domingo, 5 de maio de 2013

POLICIÁRIO 1135



DESVENDANDO A MORTE DO CAPITÃO…
No início de um novo mês, portas reabertas à nossa competição desta época, com a publicação de mais um desafio, desta feita de autoria da dupla A. Raposo & Lena, procurando desvendar a morte de um capitão em Campo de Ourique, como sempre com humor e qualidade.
Relembramos os nossos “detectives” que as classificações das duas primeiras provas já se encontram disponíveis no blogue Crime Público, em http://blogs.publico.pt/policiario, onde poderão (e deverão) conferir as respectivas prestações.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2013
PROVA N.º 4 – PARTE I
TEMPICOS E O “BACALHAU À PRESSUPOSTO”, de A. RAPOSO & LENA

Chegara a Primavera. Tempicos descansava na sua otomana favorita, apreciando a vista do alto do último piso do edifício Amoreiras. Via-se ao fundo o Tejo e o Cristo Rei.
Um copo, umas pedrinhas de gelo miúdo a tilintar. Um velho Kentucky bourbon a dar-lhe cor. A mão esquerda a percorrer suavemente a coluna da Geraldinha. Um engate da véspera. Uma loira exuberante que lhe prometera acabar com o jejum da carne que atravessara… 
Pela sua conspícua mente passava a confeção de uma receita de bacalhau. Quem diria?
 Tempicos congeminava o que deveria vir a ser o “bacalhau à pressuposto”. Um prato adequado à época que se estava a viver. Um bacalhau que não levava bacalhau! Só batatinhas assadas a murro. Do bacalhau era só um cheirinho dado que o fiel amigo estava pelo preço do ouro.
 Porém... (há sempre um porém) a cena desfaz-se, o telemóvel toca e lá se vai o bem bom e fica a “receita” por desvendar. Tempicos fora chamado a resolver mais um caso bicudo. Meteu-se a caminho. Vestiu a gabardina à Bogart, o chapéu mole e o inevitável cachimbo.   
Num dos poucos resistentes “chalets” de Campo de Ourique, vivia o capitão Possidónio. Vivia, vírgula, porque acabara de ir para os anjinhos.
O capitão, segundo constava do telefonema recebido, jazia morto, no corredor que dá acesso à porta da rua. Tempicos recebera um pedido de ajuda da sua governante às 13,35h. Tempicos bateu à porta, surgiu-lhe a governanta. “Que grande desgraça Sr., Inspector (Tempicos fora visita da casa, em tempos) o patrão está ali deitado no chão mais morto que vivo. Só não percebo se foi ele que se matou se algum malandro o fez. Eu estava no andar de cima quando ouvi um estrondo. Vim para baixo devagarinho porque estas pernas já não ajudam, e dei com o patrão deitado a escorrer sangue da cabeça e com um pistolão na mão. Sem se mexer. Aqui no corredor, junto à porta da rua. “
Tempicos perguntou-lhe pela pistola.
“ Olhe, apanhei-a e limpei-a e voltei a guardá-la na panóplia das armas do Capitão aqui na sala de estar, não fosse alguém aleijar-se pois o patrão dizia que estão sempre carregadas…e no chão não havia senão sangue. Lembrei-me e telefonei-lhe logo”.
Tempicos notou que a senhora – já bastante avançada na idade e meio taralhouca - tentou fazer o melhor e acabou fazendo o pior. Eliminou as eventuais impressões digitais. 
Tempicos foi analisar a panóplia da parede onde 4 armas de fogo diferentes se perfilavam.
Com o capitão Possidónio, além da governanta, viviam também dois sobrinhos ( aliás os únicos herdeiros) o Luizinho e o Paulinho rapazes modernos e amigos da esbórnia.
O Paulinho tinha ido almoçar ao restaurante “Cataplana” da Rua Ferreira Borges e estivera lá das 13 às 14.Tempicos confirmou no Restaurante.
Luizinho contou que se levantou tarde, tomou um lauto pequeno-almoço e por volta do meio-dia foi até ao jardim da Parada e leu o seu jornal num banco de jardim. Depois foi espreitar os “velhotes” a jogar às cartas no outro lado do jardim. Ficou por ali a observar, os miúdos a brincar e, por volta das duas da tarde regressou a casa.
Para complicar tudo, o capitão tinha na véspera feito um disparo com uma das armas da sua panóplia a um gato que saltara o muro do quintal. Felizmente não acertara mas a bala ficara incrustada no muro e fora recuperada pelo inspector. Este facto foi-lhe contado pela governanta.
A polícia científica confirmou a hora da morte, por volta das 13h e as 13,30h de domingo.
A porta da rua estava fechada à chave quando Tempicos chegou ao local. A governanta abriu-a quando ele tocou, com a sua chave que mantinha sempre no avental.
As armas da panóplia eram:
1 – Revolver: calibre .45;      
2 – Pistola: calibre – 6,35 mm;
3 – Pistola: calibre .32;       
4- Pistola: calibre – 9 mm.                           
A bala que fora extraída da cabeça da vítima era de 6,35 mm. e a extraída do muro do quintal era de 9 mm.
As armas na panóplia estavam todas com os respectivos cartuchos excepto uma onde faltava uma bala de calibre.38 e que fora disparada recentemente. Às 3ªas feiras o capitão tratava da armaria. Limpava, oleava e repunha todos os cartuchos, se necessário. Ganhara vários prémios em concursos de tiro.
A solução do caso poderia ser, como diria La Palisse, suicídio ou crime, mas isso compete ao amigo leitor resolver e contar, o que se passou…
Tempicos estava baralhado mas visivelmente bem-disposto. O seu Benfica já levava 4 pontos de avanço sobre o rival. Este ano é que a vitória não iria fugir e a ser assim…Tempicos iria a pé a Fátima com a faixa de campeão comprar uma medalhinha de Francisco, o Papa.

E pronto.
Agora é tempo de leitura mais atenta para interpretação dos factos e depois, impreterivelmente até ao dia 31 de Maio, enviar as conclusões deste caso, podendo usar um dos seguintes meios:
 -Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
-Por e-mail para um dos endereços: lumagopessoa@gmail.com; pessoa_luis@hotmail.com ou luispessoa@sapo.pt.
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas deduções!




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