição dos objectos expostos foi feita pela vítima, com a intenção de acusar o criminoso, quem terá sido este?

Porquê?

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NOTA:

Este problema policial foi o último publicado na secção, que só publicaria, daí a duas semanas, a solução oficial do problema n.º 8.

Assim, ficaram no segredo dos deuses, as soluções dos dois últimos problemas policiais que O GOSTO DO MISTÉRIO deu à estampa, antes de sucumbir, no n.º 689 da revista FLAMA, em 19 de Maio de 1961.

Cá fica, pois, lançado o repto aos leitores, para se obterem as soluções em falta, necessárias para o nosso ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA.
É para a decifração destes dois problemas que o JARTUR desafia os amigos e o seu envio, até ao dia 19 de Junho para jarturmamede@aeiou.pt.


A melhor solução de cada um dos problemas, será premiada com um livro de “DICK HASKINS”, e será considerada para o ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA.

Com as melhores saudações policiárias do
JARTUR
jarturmamede@aeiou.pt

1 comentário:

Anónimo disse...

Soluções até 19 de Junho!
Um abraço