Secção de problemas policiais,
publicada no jornal “DIÁRIO POPULAR”
23.Dezembro.1961 /
14.Janeiro.1966
Em 23 de Dezembro de 1961, como
se de um presente de Natal para os “sherlocks” portugueses, se tratasse, o
jornal de Lisboa «DIÁRIO POPULAR», no seu suplemento “Sábado Popular, iniciou a
publicação de um novo espaço policiário, sob o cabeçalho: O LEITOR RESOLVE O
CRIME…
Essa secção, que ainda não tinha
visto em anteriores exemplares deste suplemento, mas cujo título já encontrara
noutras publicações congéneres, seguia-se a outras rubricas, também de âmbito
policiário, ali publicadas, que já temos preparadas - ou em vias disso - para
anexar ao nosso ARQUIVO HISTÓRICO DA PROBLEMÍSTICA POLICIÁRIA PORTUGUESA.
Aquele problema, foi antecedido
pelo texto que reproduzimos abaixo, o qual dá a entender ser aquele o primeiro caso
da série. E a mesma nota acompanhou, pelo menos, uma meia dúzia problemas
iniciais.
Neste novo tipo de problemas policiais é o leitor quem resolve o
crime. Por isso, quando se lê: Você chega ao local… O detective volta-se para
si e explica… Você atende ao telefone, etc., esse «você» ou esse «si»
dizem-lhe respeito, caro leitor. E agora, deixamo-lo resolver o crime…
Temos já algumas dezenas desses
problemas tratados para os ficheiros do nosso arquivo, mas queremos desde já
assinalar a sua existência, oferecendo-vos, com muita dedicação e amizade, o
problema publicado – faz hoje 48 anos – em 22 de Agosto de 1964.
O «DIÁRIO POPULAR», sempre
prestou muita atenção à Literatura Policial, na generalidade, publicando
folhetins, contos, novelas, histórias desenhadas, e problemas do mesmo âmbito.
Mas a secção de que vos escrevo
hoje, manteve-se, com aceitável regularidade – por vezes alternado com outras –
até 12 de Junho de 1965, e com menos regularidade, inserida quase
esporadicamente, até à última que localizei, em 14 de Janeiro de 1966.
Voltarei à sua história!
Entretanto, como o prometido é
devid®o, aí vai o envio especial anunciado.
Jartur
Mamede
CIRCUITO PARTILHADO *
*Quando os
problemas estejam publicados sem título, como é
o caso deste, nós dar-lhe-emos um, para melhor
identificação.
Publicado no «Diário
Popular» em 22.08.1964
O seu amigo, o chefe da Polícia Jack Henderson, conta-lhe
alguns factos que conseguiu reunir sobre o seu último caso.
- Este indivíduo, Tom Brent, é solteiro e vive sòzinho
numa pequena vivenda, situada numa vila dos arredores – começa por dizer o
chefe Henderson. – Possui um carro descapotável moderno, come quase sempre fora
e tem poucos amigos. O telefone dele, que raramente usa, está ligado ao mesmo
circuito de três habitantes da vila. Um deles é Silas Whitson, uma viúva de 60
anos, que vive a cerca de quilómetro e meio de Brent. Outro é Pat Duncan, de 44
anos, que mora do outro lado da rua onde Brent reside. A terceira pessoa é Ruth
Crawford, professora de educação física no liceu local, que habita numa casa
separada da de Brent por três quarteirões de prédios.
Tom Brent tem sempre mostrado sempre fraqueza pelo
jogo e muitas vezes está cheio de dívidas. Há duas noites, uma das nossas
patrulhas encontrou Brent caído em frente da sua garagem, com o crânio
fracturado. A princípio, pensou-se que ele não pudesse sobreviver, mas, algumas
horas depois de ter sido conduzido ao hospital, recuperou a consciência e
conseguiu dar-nos um relato bastante coerente do que lhe tinha acontecido.
Segundo contou, recebera uma chamada telefónica de Doug Standish, proprietário
do Royal Casino. Standish ligara para sua casa por causa de quinze mil escudos
que Brent lhe devia – dinheiro esse que ele tinha perdido ao jogo, no casino –
comunicando-lhe que precisava imediatamente do dinheiro. Brent respondeu-lhe
que tinha, por acaso, aquela quantia em sua casa e que a iria levar
imediatamente ao casino. Brent disse que, passados três minutos após ter
recebido o telefonema, saíra de casa com o dinheiro no bolso. Ao chegar à
garagem, fora agredido na nuca – e era tudo o que se lembrava.
- E foi só isso que conseguiu saber? – pergunta você a
Henderson.
- É tudo o que sei, responde ele – responde ele
abanando pensativamente a cabeça. – Interrogámos todos os vizinhos de Brent,
sem resultado. Mas quem é que poderia saber, além do próprio Brent e de Doug Standish,
que ele levaria todo aquele dinheiro?
Você interrompe-o, exclamando:
- E em relação às pessoas que tinham o mesmo circuito
telefónico que Brent?
- Sim, os suspeitos acabaram por se reduzir a esses –
concorda o chefe – mas qual?
- Muito fácil – respondeu você. – Ora vamos lá
interrogar o nosso suspeito.
De quem suspeita você?
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SOLUÇÃO
De
Pat Duncan, uma vez que é ele o único que podia ter escutado a conversa
telefónica de Brent com Doug Stanlish e
ter tempo para chegar a cxasa de Brent em apenas 3 minutos.
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