quarta-feira, 15 de agosto de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 46


A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA 


 (Título do texto de Luís Pessoa) O inspector Fidalgo está de férias…
    Publicado na secção POLICIÁRIO em: 15.Agosto.1992

Tal como ontem (isto é, como fez ontem 20 anos), também hoje o inspector Fidalgo não pôs à prova, com qualquer problema, a “perspicobisbilhocácia” – como diria o Inspector Varatojo – dos leitores do PÚBLICO, e aproveitou o espaço para fornecer soluções e classificações que a seu devido tempo aqui revelámos junto aos problemas, e forneceu (algumas “dicas”) sobre técnica policial.
Sigamos as suas palavras…



O inspector Fidalgo está de férias…
… E como tal nem quer ouvir falar de crimes e criminosos. O mar, a praia, a floresta ainda não ardida, tudo é pretexto para uns momentos de repouso. Por isso mesmo, o inspector Fidalgo e todos os seus colaboradores não vos propõem problemas para resolver, antes decidiram dar um pouco de luz a muitas pequenas coisas que há que saber para se resolverem muitos casos policiários.
Prestem muita atenção, porque um dia destes os conhecimentos que vão ser dados podem ser determinantes na solução de um dos vossos casos…

Técnica policiária
(algumas “dicas”)

Dactiloscopia – Este palavrão designa a ciência que estuda os desenhos digitais, as chamadas impressões digitais. Não vale a pena indicar a sua importância porque todos sabemos que constituem provas fundamentais em grande parte dos crimes.
Perenidade – os desenhos nunca mudam a partir do sexto mês de vida uterina e até à putrefacção do cadáver. Desde 1858 que essa propriedade foi estudada por Hershell;
Imutabilidade – a impressão digital não pode ser mudada de maneira nenhuma. Nos laboratórios da polícia de Lyon, foi verificado que nem queimaduras nem limagens fizeram desaparecer as impressões digitais.
Variabilidade – não há duas impressões iguais, nem tão pouco idênticas. A possibilidade de encontrar impressões iguais está expressa na fórmula: (A4100n)/(A4100).
Pelo cálculo da Regra de Balthazard, para encontrar duas coincidências é necessário examinar 16 impressões e para encontrar o mínimo que a polícia considera indispensável para uma identificação formal, ou seja, 12 semelhanças, torna-se indispensável examinar 16.777.216 impressões digitais!


Como revelar
uma impressão digital

Por revelar entende-se transformar uma impressão digital latente em visível (ou aparente). Os pós mais vulgares para revelar uma impressão digital são pó branco (carbonato de chumbo), pó preto (carbonato de antimónio), pó vermelho (sexquióxido de ferro), pó metáslico (pó de alumínio) e pó negro (volframite). Se não fôr possível obter qualquer destes pós, pode usar pó de talco, pó de arroz, bicarbonato de sódio, farinha, pó de carvão, etc.
Aplique um dos pós indicados, com um pincel de pêlos longos (os da barba podem seguir), muito levemente sobre a superfície onde está a impressão a revelar, soprando-se, depois, com muito cuidado, o excesso de pó. Também se pode deitar uma certa quantidade de pó sobre a superfície a revelar e depois faz-se deslizar o pó pela superfície, ficando revelada a impressão.
Faça uma experiência e depois diga-nos o que conseguiu.

Homicídio,
suicídio ou acidente

Uma das maiores dificuldades de qualquer investigador é definir com alguma segurança como ocorreu a morte e se terá havido razões para se pensar em homicídio ou suicídio ou se tudo não passou de um mero acidente.
Esta dúvida aplica-se a todas as formas de morte violenta, tais como enforcamento, estrangulamento, asfixia, afogamento, ferimentos com arma de fogo ou arma branca e envenenamento.
Como distinguir as diversas situações que nos permitam dizer com alguma segurança: Foi crime!... Foi suicídio!... Foi um mero acidente!...
            É isso mesmo que iremos abordando sempre que o espaço e a oportunidade se revelem.
Um pequeno cantinho de Técnica Policiária que vamos desenvolver às sextas-feiras e sábados, sempre que pudermos e se todos vocês quiserem. Olhem bem, ali está um tipo enforcado… Será que se suicidou? Será que o assassinaram?
Vamos ver, está bem?
                                               

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