DESVENDANDO
A MORTE DO CAPITÃO…
No
início de um novo mês, portas reabertas à nossa competição desta época, com a
publicação de mais um desafio, desta feita de autoria da dupla A. Raposo &
Lena, procurando desvendar a morte de um capitão em Campo de Ourique, como
sempre com humor e qualidade.
Relembramos
os nossos “detectives” que as classificações das duas primeiras provas já se
encontram disponíveis no blogue Crime Público, em http://blogs.publico.pt/policiario,
onde poderão (e deverão) conferir as respectivas prestações.
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2013
PROVA
N.º 4 – PARTE I
TEMPICOS E
O “BACALHAU À PRESSUPOSTO”, de A. RAPOSO & LENA
Chegara
a Primavera. Tempicos descansava na sua otomana favorita, apreciando a vista do
alto do último piso do edifício Amoreiras. Via-se ao fundo o Tejo e o Cristo
Rei.
Um
copo, umas pedrinhas de gelo miúdo a tilintar. Um velho Kentucky bourbon a
dar-lhe cor. A mão esquerda a percorrer suavemente a coluna da Geraldinha. Um
engate da véspera. Uma loira exuberante que lhe prometera acabar com o jejum da
carne que atravessara…
Pela
sua conspícua mente passava a confeção de uma receita de bacalhau. Quem diria?
Tempicos congeminava o que deveria vir a ser o
“bacalhau à pressuposto”. Um prato adequado à época que se estava a viver. Um
bacalhau que não levava bacalhau! Só batatinhas assadas a murro. Do bacalhau
era só um cheirinho dado que o fiel amigo estava pelo preço do ouro.
Porém... (há sempre um porém) a cena
desfaz-se, o telemóvel toca e lá se vai o bem bom e fica a “receita” por
desvendar. Tempicos fora chamado a resolver mais um caso bicudo. Meteu-se a
caminho. Vestiu a gabardina à Bogart, o chapéu mole e o inevitável cachimbo.
Num
dos poucos resistentes “chalets” de Campo de Ourique, vivia o capitão
Possidónio. Vivia, vírgula, porque acabara de ir para os anjinhos.
O
capitão, segundo constava do telefonema recebido, jazia morto, no corredor que
dá acesso à porta da rua. Tempicos recebera um pedido de ajuda da sua
governante às 13,35h. Tempicos bateu à porta, surgiu-lhe a governanta. “Que
grande desgraça Sr., Inspector (Tempicos fora visita da casa, em tempos) o patrão
está ali deitado no chão mais morto que vivo. Só não percebo se foi ele que se
matou se algum malandro o fez. Eu estava no andar de cima quando ouvi um
estrondo. Vim para baixo devagarinho porque estas pernas já não ajudam, e dei
com o patrão deitado a escorrer sangue da cabeça e com um pistolão na mão. Sem
se mexer. Aqui no corredor, junto à porta da rua. “
Tempicos
perguntou-lhe pela pistola.
“
Olhe, apanhei-a e limpei-a e voltei a guardá-la na panóplia das armas do
Capitão aqui na sala de estar, não fosse alguém aleijar-se pois o patrão dizia
que estão sempre carregadas…e no chão não havia senão sangue. Lembrei-me e
telefonei-lhe logo”.
Tempicos
notou que a senhora – já bastante avançada na idade e meio taralhouca - tentou
fazer o melhor e acabou fazendo o pior. Eliminou as eventuais impressões
digitais.
Tempicos
foi analisar a panóplia da parede onde 4 armas de fogo diferentes se perfilavam.
Com
o capitão Possidónio, além da governanta, viviam também dois sobrinhos ( aliás
os únicos herdeiros) o Luizinho e o Paulinho rapazes modernos e amigos da esbórnia.
O
Paulinho tinha ido almoçar ao restaurante “Cataplana” da Rua Ferreira Borges e
estivera lá das 13 às 14.Tempicos confirmou no Restaurante.
Luizinho
contou que se levantou tarde, tomou um lauto pequeno-almoço e por volta do meio-dia
foi até ao jardim da Parada e leu o seu jornal num banco de jardim. Depois foi
espreitar os “velhotes” a jogar às cartas no outro lado do jardim. Ficou por
ali a observar, os miúdos a brincar e, por volta das duas da tarde regressou a
casa.
Para
complicar tudo, o capitão tinha na véspera feito um disparo com uma das armas
da sua panóplia a um gato que saltara o muro do quintal. Felizmente não
acertara mas a bala ficara incrustada no muro e fora recuperada pelo inspector.
Este facto foi-lhe contado pela governanta.
A
polícia científica confirmou a hora da morte, por volta das 13h e as 13,30h de
domingo.
A
porta da rua estava fechada à chave quando Tempicos chegou ao local. A
governanta abriu-a quando ele tocou, com a sua chave que mantinha sempre no
avental.
As
armas da panóplia eram:
1 – Revolver: calibre .45;
2 – Pistola: calibre – 6,35 mm;
3 – Pistola: calibre .32;
4- Pistola: calibre – 9 mm.
A
bala que fora extraída da cabeça da vítima era de 6,35 mm. e a extraída do muro
do quintal era de 9 mm.
As
armas na panóplia estavam todas com os respectivos cartuchos excepto uma onde
faltava uma bala de calibre.38 e que fora disparada recentemente. Às 3ªas
feiras o capitão tratava da armaria. Limpava, oleava e repunha todos os
cartuchos, se necessário. Ganhara vários prémios em concursos de tiro.
A
solução do caso poderia ser, como diria La Palisse, suicídio ou crime, mas isso
compete ao amigo leitor resolver e contar, o que se passou…
Tempicos
estava baralhado mas visivelmente bem-disposto. O seu Benfica já levava 4
pontos de avanço sobre o rival. Este ano é que a vitória não iria fugir e a ser
assim…Tempicos iria a pé a Fátima com a faixa de campeão comprar uma medalhinha
de Francisco, o Papa.
E
pronto.
Agora
é tempo de leitura mais atenta para interpretação dos factos e depois,
impreterivelmente até ao dia 31 de Maio, enviar as conclusões deste caso, podendo
usar um dos seguintes meios:
-Pelos
Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
-Por e-mail para um dos endereços: lumagopessoa@gmail.com; pessoa_luis@hotmail.com ou luispessoa@sapo.pt.
- Por entrega em mão ao orientador
da secção, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!
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