segunda-feira, 28 de novembro de 2011

POLICIÁRIO 1062

Na continuação do trabalho que foi publicado no ano de 2006 no Jornal de Letras, a segunda parte refere-se mais à literatura policial portuguesa e ao modo como por cá se seguiam (ou não) as tendências dominantes.
Para quase todas as pessoas que se interessam por estas coisas do romance policial, não deixa de ser uma surpresa que um país tão limitado, tão curto de ideias, tenha podido manter uma actividade invejável e, provavelmente única, pelo menos a nível europeu.
Um elevadíssimo número de autores, quase sempre assinando sob pseudónimo anglo-saxónico ou francês, ou inclusivamente um mesmo autor que usou dezenas de pseudónimos, muitos ainda hoje não inteiramente reconhecidos e comprovados, ajudou a construir uma história bonita sobre a literatura policial portuguesa, a merecer uma justíssima homenagem de todos os cultores deste tipo literário.

Hoje mesmo, a caminho de completarmos duas décadas da existência deste espaço no PÚBLICO, o que ocorrerá já no próximo dia 1 de Julho de 2012, não podemos esquecer a importância da literatura policial na composição do ADN de todos os confrades que nos têm acompanhado e continuarão certamente nesta permanente aventura.


LITERATURA POLICIAL – PARTE II

Por cá, o Policial segue as tendências, a alguma distância, claro. Colecções como a Vampiro, Xis, Romano Torres e outras, traziam tudo o que de melhor se publicava no mundo, criando em muitos leitores o desejo de escreverem os seus romances. O policial português é rico naquilo que se conhece, já que muitos autores foram obrigados a optar por pseudónimos para poderem publicar as suas obras. Alguns são hoje conhecidos, outros, possivelmente nunca o serão. Um exemplo  bem flagrante é o de Mário Domingues, historiador, jornalista, editor e tradutor, que usou qualquer coisa como cerca de 150 pseudónimos, a maioria dos quais desconhecidos hoje em dia, o que o transformou no português que mais romances escreveu e editou!
Aquele que é considerado o pai do romance policial português é Francisco Leite Barros, nascido em Lisboa no ano de 1841 e falecido em 1886. A coincidência de ter nascido no mesmo ano em que Pöe publicava a primeira novela policial, parece ter influenciado este autor, que escreveu “O Incendiário da Patriarcal”, “O Crime de Mata Lobos”, “O Crime do Corregedor” e “As Aventuras do Homem Pardo”.
Nome fundamental do policial português é o de António Andrade Albuquerque, que assina as suas obras com o pseudónimo de Dick Haskins e que é o autor português mais editado no estrangeiro, com obras traduzidas em dezenas de países e passadas para o cinema.
Também Reinaldo Ferreira merece destaque com os pseudónimos Repórter X e Repórter Kiá. Com uma obra extensa, deixou marcas no policial português, nas décadas de 20 e 30, até ao seu falecimento em 1935.
Roussado Pinto é outro autor importante, não só pela extensa lista de cerca de 75 pseudónimos que usou até à sua morte, mas também pelo modo como organizou antologias policiais de boa qualidade. Ross Pynn é o seu pseudónimo mais conhecido.
Outros nomes varreram o panorama policial, de que destacamos:
Adolfo Coelho com o pseudónimo J. Stew, nos anos 20; Américo Faria como Adam Fulton e Ans. Shouldmarke; António Carlos Pereira da Silva, como Simon Ganett ou Barney Kilbane; Dinis Machado, como Dennis Mc Shade, tendo como personagem Peter Maynard; Fernando Luso Soares com os seus personagens Inspector Boaventura e Dr. Castro; Fernando Pessoa que criou os personagens Dr. Abílio Fernandes Quaresma, Tio Porco e Chefe Guedes; Francisco Valério Almeida Azevedo, com o pseudónimo de W. Strong Ross e personagem Inspector Ryan; Gentil Marques, com os pseudónimos de Charles Berry, James Stron (criador de Rangú), Marcel Damar, Herbert Gibbons; D. G. Richter e muitos outros; Guedes de Amorim, como Edgar Powel; José da Natividade Gaspar, como Sam Brown ou J. Fergusson Knight; Luís Campos, como Frank Gold; Mariália Marques, como John S. Falk, Hugh Mc Benett ou Ossman Matzyk; Mascarenhas Barreto, como Van Der Bart.

