domingo, 2 de agosto de 2015

JARTURICE 213

                                                   

                    PROBLEMAS POLICIAIS – 216 - # 213
              (Diário Popular # 5716 – 06.09.1958)
                      O inspector Fauvel parecia, contra o que lhe era habitual, ter dificuldade em tomar uma decisão.
- Eis os factos: - disse ele aos colegas reunidos no seu gabinete. – Exactamente às 17 e 4 da última terça-feira, um certo Sylvain Nellard recebeu um telegrama quando se encontrava no seu gabinete em Argel. O telegrama era de uma irmã, que lhe pedia que se dirigisse imediatamente a Paris, visto encontrar-se gravemente enferma uma sua tia. Sylvain não hesitou um momento. E pouco depois tomava um avião da carreira Argel – Paris, a bordo do qual havia, por sorte, um lugar disponível. O aparelho levantou voo às 17 e 55 e, às 21 e 10, precisamente, aterrava em Paris, onde Sylvain não ia há três meses.
         Dirigiu-se logo à residência da tia, onde chegou às 21 e 56. Entretanto, um tratamento enérgico e rápido da doente, feito por um especialista, havia-a salvo de uma crise que podia ter sido fatal. Tranquilizado, Sylvain decidiu ir dar uma volta. Assim, saiu cerca das 22 e 25 e, depois de um longo passeio pelas margens do lago Enghrien, regressou à residência da tia à meia-noite e cinco.
         - Ora – prosseguiu o inspector – nessa mesma noite, entre as 23 e as 23 e as 23 e 30, um certo Bertrand Cadel foi assassinado na sua residência, situada apenas a dois quilómetros da ocupada pela tia de Sylvain.
         E de um «dossier» que ficou aberto sobre a mesa de trabalho de Bertrand Cadel tinha desaparecido um documento. Soubemos tratar-se dum reconhecimento de dívida, de Sylvain Nellard a Bertrand Cadel, no montante de dez milhões de francos. Esse reconhecimento de dívida tinha-o Bertrand guardado precisamente, até aí, no cofre-forte do seu escritório parisiense, e a sua secretária ficara surpreendida ao ouvir o patrão pedir-lho, pouco antes de deixar o escritório, pelas 15 e 50 da tarde do próprio dia da sua morte.
         Nellard declara que não encontrou pessoa alguma durante o seu passeio nocturno, mas admite ter passado diante da residência de Cadel, cerca das 23 horas. Declara, igualmente, nunca ter sabido que Cadel vivia sòzinho nessa casa, tendo apenas uma porteira muito idosa e surda. E ele nega ter tido qualquer participação neste curioso caso.
         Prosseguindo as minhas investigações  –  informou ainda o inspector – apurei que a família de Sylvain Nellard ignorava por completo as relações de Sylvain com Cadel e menos sabia ainda da existência dum reconhecimento de dívida. O médico da tia de Sylvain ignorava igualmente esses pormenores.
         O caso é deveras complicado, como vêem. Não sei se serão da minha opinião, mas em meu entender Sylvain Nellard não pode, ao menos por enquanto, ser inquietado, contrariamente ao que pensa o juiz de instrução…      
         Os colaboradores do inspector Fauvel permaneceram silenciosos. Manifestamente, o problema que lhes havia sido submetido era complexo.
        
E como tinha o inspector chegado a uma conclusão tão favorável a Nellard, que diversos factores pareciam condenar

 (Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste caso)



*     *     *     *     *   







Solução do problema # 212
(Diário Popular # 5709 – 30.08.1958)


Simplesmente no facto de Gerber ter podido encobrir o seu crime servindo-se de dois pares de sapatos idênticos, comprados no mesmo momento. Eis o que, na realidade, se passou: Gerber deixou as pegadas na terra mole do caminho que conduzia ao local onde estava o carregamento de madeira, utilizando para isso um par de sapatos exactamente iguais aos que a criada teve de limpar da lama, na manhã seguinte. Mas, essas pegadas havia-as ele deixado à tarde e não à noite. Entretanto, calçou os outros sapatos para se dirigir ao local em que sabia encontrar-se o seu rival. Depois, destruiu esse segundo par de sapatos – que podiam traí-lo, porque a natureza do terreno não era a mesma – e regressou a casa calçando os sapatos enlameados. O seu único erro foi ter comprado os dois pares de sapatos ao mesmo comerciante!    






 Jarturice-213 (Divulgada em 02.Agosto.2015)







APRESENTAÇÃO
E
DIVULGAÇÃO
DE: J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt

Sem comentários: