segunda-feira, 28 de maio de 2012

POLICIÁRIO 1086



No dia em que decorre o VIII convívio policiário, promovido pela Tertúlia Policiária da Liberdade, mais uma vez na Quinta do Rio, na Estrada Nacional 397, entre Brejos de Azeitão e Sesimbra, no qual se vão encontrar inúmeros amigos da família policiária e com um programa aliciante, de que demos já a devida nota ao longo das últimas semanas, vamos publicar a solução oficial do problema de autoria do campeão nacional de produção em título, o confrade viseense Paulo, para que cada “detective” possa verificar se a sua proposta de solução está de acordo com a solução do autor.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL
SOLUÇÃO DA PROVA N.º 3 – PARTE I
A MORTE DO GENERAL – de PAULO
Existem indícios que apontam Caio como assassino do tio.
·         Discordância entre o local onde foi encontrado o projétil e a trajetória de um disparo feito da janela
·         Características do orifício de entrada do projétil incompatíveis com um disparo à distância
·         Discordância entre a declaração de Caio sobre a perseguição feita ao fugitivo e a trajetória que as pegadas demonstram que ele efetuou.
·         Caraterísticas das pegadas do desconhecido que indiciam que ele caminhava. Apenas as pegadas identificadas de Caio indiciam corrida.
·         Falta de tempo do fugitivo para esconder a arma.
a)      A morte imediata faria com que o corpo caísse no local onde foi atingido. Sendo o tiro disparado da janela, na direção da porta, uma vez que o corpo está nesse eixo, nunca a bala poderia estar entre o corpo e a janela, à frente da secretária, mas junto da porta, à frente do sofá.
b)      Os tapetes fofos que cobriam todo o chão não permitiriam o rebolar do projétil, que mesmo assim com a energia cinética que possuía deveria rolar sempre para o lado da porta.
c)       Temos um projétil num local incompatível com um disparo feito do exterior pela janela.
d)      O ferimento de entrada, ferida em estrela e queimadura, indica um disparo feito com a arma junto da cabeça.
e)      Conclui-se que o tiro foi disparado dentro de casa, e nunca no sentido da janela para a porta.
f)       A partir dos dados anteriores e do facto de as pegadas mostrarem que ninguém saltou para o exterior pela janela, a história de Caio fica sem consistência.
g)      Não terá havido então nenhum atirador fugitivo.
h)      A trajetória das pegadas não confirma Caio. O mais natural seria que ele corresse, em linha reta, em direção ao homem que fugia, e não que descrevesse uma trajetória que passava primeiro pela janela. Ele próprio afirma que foi atrás do fugitivo. A perseguição seria feita pela hipotenusa e não pelos catetos.
i)        As pegadas de Caio indiciam corrida, pela evidência do tacão sobressaindo. Nas pegadas do presumível fugitivo, o pé completo indica marcha normal sem corrida, contradizendo a descrição de Caio. O fugitivo não chegou nem partiu a correr.
j)        Mais estranho foi o aparecimento da arma num buraco da parede. Como é que alguém perseguido esconde a arma e ainda coloca uma pedra a ocultar o buraco, com Caio a correr e a chegar junto ao muro? Não faz sentido, pois não teria tempo para o fazer.
k)      Vemos uma história falsa que parece querer incriminar o Luís, como prova o uso da arma com as impressões digitais largada num local em que evidentemente seria descoberta.
l)        As impressões digitais de Luís na arma são justificadas por frequentemente andar com ela.
m)    A inexistência de impressões digitais de Caio na arma indica, apenas que ele usou luvas.
n)      Caio planeou o crime para a hora que sabia estar sozinho em casa: Eva na missa, Luís de folga e Cid no seu passeio habitual. Depois Cid, que ouvia mal, estaria como sempre a ouvir o seu programa na rádio.
o)       Comos se passou o caso? Poderá haver formas distintas de constituir uma cronologia dos factos, mas a mais óbvia e que terá que servir de base a possíveis variações, aponta para que Caio sabendo que iria estar sozinho em casa tenha assassinado o tio, depois do irmão e Eva saírem. Encostou-lhe a arma à cabeça, virado para a janela, e disparou caindo o tio junto do sofá. Pegou na cápsula e colocou-a fora da janela. Saiu com a arma, que sabia ter as impressões de Luís, calçou umas botas antigas ou que arranjara em algum lugar, levou as suas na mão, contornou a propriedade, colocou a arma no buraco do muro, saltou sobre ele, dirigiu-se à janela e voltou para trás. Colocou as luvas e as botas usadas no pinhal, calçou as suas novamente e regressou a casa. Esperou que o irmão estivesse em casa a ouvir o programa radiofónico, fez o trajeto da zona lateral da casa até à janela, da janela ao muro e novamente de regresso à janela em passo de corrida, saltou pela janela e foi alertar o irmão que ele sabia não poder afirmar que não houvera disparo, dado os problemas auditivos. Pensava ter cometido um crime perfeito, mas inventou uma história cheia de buracos.
p)      O móbil terá sido a herança, mas os motivos políticos não seriam de espantar vindos de um germanófilo em plena ascensão bélica de Hitler, perante o apoio do avô à posição inglesa.
q)      Finalmente uma observação para as fontes técnicas que utilizei. Os artigos de Artur Varatojo no ABC Policial e os textos que o L.P. escreveu no XYZ Magazine.

