quinta-feira, 20 de setembro de 2012

JARTURICE OU... JARTURADA - III





Publicado na secção POLICIÁRIO em: 20.Setembro.1992

Torneio preparação PÚBLICO Policiário                 

           A página do POLICIÁRIO, saída «hoje» - HÁ VINTE ANOS ATRÁS – abria com o problema policial que vai na segunda página da presente efeméride.
           Mas, para além duma coluna de Notícias, onde se defendia uma interessante iniciativa para a criação de casos de ficção policial, localizados em cada distrito, escritos por leitores ali residentes e com personagens da região, avançava-se com o certame cujo título se encontra acima implícito.
           Vejamos os tópicos.
Torneio preparação PÚBLICO Policiário                 

              TAL COMO dissemos na passada semana, cá estamos a abrir o jogo em relação a esta primeira iniciativa da nossa secção no “reino dos torneios”.
              Pois bem, será um torneio composto por seis problemas, que serão publicados nos dias 4 e 18 de Outubro, 1, 15 e 29 de Novembro e 6 de Dezembro. As respostas terão de ser enviadas, sem falta, até aos dias 12 e 26 de Outubro, 9 e 23 de Novembro e 7 e 14 de Dezembro, respectivamente.
Cada problema, será classificado de 4 a 10 pontos e o concorrente recebê-los-á conforme a qualidade da solução. Em cada problema serão tidas em consideração várias classificações:
AS MELHORES – das quais serão seleccionadas quatro soluções, pelo seu mérito, qualidade e profundidade de análise – receberão 5, 3, 2 e 1 ponto.
AS MAIS ORIGINAIS – tal como o nome indica, serão premiadas as soluções que sejam diferentes, engraçadas – terão uma pontuação idêntica à das MELHORES.
 A cada uma das duas primeiras de cada classificação, e por problema, será atribuído um livro. Serão igualmente sorteados três livros por três concorrentes a cada problema, independentemente da classificação obtida.
Nos prémios finais do torneio, teremos diversas classificações, a saber:
- produção, em que todos os concorrentes à totalidade dos problemas irão votar as produções, de modo a saber-se qual foi o seu problema favorito. Para o primeiro haverá um troféu ou taça e para os restantes cinco produtores medalhas;
- decifração, em que será estabelecida uma classificação geral, pelo somatório dos pontos obtidos em cada problema. De notar que não são contados os pontos das classificações das melhores e das mais originais. Assim, um vencedor não poderá somar mais do que 60 pontos, ou seja, seis problemas a 10 pontos.
Para o primeiro vencedor do torneio haverá um troféu ou taça, para as classificações entre o 2.º e o 5.º haverá medalhas e para os classificados entre os 6.º e 20.º lugares livros.
              No caso das melhores, serão contados os pontos que, prova a prova, os concorrentes forem angariando nessa categoria e cujo resultado final ditará medalhas para os classificados nos três primeiros lugares e livros para os classificados do 4.º ao 6.º lugares.
              Para as mais originais tudo será idêntico ao que acontece com as melhores, mas referido, naturalmente, às soluções mais originais.
O COMBINADO – cuja classificação será estabelecida pelo somatório das classificações de decifração, melhores e mais originais – será obtido da forma seguinte: um concorrente que seja 4.º no torneio, 3.º nas melhores e 2.º nas mais originais, somará 9 pontos no combinado. 4 mais 3 mais 2 é igual a 9. Será vencedor o concorrente que conseguir menos pontos. Em prémios, haverá medalhas para os três primeiros e livros para os 4.º ao 6.º.
Como forma de desempate na decifração, será vencedor do torneio o melhor classificado no combinado. Se subsistir o empate, será vencedor o mais pontuado nas melhores.
                            Todos os casos omissos serão decididos pelo orientador da secção, depois de ouvir quem entender.
                            Atenção, pois, ao dia 4 de Outubro, data em que publicaremos o primeiro problema.