Na moderna Literatura Policial Portuguesa vivem-se momentos de alguma acalmia. Algumas felizes incursões de autores consagrados, como José Cardoso Pires em “Balada da Praia dos Cães”, Agustina Bessa Luís em “Aquário e Sagitário”, Clara Pinto Correia em “Adeus Princesa” ou Francisco José Viegas, em “As Duas Águas do Mar”, não conseguem agitar o meio, que continua placidamente a viver de alguns novos valores como Maria do Céu Carvalho, Manuel Grilo, Miguel Miranda, Ana Teresa Pereira ou Henrique Nicolau.
Sem conseguir afirmar-se como uma “escola”, a verdade é que o Policial Português sempre conseguiu encontrar o seu espaço, com recurso a pseudónimos estrangeiros ou não.
E mesmo fora do movimento editorial, há mais de catorze anos que milhares de pessoas escrevem sobre o policial, desafios e suas propostas de resolução, nas páginas da edição dominical do Público, que vem funcionando como um verdadeiro “ponto de encontro” dos amantes do Policial.

Luis Pessoa
In Jornal de Letras, 2006


CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 10 – PARTE II
“O IATE MISTERIOSO”, Original de MALEMPREGADO


A alínea certa é a C - O Alberto pode estar envolvido naquele caso de droga, mas ela não veio do iate.

O iate estava a montante do local do Alberto, para o lado da Ponte Vasco da Gama e o texto refere que o iate estava ancorado, tendo começado a mover-se na direcção da foz do rio, ou seja, em sentido contrário. Como ele entra imediatamente em movimento, nesse sentido, a maré estava a encher, pois a âncora está sempre colocada na proa do navio, ou seja, na parte da frente. Só assim o iate pode levantar a âncora e iniciar de imediato o movimento para a foz do rio.
Portanto, se a maré estava a encher, uma carga largada do iate nunca poderia deslocar-se contra a maré e só dessa forma poderia ir ter com o Alberto.
Em conclusão, o Alberto poderia estar envolvido na tramóia e pelos seus antecedentes, certamente que estaria, mas aquela carga não partiu do iate, até porque a descrição revela que a droga estava na água há muito pouco tempo.


OS NOSSOS CAMPEÕES


Com a publicação da solução oficial do último desafio desta época, resta-nos saber quem serão os “detectives” que vão conquistar os títulos em disputa, algo que a breve prazo iremos divulgar.
Como sempre acontece, será no nosso blogue “Crime Público”, em http://blogs.publico.pt/policiario que a divulgação será feita em primeira mão.


A NOVA ÉPOCA

Todos os anos por esta altura, com as competições encerradas, ou em vias de o ficarem, é o momento de fazermos a previsão e lançarmos as bases para o que será a época competitiva do ano que se avizinha.
Este ano não será diferente e por isso convidamos desde já os nossos confrades a darem-nos as sugestões e propostas para a melhoria da nossa página.
Também lançamos o repto aos “detectives” produtores de enigmas policiários, para que comecem a delinear os seus problemas, quer os de escolha múltipla, quer os “tradicionais”, para que o próximo ano possa começar sem grandes sobressaltos.
Logo que seja possível, publicaremos os regulamentos que nos vão reger, que não serão muito diversos daqueles que têm vigorado


1 comentário:

Anónimo disse...

Eu sou de opinião que a melhor mudança a fazer é não mudar nada.
Perdão, não mudar nada, não. Acho que a única mudança válida e benéfica será evitar que, tal como este ano, fiquemos cerca de 5 meses sem soluções e sem conhecermos quem continuou na Taça de Portugal e quem foi eliminado.
Um Abraço do

Rip Kirby