domingo, 8 de fevereiro de 2015

POLICIÁRIO 1227


[Transcrição da secção n.º 1227 publicada 

hoje no jornal PÚBLICO]

QUEM DÁ UMA AJUDA AO SARGENTO ALENTEJANO DA GNR?


O problema que hoje publicamos é, também, uma homenagem ao nosso confrade recentemente falecido, Rip Kirby.
Tratando-se de um dos produtores de enigmas policiários mais prolixos dos últimos tempos, iremos sentir a sua falta nas competições onde sempre deixava a sua marca.
Vamos, pois, até ao Alentejo na companhia do confrade natural de Olhão e residente durante muitos anos no Barreiro, com passagem prolongada pela cidade de Varginha, no Brasil, aproveitando para matarmos saudades de um produtor que se calou para sempre, mas deixou uma vasta obra.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL - 2015
PROVA N.º 1 – PARTE II
UM CRIME NO ALENTEJO – Original de RIP KIRBY


Sete horas da tarde de um dia qualquer de um qualquer mês de Dezembro no posto da GNR de uma vila qualquer do Alto Alentejo. O telefone toca.
A um canto da secretária dois pires de café, como se fossem castiçais, continham, apagadas, cada um uma vela de cera meio gasta. Na base das velas via-se os restos da cera que havia derretido.
Lá fora, na rua, o temporal era medonho e o contínuo ribombar dos trovões tornava difícil ao agente que atendeu a chamada entender o que do outro lado da linha lhe era dito. Por fim lá conseguiu entender o recado e respondeu laconicamente: vamos já mandar alguém para aí.
Daí a momentos o agente estava transmitindo ao segundo sargento que comandava o posto o recado que recebera. Numa vivenda situada no final daquela mesma rua havia acontecido uma morte com toda a aparência de crime.
O sargento convocou dois agentes para o acompanharem e dirigiu-se ao lugar indicado onde chegou cerca de dez minutos mais tarde. Foi de imediato encaminhado por uma serviçal a um quarto de dormir onde sobre a cama se via o corpo de uma senhora já idosa deitada sobre o seu lado direito vendo-se na têmpora esquerda um ferimento, chamuscado e com resíduos de pólvora, provocado por um tiro.
O braço direito encontrava-se estendido numa diagonal de cerca de 45º em relação ao corpo e na mão correspondente, embora de modo precário, segurava um revólver.
O segundo sargento concluiu que se tratava de um crime o que foi confirmado mais tarde, tal como o revólver também foi confirmado como sendo a arma do crime.
O militar da GNR iniciou imediatamente as diligências tendo em vista deslindar o caso, que talvez lhe viesse a valer uma promoção.
Começou por passar uma vista de olhos pelo quarto.
Sobre uma cómoda viam-se algumas imagens religiosas iluminadas por três ou quatro velas quase completamente gastas, mas ainda acesas. Sobre uma das mesas-de-cabeceira, para além de um candeeiro, estava um tabuleiro com um bule de chá, uma chávena limpa sobre o respectivo pires, um açucareiro, uma colher e um pires contendo uma torrada.
Na outra mesa-de-cabeceira havia igualmente um candeeiro, uma moldura com a foto de um casal e um relógio electrónico, em cujo mostrador os dígitos piscando indicavam 00:40.
Numa escrivaninha a um canto do quarto estava um telefone.
Às perguntas do sargento a serviçal respondeu: “Eram quase sete horas quando vim trazer o chá à senhora. É costume vir às 17 horas, mas hoje não deu para isso. Quando entrei estranhei ver a senhora deitada, mas só quando cheguei perto dela é que vi que estava morta. Pousei o tabuleiro do chá sobre a mesa-de-cabeceira e telefonei para a guarda mesmo daqui do quarto, depois desci e fui comunicar o caso aos meninos.” Os meninos são os três sobrinhos da senhora.
O sargento desceu para o rés-do-chão e foi interrogar os sobrinhos da vítima.
Leonardo respondeu: “Desde as 16 horas, quando a tempestade se iniciou, que estive na varanda observando o fantástico espectáculo que é uma tempestade como a de hoje. Só saí da varanda quando a Fulgência me disse que a tia tinha morrido e que já havia telefonado para a GNR. Ainda estive para subir, mas depois pensei que já não ia adiantar nada, além de que descuidadamente poderia deixar algum vestígio que me comprometesse, pelo que fiquei aqui na sala onde já estava o Paulo.”
Paulo, que envergava um grosso roupão, disse: “Eu ausentei-me logo a seguir ao almoço e só cheguei a casa perto das 17h. Nessa ocasião já chovia a bom chover. Tomei um banho quente vesti o pijama e este roupão e vim sentar-me na sala esperando que a Fulgência trouxesse o chá. Creio que adormeci, pois não me lembro de nada a não ser de Leonardo abanando-me e dizer-me que a tia tinha morrido. Ia correr para o quarto dela, mas ele não me deixou.”
O Vítor afirmou: “Após o almoço fui para o meu quarto onde permaneci toda a tarde, fazendo um trabalho no computador. Só quando a Fulgência me disse que a tia estava morta é que desci. Antes, porém, fui ao quarto dela para me certificar de que a Fulgência não estava equivocada depois juntei-me aos meus primos.
Antes de se retirar o sargento pediu a Fulgência que o levasse a ver os quartos dos rapazes.
Todos os quartos se encontravam impecavelmente arrumados. Apenas o quarto de banho de Paulo tinha o chão molhado e a um canto, dentro de uma cesta algumas peças de roupa molhada.
O quarto de Vítor tinha o mobiliário exactamente igual ao dos primos com apenas uma pequena diferença. A um canto havia uma secretária sobre a qual se via um moderno computador de secretária que se encontrava desligado.
Como todas as evidências indicam que estamos perante um crime quem dá uma ajuda ao segundo sargento para ganhar a sua promoção dizendo que o criminoso foi:

A – O Paulo
B – A Fulgência
C – O Vítor
D – O Leonardo


E pronto!
Resta aos nossos “detectives” darem a resposta, indicando a alínea por que optam, impreterivelmente até ao próximo dia 28 de Fevereiro, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos endereços:
- Por entrega em mão ao orientador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas deduções!



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