sexta-feira, 17 de agosto de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - 48



A H P P P
ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA 

Problema # 40
O INSPECTOR FIDALGO VISITA A EMBAIXATRIZ
Original de: Luís Pessoa                                     
Publicado na secção POLICIÁRIO em: 17.Agosto.1992

Nem sempre se tem a felicidade e ver reconhecido o seu trabalho e quase se tornar figura pública, a ponto de se receber um honroso convite da embaixatriz. Leitora assídua do PÚBLICO, onde sempre encontra com agrado as resoluções do inspector Fidalgo, não quis deixar de o desafiar nessa mesma festa.
Assim, como disse, simulou um roubo de uma certa importância de dentro de um cofre que estava depositado sobre a lareira.
Com o andar da investigação a brincar, parece que algo não correu como estava planeado porque, quase de seguida, a embaixatriz, meia a sorrir, meia a chorar, começou a afirmar que os bens que havia depositado sobre a lareira haviam mesmo desaparecido.
O inspector Fidalgo não sabia em que acreditar. Por um lado, sabia que ia entrar numa brincadeira inventada pela embaixatriz para entreter os seus convidados e, ao mesmo tempo, promover a sua imagem de investigador; por outro, vinha a embaixatriz dizer agora que afinal o roubo se dera.
Seria apenas mais uma brincadeira para juntar às outras que a anfitriã havia já criado?
O inspector fidalgo começou a interrogar as pessoas que mais perto haviam estado do cofre, começando pela embaixatriz, que afirmou que tudo era a brincar, mas que agora alguém daquela sala tinha aproveitado a oportunidade e roubado o dinheiro que lá estava.
O Francis, mordomo que havia estado muito perto do cofre porque fora lá pôr bebidas, afirmou desconhecer totalmente o jogo em questão, mas, sabendo o que sabia de outras ocasiões, tudo não passaria de mais uma brincadeira da patroa. Não era para ligar.
O Nelson, um indivíduo asqueroso, explorador de mulheres e quase sempre sem dinheiro no bolso, disse que estivera lá ao pé e até estranhara ver ali o cofre que a embaixatriz costumava ter no quarto, mas quem era ele para perguntar à senhora alguma coisa sobre isso?
A D. Laurinha, uma senhora com a mania das grandezas mas que não tinha onde cair morta, segundo diziam as más línguas, mostrou-se fortemente escandalizada com toda aquela questão e com o mau gosto de andar a brincar aos detectives. Não era capaz de imaginar que por uma importância tão pequena como a que fora desviada se fizesse tão grande alarido. Meu Deus, como a D. Laurinda parecia sofrer com o que se estava a passar…
O inspector Fidalgo sorria…

A – O ladrão foi o mordomo porque sabia que ninguém o ia aborrecer por ser habitual a patroa fazer coisas dessas.
B – O inspector estava a ser enganado e nunca houve qualquer importância no cofre, sendo brincadeira da embaixatriz.
C – Foi o Nelson porque não podia saber o que sabe e por isso denunciou-se ao afirmar que o cofre deveria estar no quarto da embaixatriz.
D – Foi a D. Laurinha porque estava em dificuldades e não podia proferir declarações como as que proferiu.

Como se vê, também nas boas recepções há casos esquisitos.
O inspector Fidalgo já sorri, o que quer dizer que já viu qualquer coisa. Esperamos que também tenham visto algo e nos respondam no cupão…
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Solução do autor:                                              
Publicada na secção POLICIÁRIO em: 22.Agosto.1992

D – Foi a D. Laurinha porque estava em dificuldades e não podia proferir declarações como as que proferiu.
A D. Laurinha não podia saber que importância estaria em jogo, a menos que fosse ela a roubá-la! Daí dizer que era uma coisa tão pouca.

1 comentário:

Anónimo disse...

Meu Caro Amigo Artur
Creio que já é tempo de alguém enaltecer publicamente o teu trabalho.
É isso que venho aqui fazer. dar-te os parabéns pela excelente retrospectiva que tens estado a fazer dos primeiros tempos de Público Policiário. Que nunca sa mãos te doam e que tenhas muita saúde para continuar este teu trabalho e outros que sei andas a magicar
Um abraço do

Rip Kirby