domingo, 3 de agosto de 2014

POLICIÁRIO 1200

[Transcrição da secção n.º 1200 publicada 
hoje no jornal PÚBLICO]


ADÉRITO PINTO ASSASSINADO EM CENTRO COMERCIAL

Em pleno período de férias, na praia ou em qualquer outro local, sempre sobra um momento para exercitar as células cinzentas.
Hoje é o desafio do nosso confrade Paulo que nos vai fazer pensar, entre dois mergulhos refrescantes…

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2014
PROVA N.º 7 – PARTE I
CRIME NO CENTRO COMERCIAL – Original de PAULO

Passavam poucos minutos das nove horas quando a polícia foi chamada. Quarenta minutos depois já toda a equipa responsável pela investigação da cena do crime se encontrava no gabinete da vítima, no mais recente e moderno Centro Comercial da cidade.
A zona de gabinetes onde ocorrera o assassinato ficava logo no piso de entrada, ao qual havia que somar dois pisos subterrâneos, dedicados a estacionamento e a áreas técnicas, e dois pisos acima do nível do solo.
Narciso Morais, o veterano inspector, entrou na área reservada aos gabinetes ocupados pelos elementos responsáveis por aquele espaço de comércio. Uma porta dava acesso a esse pequeno átrio, onde à esquerda ficava o gabinete em que fora encontrado o morto, director-geral do Centro Comercial. À direita ficava o gabinete do director de segurança, Francisco Azevedo. Ao fundo, em frente, havia duas portas. À esquerda a do gabinete do director de marketing e publicidade, José Camões, e à direita a que dava acesso ao gabinete do director financeiro, Rui Balboa.
Antes de entrar no gabinete da vítima, Narciso Morais foi informado de que havia uma câmara que filmava a entrada para aquele espaço reservado às quatro salas, e que se estava a fazer o necessário para obter as gravações.
No local do crime havia uma secretária com alguns documentos em cima, uma confortável cadeira atrás, e mais duas em frente, que se destinariam a pessoas com quem a vítima pretendesse falar. Havia ainda um armário com dossiês. Um computador e uma impressora estavam sobre a mesa.
Adérito Pinto jazia no chão com um ferimento na cabeça, que aparentava, e mais tarde se viria a confirmar, ter sido feito por uma arma de fogo, que as análises balísticas determinariam ser de calibre 9 mm. Num bengaleiro estava o casaco de Adérito, onde foram encontrados o seu telemóvel e a chave do gabinete.
O cadáver não sangrara muito, provavelmente porque a morte fora imediata. Uma análise feita no local do crime, nas zonas visíveis do corpo, logo a pós a chegada da polícia, não mostrava sinais de movimento post-mortem do cadáver. A rigidez cadavérica já tomara conta de todo o corpo. A temperatura do aposento rondava os 20 graus e durante a noite não teria descido muito abaixo desse valor.
Narciso Morais ocupou o gabinete de José Camões, semelhante ao de Adérito, para os primeiros interrogatórios, que lhe permitissem conhecer melhor o ambiente local e os intervenientes.
José Camões disse que na véspera tinha saído por volta das seis e meia. Estivera quase sempre fora do gabinete e não se lembrava de, durante a tarde, se ter cruzado com Adérito. Tinha uma mensagem enviada às seis da manhã a comunicar que ele precisava de lhe falar, de manhã, às nove e meia.
Rui Balboa afirmou que no dia anterior passara pouco tempo no gabinete. Saíra na véspera às cinco horas e tinha entrado nesse dia cerca das nove menos um quarto, uma vez que Adérito lhe mandara um sms, de noite, dizendo-lhe que queria falar com ele às nove horas. A essa hora foi ao gabinete dele. Bateu à porta, como ninguém respondeu, rodou o puxador, a porta abriu e ele viu Adérito no chão. Depois chamou a polícia.
Francisco Azevedo disse que por norma o segurança nocturno não entrava naquela área dos gabinetes. Ele saíra, no dia anterior, eram quase sete horas. Precisara de, um pouco antes de sair, falar com Adérito, mas não o encontrara e a porta do gabinete estava fechada à chave. Também recebera um sms, de madrugada, a marcar um encontro para as dez horas.
Narciso Morais pediu para ver todos os telemóveis, incluindo o da vítima, e o envio e recepção de mensagens estavam de acordo com as declarações. Após o visionamento das imagens da câmara de vigilância foi possível determinar que a vítima entrara na zona dos gabinetes no dia anterior às duas horas e treze minutos e não saíra mais. Rui Balboa saíra na véspera às 17:43 e entrara no dia do crime às 8:47. Francisco Azevedo saíra às 18:55 e José Camões às 18:28. Os dois tinham chegado nessa manhã já após a polícia se encontrar no local. As gravações não mostravam mais ninguém a entrar ou sair daquele espaço.
Narciso Morais circulou pelo Centro Comercial, conseguindo obter mais algumas informações. Adérito ia ser transferido para outro Centro Comercial e iria dar uma sugestão para o seu substituto à administração do grupo económico proprietário do espaço. Rui Balboa e os outros dois directores estavam em conflito. Tinha sido aberto um inquérito interno pois o director financeiro acusara-os de má gestão com consequências graves nas receitas. Francisco e José também estavam incompatibilizados, havendo uma mulher na origem do conflito.
Antes de sair, cerca de treze horas, Narciso Morais ainda passou pelo local do crime. O cadáver preparava-se para ser retirado. Da arma continuava a não existir notícia e ninguém ouvira o disparo.
Deixemos Narciso Morais ir almoçar e pergunte-se: quem acha que poderá ter cometido o crime e porque faz essa afirmação? 

E pronto.
Resta aos nossos “detectives” elaborarem os seus relatórios e remeterem-nos, impreterivelmente até ao dia 15 de Setembro, usando um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos endereços:
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas férias, para quem as tiver e boas deduções!




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