domingo, 16 de março de 2014

POLICIÁRIO 1180

[Transcrição da secção n.º 1180 publicada hoje no jornal PÚBLICO] 

IDENTIFICADO O ASSASSINO DO RIBATEJO

Após algumas semanas em que os problemas para decifrar foram reis e senhores do nosso espaço, eis que chega o primeiro momento da época em que ficamos a saber quais as respostas que os autores deram aos seus enigmas, antes de, em devido tempo, publicarmos no nosso blogue Crime Público - que pode ser acedido em http://blogs.publico.pt/policiario - as classificações obtidas pelos nossos “detectives”.
Recordamos que essas classificações vão ser determinantes para efeitos do apuramento para a eliminatória seguinte da Taça de Portugal, uma vez que nesta fase, apenas serão apurados os autores das melhores 512 propostas de solução. Nas etapas seguintes, tudo se jogará em confrontos de um para um, sendo apurado o melhor.
Entretanto, hoje é a vez dos desafios que fizeram a prova n.º 1 deste ano serem solucionados. Vamos dar a palavra aos autores das duas partes, Beirão e Lobo Mau, respectivamente:

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2014
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 1
PARTE I - “UM MORTO NO RIBATEJO” – de BEIRÃO

Numa primeira análise, é necessário ler muito bem o texto, situar a cena, tendo em linha de conta os diversos factores, nomeadamente:
– Espaço temporal e condições climatéricas: É de dia ou de noite? Está a chover ou faz sol? Está enevoado, há nevoeiro? Há vento e de onde sopra? A que horas se passa a acção? etc.;
– Personagens e sua colocação na cena: Quantos intervenientes existem? Onde estão e o que fazem? Que intervenção têm na acção?
– Local e suas características: Onde se passa a acção? Em local de fácil acesso ou difícil? Há obstáculos a vencer em certas condições, por exemplo em caso de chuva, de neve, etc.
– Factores externos: Há animais que possam dar alarme? Há sistemas de segurança eléctricos ou electrónicos que apenas possam ser iludidos por quem os conheça?
– Testemunhas visuais, auditivas ou outras: Quem esteve no local que possa fornecer elementos? Quem estava suficientemente perto para ouvir sons que se possam relacionar com o que está na cena?
– Oportunidades: Quem teve oportunidade de praticar o acto, que encontros e desencontros teria de haver para correr bem a acção a cada um deles?
No nosso caso, temos um crime cometido em zona não fechada e portanto, à priori, sem dificuldades especiais de acesso.
Alarcão diz que estava nevoeiro cerrado; que o vento era gelado e quase cortava a cara; que foi tratar dos cães muito rapidamente; que não ouviu nem viu nada.
Os pais do jovem não deram por nada e encontraram o moço, por volta das 8 horas.
O padeiro afirma ter visto o Alarcão a regressar lá do fundo, ainda antes das 8 horas.
Os restantes moradores da casa de Alarcão não notaram nada.
Os vizinhos do outro lado do pinhal referem a algazarra dos cães depois das 7.30 horas, que só poderiam ouvir-se se o vento estivesse de feição.
A filha do padeiro está totalmente posta de lado.
Há evidentes contradições entre depoimentos, a saber:
Alarcão refere nevoeiro cerrado e o vento gelado. Vento e nevoeiro não combinam. Com vento, o nevoeiro não se forma ou, já existindo, dissipa-se rapidamente.
O padeiro afirma ter visto Alarcão a regressar de casa do caseiro para a sua. Com nevoeiro cerrado, isso não seria possível porque a distância era grande.
Os vizinhos declararam que os cães fizeram a algazarra própria de quando o seu dono regressava a casa, mas só era audível quando o vento soprava… Portanto, afastada a hipótese de haver um conluio entre Alarcão e os seus vizinhos, por ilógica e não razoável, para que estes ouvissem os cães era necessário que houvesse vento, portanto sem nevoeiro (que mais ninguém refere); logo, ao encontro do depoimento do padeiro, que também confere com o regresso de Alarcão a casa e a algazarra dos cães, que o padeiro não refere por estar longe (a estrada era distante) e por soprar vento que levaria o som para o outro lado do pinhal, portanto, não na sua direcção. Os cães fizeram algazarra por detectarem que o seu dono estava por ali.
 Ficamos, pois, com um forte candidato a culpado – o Alarcão. Em grande parte por mentir, mas também por ter a oportunidade, o tempo disponível e por a sua versão não encaixar nos depoimentos dos restantes intervenientes, cujas afirmações se complementam, sem erros.

PARTE II - “AO LUAR DE VERÃO” – de LOBO MAU

Hipótese A.
Naturalmente que há premeditação, uma vez que a história é muito mal contada, porque, às 21h30, nunca poderia existir uma escuridão total, como afirma o homem, já que a cena passa-se no dia 5 de Junho de 1993, muito perto do maior dia do ano.
A resposta a este enigma estava de certo modo facilitada, porque por exclusão, também era possível chegar à hipótese em causa, já que nenhuma das outras era viável.

E pronto.
De posse desta informação, podem os nossos “detectives” começar a deitar “contas à vida”, aferindo das suas possibilidades em conquistar a totalidade dos pontos em disputa no Campeonato Nacional e de continuação na Taça de Portugal.



SORTEIO DA TAÇA DE PORTUGAL

Como já referimos, decorre o trabalho de selecção das melhores 512 soluções apresentadas, a que se seguirá um sorteio para encontrar os 256 “emparelhamentos” que vão disputar a eliminatória seguinte.
Como essa eliminatória é decidida sobre os problemas da prova n.º 2, já publicados nas duas últimas semanas, os confrontos terão de ser publicados a tempo de se saber quem joga com quem, conhecimento obrigatório, em termos de regulamento.
Assim, com alguma antecedência em relação ao dia 31 de Março, data limite para envio das propostas de solução, serão divulgados os confrontos no blogue e, eventualmente, aqui na secção.


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