domingo, 11 de março de 2012

POLICIÁRIO 1075


A competição não pára e hoje é a vez de apresentarmos a segunda parte da prova n.º 2 do Campeonato Nacional de 2012, um desafio de resposta múltipla, com a assinatura de um dos melhores e mais prolixos produtores policiários nacionais, que todos os anos faz questão de colaborar connosco: o confrade Rip Kirby, actualmente a residir no Brasil.
Tratando-se de um “veteranos” nestas questões, mais deve aumentar a “desconfiança” dos nossos “detectives” perante uma situação que pareça clara e simples. O mais natural é que o confrade Rip Kirby tenha envolvido a sua produção numa teia mais complicada. Ou não!
Todos os confrades que tenham lido os principais autores de romances policiais, os chamados clássicos, Agatha Christie, Simenon, Stanley Gardner, Chesterton, Dickson Carr e muitos outros, para além do inevitável Conan Doyle, devem manter bem presentes os “golpes de teatro” que as derradeiras páginas de cada romance constituem! Na verdade, toda a construção do romance é um continuado avolumar de provas contra um dos suspeitos, ao ponto de cada leitor estar completamente elucidado e seguro da sua culpabilidade, que no entanto se desfaz em absoluto quando a lógica da exposição do detective/investigador se coloca em movimento, provando, geralmente, a culpabilidade do personagem menos suspeito, à partida!
Pois bem, a lógica do nosso passatempo passa também um pouco por aí. Quando um “detective” está a ler um problema, tem que se precaver contra as eventuais armadilhas que o mesmo pode conter e desconfiar, sempre, do mais óbvio. Normalmente, depois de várias leituras e de fazermos uma reconstituição mental das cenas que nos são propostas pelos autores, conseguimos entender o que cada um deles pretende que nós pensemos.
Daí a importância de assumirmos a atitude correcta de pensarmos por nós próprios, desconfiarmos sempre daquilo que nos é proposto e servido como evidência, analisarmos todos os dados com um espírito suficientemente aberto para aceitarmos todas as hipóteses e excluirmos, igualmente, todas as hipóteses!

Caríssimos “detectives”, aqui fica o problema do confrade Rip Kirby:


CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2012

PROVA N.º 2 – PARTE II

“Roubar, é Fácil! Difícil, é Escapar da Polícia!” – de Rip Kirby

Meus amigos! Permitam-me que me apresente.
O meu nome é Norberto de Albuquerque e sou Inspector da P.J. Fui encarregado pela hierarquia da nossa corporação de substituir o Inspector Eduardo Trindade que recentemente se aposentou.
Hoje entrei em acção pela primeira vez como Chefe de Brigada. Dado os resultados obtidos posso afirmar que me saí muito bem mas diga-se em abono da verdade que para o êxito da operação muito contribuiram os detectives que trabalharam com o Inspector Tindade e que agora estão sob as minhas ordens.
Nesta conferência de imprensa posso fazer o relato de todos os acontecimentos que deram origem à nossa operação de hoje uma vez que o problema já está resolvido nos seus minimos detalhes.
Havia já algum tempo que, na região, em diversas empresas de tecnologia avançada vinham acontecendo alguns assaltos que estavam a causar grandes prejuízos nas empresas lesadas.
Devo acrescentar que o êxito desta operção de certa forma teve a sua origem num acaso.
Fomos alertados por uma denúncia anónima de que certo sucateiro aqui da região estava a negociar com traficantes de droga e que o seu armazém seria um autêntico depósito de cocaína.
A operação de busca foi marcada, no maior segredo, para hoje. Para ser sincero devo dizer que, tendo em conta o seu objectivo, a operação foi um autêntico fiasco. Nem um pózinho de cocaína, para amostra, foi encontrado. No entanto descobrimos outra coisa, descobrimos que o sucateiro em causa estava a ser o receptador dos produtos que há tempos vinham sendo roubados na região.
Prendemos o homem que foi interrogado.
À nossa primeira pergunta disse-nos que tinha comprado aqueles materiais a três irmãos que lhe garantiram que nada daquilo era roubado. Como eles não tinham trazido a mercadoria ficou combinado que ele iria a casa deles para a ver e avaliá-la.
Foi combinado o dia em que lá devia ir. Foi num dia de Janeiro do ano passado, lembrava-se muito bem, pois estivera para não ir devido ao frio que se fazia sentir. Contudo, acabara por ir e passara uma tarde muito agradável em casa dos rapazes. A lareira estava acesa e a temperatura era bastante amena, lembrava-se que tinha olhado para um relógio que tinha incorporado um termómetro e este marcava 20 graus.
Depois de se terem demorado algum tempo a conversar os três irmãos, mostraram-lhe o que tinham para venda. Eram alguns lingotes dos mais variados metais, uns preciosos mas outros não. Todos os lingotes tinham as mesmas dimensões, 200x70x50mm e havia ainda cinco caixas de ferro, com a espessura de 3mm, cheias de mercúrio. As referidas caixas deveriam ter servido como lingoteiras, pois as suas dimensões interiores condiziam exactamente com as dos lingotes.
Declarou o referido comerciante que, depois de verificar toda a mercadoria, acedeu a comprá-la e para isso propôs um determinado preço por quilo, independentemente da qualidade de cada um dos metais.
Os três irmãos, António, Alberto e Anastácio, pensaram um pouco, discutiram entre eles, discutiram depois com o sucateiro mas este manteve-se irredutível. Ou eles aceitavam as condições dele ou não havia negócio. Perante a intransigência do negociante os rapazes acabaram por ceder e aceitaram a oferta que lhes fora feita. O António apresentou para venda três lingotes de ouro, dez de chumbo e as cinco caixas com mercúrio. O Alberto tinha dez lingotes de cobre, nove de ferro e nove de níquel. Finalmente o Anastácio vendeu quatro lingotes de platina, quatro de irídio e quinze de titânio.
Depois de terminado este relato fiquei com vontade de perguntar ao Inspector Albuquerque qual dos três rapazes tinha realizado mais dinheiro com o seu negócio mas tive receio de ser mal interpretado e resolvi colocar essa pergunta aos meus amigos policiaristas.

                                             A -O António?
                                            B -O Alberto?
                                            C -O Anastácio?
                                            D -Todos o mesmo?


E pronto.
Agora, depois de feitas todas as “manobras” para uma decifração correcta, os nossos “detectives” apenas terão de nos remeter as propostas de resolução do enigma, que neste saco apenas passará pela indicação da alínea por que optam.
Recordamos que não é obrigatória a justificação da escolha, mas também não é interdita. Fica, pois, ao critério de cada um. O que é obrigatória é a opção clara por uma das alíneas.
O prazo para envio, decorre impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Março e pode ser efectuado por um dos seguintes meios:

- Pelos Correios para PÚBLICO-Policiário, Rua Viriato, 13, 1069-315 LISBOA;

- Por e-mail para policiario@publico.pt;

- Por entrega em mão na redacção do PÚBLICO de Lisboa;

- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas deduções.





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