domingo, 12 de fevereiro de 2012

POLICIÁRIO 1071

Completamos a publicação dos desafios que compõem a prova n.º 1 da época de 2012, com um problema de escolha múltipla, de autoria do confrade General Inverno.
À semelhança do que temos vindo a referir, aquando da publicação de qualquer desafio, a leitura atenta dos textos é um dos aspectos fundamentais para uma resolução acertada. E nunca é de mais referir que os problemas de escolha múltipla não são, nem nunca foram, os parentes pobres do policiário e são vastos os casos de torneios perdidos por serem descurados os cuidados mínimos necessários a uma boa investigação, neste tipo de desafios.
Uma razão acrescida para que os nossos “detectives” não aumentam as estatísticas de insucesso!
Tomem a devida nota do mistério por resolver:



CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2012

PROVA N.º 1 – PARTE II

A AGRESSÃO DA CÉU – Original de GENERAL INVERNO


A cidade transpirava de uma vaga de calor que a invadia há já alguns dias. Muito embora estivéssemos no mês das trovoadas, como o povo gostava de lhe chamar, não era muito usual que houvesse tanto calor abrasador, como estava a acontecer.
A passarada andava de bico aberto e por todo o lado, onde havia um ponto de água, a concentração de vida era grande, disputando a frescura de cada gota.

O Carlos tinha acabado de chegar ao café e saudou os presentes, pedindo “uma fresquinha”, aguardando pela chegada da cerveja bem gelada.
Enquanto bebia, foi comentando e desafiando os presentes:
- Já viram o que aconteceu à Céu? Vejam só como foi possível, uma senhora tão pacata e simpática, ser agredida daquela maneira, por uns quantos euros…
Perante o silêncio dos presentes, continuou:
- Os filhos já lhe tinham dito uma data de vezes para não abrir a porta a qualquer um que tocasse à campainha, mas o que se há-de fazer? Esta gente com uns anitos ainda está no tempo em que as portas podiam ficar abertas que nada acontecia…
- Ó senhor Carlos, mas quem é que nos diz que foi alguém estranho, algum pedinte ou assim? – perguntou o Zé Tasqueiro.
- Ora, ora, senhor Zé, era só o que faltava que tivesse sido alguém cá do bairro! Nunca cá aconteceu nada assim… - ripostou o Carlos.
- Há sempre uma primeira vez para tudo. E aqui para nós, o filho mais velho da Céu não parece ser boa rês. Eu desconfio dele, é mau como as cobras…
- Lá está você! Como ele não vem cá ao seu café, é logo um bandido de primeira! Ora abóbora, então o homem ia dar cabo da própria mãe, para quê? – insurgiu-se Carlos – que diabo, mãe é mãe!
- Pois, pois, mas eu nestas coisas nunca me costumo enganar…
- Olha, olha, aqui o senhor Zé agora parece que é bruxo! Só nos faltava mais essa…

- Eu conheço a casa da Céu, já lá estive muitas vezes e sei que a porta do quarto dela fica mesmo em frente da porta da entrada, ao fundo do corredor. Ela escolheu aquele quarto para entrar o sol pela janela, assim que nasce. Assim, diz ela, levanta-se logo com os primeiros raios que se projectam pelo corredor assim que abre a porta do quarto… - começou o Zé.
- Está bem, está bem, mas o que é que isso interessa para a agressão?
- Pronto, pronto, estava a divagar, porque a agressão foi às seis da tarde e o sol não é para aqui chamado, mas pronto.
- Pronto, o quê? Diga lá o que quer dizer e deixe-se de lérias…
- A Céu é uma mulher muito recatada e não ia abrir assim a porta a qualquer um…
- Ó senhor Zé, mas quem é que lhe disse que ela abriu a porta a alguém? Não se sabe…
- Aí é que o senhor Carlos se engana! O Teodorico viu-a à conversa com um homem, à porta de casa!
- Um homem, que homem?
- Não conseguiu ver, à noite era difícil identificar quem lá estava, mas ele viu a Céu à conversa com um homem à porta de casa! Ele ia a passar e olhou para lá e viu. Mas como estava com pressa não parou nem se interessou muito por isso.
- Podia ser um filho, não?
- Podia, pois. E sabe que mais, eu acho que era mesmo o filho mais velho, sem tirar nem pôr. Acho-o mesmo bera e capaz de tudo, até de dar uma tareia à mãe e deixá-la mal…
- Lá está você! O homem não vem ao seu café e é logo o pior dos bichos. Livra, por isso é que eu venho cá…
- Ó senhor Carlos, acredite que eu não tenho nada contra o filho, quero dizer, nada de palpável, queixas, entende? Mas o tipo é má rês, só lhe pede dinheiro e mais dinheiro e só anda em volta da mulher quando ela recebe a pensão! Bolas, aquilo é um tipo do piorio. Para mim foi ele que lhe quis sacar mais algum e como ela não tinha ou não queria dar-lhe, deu cabo dela. Só pode ser isso!
- Eu acho que o senhor Zé sabe demais! Ai sabe, sabe!
- O que é que quer insinuar, que fui eu, não? Acha que fui eu? Para quê, diga-me? Se calhar para lhe roubar a pensão do defunto, não?
- Ora, senhor Zé, ela ainda é muito apetecível e a gente vê bem os olhares que você lhe deita quando ela aqui vem… E conhece a casa dela, por dentro e por fora… Ó senhor Zé, se calhar… Não acredito que lhe quisesse fazer mal, mas pode ter acontecido uma confusão, qualquer coisa assim…
- O quê? Ó senhor Carlos, o senhor ofende-me! Nunca seria capaz de fazer mal a uma mulher e muito menos à Céu! Credo, que coisa!
- Desculpe lá, mas eu não sei nada, só estou a falar porque o senhor parece saber mais do que toda a gente.
- O Teodorico viu esse homem e se fosse eu ele dizia logo, não? Ele conhece-me muito bem e acusava-me logo, não? Mas o que estou eu para aqui a dizer? Estou a justificar-me de uma coisa que não fiz, era só que me faltava!
- Ande lá, senhor Zé, encha cá os copos e beba também uma fresquinha, que está a precisar, vá que eu pago! Mas que o senhor anda babadinho pela Céu, isso é certinho!
- Lá está o senhor…
- Vá, vá, deixe lá que a polícia vai descobrir quem fez aquilo à viúva apetecível e depois vamos saber! Uma coisa sei, e essa coisa é que eu não fui! Estava a dezenas de quilómetros de cá, que isto de ser viajante é assim mesmo…

Queremos saber quem terá dado indícios de ter sido o agressor:

A-    O Carlos;
B-    O Zé Tasqueiro;
C-    O Teodorico;
D-    O filho mais velho da Céu.



E pronto!
Uma vez decifrado este enigma, os nossos “detectives” apenas terão de enviar a proposta de solução, neste caso apenas sendo obrigatória a indicação da alínea que entendem ser a correcta, impreterivelmente até ao dia 29 de Fevereiro (limite para envio, igualmente, da proposta de solução do problema que foi publicado na passada semana e cujas conclusões terão de ser devidamente justificadas), podendo usar uma das seguintes formas:

- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;
- Por e-mail para policiario@publico.pt;
- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas deduções.




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