Problema # 52
XEQUE
Original de: LA TIERRA (Almada) 
Publicado na secção POLICIÁRIO em: 20.Setembro.1992

O detective Cecílio, é um homem de uma só paixão. Pensar. Principalmente, pensar sobre o crime. E fazer disso uma obsessão. De tal modo que, em vez de propor uma partida de xadrez às visitas mais íntimas, Cecílio joga com eles um desafio de intriga mental. Coloca frente a frente dois amigos seus e lança para o ar um enigma de morte e mistério. Cada jogador encarna uma personagem na história, tendo de se defender e contra-atacar para ser o primeiro a dar a resposta a uma questão que o detective coloca no final. Vamos jogar?
“Há muito tempo atrás participei numa expedição ao Pólo Norte – uma terra fantástica.” Assim começa a história. Éramos quatro homens. Dois dias depois de termos estabelecido um acampamento base mesmo sobre o Pólo, os meus três colegas resolveram sair para pesquisas. Dois deles, juntos, nos primeiros momentos desse dia. O terceiro, o dr. Adams, duas horas depois. Os dois destinos eram diferentes e desconhecidos um pelo outro. Apenas se sabia que seriam para Sul do acampamento. 
“Eu estava a tratar dos últimos ingredientes para o jantar quando, finalmente, vi os meus companheiros regressarem. Foi uma cena consternadora. Eram apenas dois homens. As lágrimas sulcaram as minhas faces ao ver o corpo inerte do Adams, coberto por uma manta, sobre o trenó, e com um golpe profundo na têmpora esquerda. Uma morte no topo do mundo…
“Um dos homens, o jovem dr. Stenvesson, contou que estava a recolher amostras de neve à beira de uma fenda larga, com cinco metros de profundidade, enquanto o colega, o dr. Sokolov, se encontrava do outro lado da fenda, de costas e junto da mesma. Afirmou que a certa altura, para seu espanto, surge o dr. Adams, deslocando-se no trenó e, destemido, rasando a fenda na sua trajectória. Eis que, a um metro de distância de Stenvesson, o dr. Adams cai pela fenda abaixo. Tratar-se-ia, definitivamente, de um horrível desequilíbrio ou tontura. Stenvesson referiu ainda que só voltou a ver o dr. Sokolov dois minutos depois, junto de Adams, quando conseguiu contornar e chegar ao fundo da fenda.
“O dr. Sokolov contou mais pormenores, também muito interessantes. Disse que para descer a vertente da fenda demorou, praticamente, dois minutos, o que me pareceu plausível face aos seus 50 anos de idade. Encontrou o pobre dr. Adams inanimado no fundo, encostado à base da vertente. Uma massa de sangue cristalizado jazia junto da cabeça e mesmo ao lado estava um grande pedaço solto de gelo, com resíduos de sangue – estes dois factos foram confirmados por Stenvesson. Ah, falta uma coisa. Sokolov e Stenvesson acusavam o dr. Adams de ter plagiado teses de ambos, para conseguir ganhar o Prémio Nobel.
“Hum… Simples, não?”

“Agora eu pergunto-vos, caros amigos: houve um assassino, que esperou a vítima para a atacar mortalmente? Ou foi um acidente? Direi também que existem três razões muito próprias para a decisão correcta. Qual de vocês as enuncia primeiro?
“O prémio?... Bom, levo-os ao cinema para verem “Quem Tramou Roger Rabbit?” e ofereço-vos um gelado…”
Mate!
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NOTA:
A página do PÚBLICO – POLICIÁRIO, onde foi publicada a solução deste problema, é uma das que me faltam na colecção. Tentei consultá-la na BIBLIOTECA PÚBLICA MUNICIPAL DO PORTO, mas isso só será possível no próximo mês de Outubro, por se encontrar em obras, no edifício, a zona onde esse periódico está preservado.            Aguardemos, pois.
Jartur

1 comentário:

Anónimo disse...

Problema interessante.
Há bastante tempo que o La Tierra não aparece o que é uma pena.
Apereça meu amigo e dê asas à sua imaginação para que votemos a ter produções suas.
Pena que mais vozes não se jun tem à minha
Um abraço do

Rip Kirby