3 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro
A propósito da saida da solução da prova N.º3 do Campeonato Nacional faço várias preguntas.
Algumas acho que sejam de interesse geral e outras apenas do meu interesse.
Começo por aquelas que são de interesse próprio.
Enviei-lhe uma produção um pouco mais estensa do que o 4500 caractéres.
Será que tem condições de ser publicada? Se não tem diga algo para que eu tente encurtá-la um pouco embora eu já não saiba como.
Outra questão que me tem preocupado é o facto de não saber se as minhas soluções têm chegado às suas mãos ou não.
Estive com alguns dificuldade informáticas das quais entre outros problemas aconteciia que em alguns casos os anexos que enviavam não seguiam enquanto o contrário aconteciam outras vezes.
Hoje enviei as soluções da prova 4. Espero que me informe quando elas lhe chegaram às mãos
Agora uma perguntta ou duas de interesse geral ou pelo menos de interesse de muitos policiaristas.
Para quando a saida dos confrontos da T. de P.. Segundo os regulamentos deveriam saiir sempre antes de terminado o praso para a entrega das soluções das provas correspondentes.
Eu penso que o conhecimento de que ainda estão na taça pode manter o interesse de muitos policiaristas aceso para continuarem.
A segunda pergunta é semelhante a esta. Quando começam a sair os resultados das provas já disputadas. O conhecimento desses resultados pode ter o mesmo efeito que os confrontos da Taça de Portugal.
Meu caro
Foi com enorme sacrifício que redigi as soluções dos tês primeiros problemas e é frustrante que depois de tanto tempo esse sacrifício ainda não tenha sido compensado com os resultados, pelo menos, da primeira prova.
Quando falo em sacrifício refiro-me ao facto de ter que digitar quase sem ver.
Um abraço do
Rip Kirby

Pedro Faria disse...

Caros confrades:
A presente solução, como muitos já terão notado, evidencia um engano: o de entender que, nas pegadas produzidas pelo passo de corrida, o tacão fica nitidamente marcado. Como se sabe e pode ser constatado, por exemplo na praia, na corrida só fica bem marcada a parte frontal do pé.
Felizmente, este engano não interfere com a correcta decifração do problema, mesmo no que respeita à conclusão de que as pegadas foram feitas de propósito para iludir a investigação do crime.
Um abraço.
Verbatim

Pedro Faria disse...

Caros confrades:
A presente solução, como muitos já terão notado, evidencia um engano: o de entender que, nas pegadas produzidas pelo passo de corrida, o tacão fica nitidamente marcado. Como se sabe e pode ser constatado, por exemplo na praia, na corrida só fica bem marcada a parte frontal do pé.
Felizmente, este engano não interfere com a correcta decifração do problema, mesmo no que respeita à conclusão de que as pegadas foram feitas de propósito para iludir a investigação do crime.
Um abraço.
Verbatim