quarta-feira, 19 de agosto de 2015

JARTURICE 229

               
                PROBLEMAS POLICIAIS – 232 - # 229
          (Diário Popular # 5845 – 17.01.1959                                                     

Gabrielle Lauron e Jean-Pierre Lorgen olhavam em silêncio enquanto o inspector, mais por hábito do que por convicção, examinava o conteúdo das algibeiras de Laurent Rolland. Tinham um maço de cigarros, fósforos, um relógio de pulso, um alfinete de gravata, uma caneta, uma carteira, um lenço e uma gravata. Tudo isto nos bolsos do casaco. O conteúdo dos bolsos das calças não era mais interessante: moedas, uma nota de 500 francos, as chaves do automóvel e uma lima de unhas.
         O inspector terminou o exame do cadáver do afogado e pediu a Gabrielle e a Jean-Pierre que contassem o que sabiam.
- Jean-Pierre e eu – disse Gabrielle – assim como Laurente, devíamos encontrar-nos esta manhã, aqui na baía. Enquanto nós mudávamos de roupa na praia, Jean-Pierre viu que não tinha cigarros. Foi buscá-los no carro dele, à pequena localidade que fica a alguns centos de metros daqui. Entretanto eu meti-me na água. Já lá estava, quando vi chegar o carro de Laurent. Ele desceu e fez-me um aceno alegre. Foi nesse instante que eu senti uma cãibra violenta no estômago. Era uma dor de enlouquecer. Senti-me afundar. Perdi o conhecimento…
- Foi nesse instante que eu cheguei – continuou Jean-Pierre, interrompendo Gabrielle. Mal saíra do carro quando o drama se desenrolou ante mim, com uma rapidez fulminante. Vi Laurent despir o casaco e os sapatos e atirar-se à água. Eu sabia que ele era um fraco nadador. Por meu turno atirei-me à água vestido, cheguei até junto de Gabrielle e consegui trazê-la para a praia. Depois, pensei em Laurent. Estava em dificuldades a vinte metros da margem. Mergulhei de novo. Estava quase a atingi-lo quando ele mergulhou. Tive imensa dificuldade em o trazer par terra. Mas era demasiado tarde…
- Ele descalçou-se ou tirou primeiro o casaco? – perguntou Fauvel.
- Creio que ele tirou primeiro os sapatos – respondeu Gabrielle, com pouca convicção.
- Não: primeiro tirou o casaco. – disse Jean-Pierre.
O inspector olhou os sapatos de Laurent, que estavam perto do automóvel.
- O vosso amigo usava geralmente um casaco? Isto não é costume, no Verão, aqui na costa…
Gabrielle, resmungando, respondeu:
- Sabe, Laurent era um rapaz estranho…
- É possível. – murmurou Fauvel. Mas de momento, o que eu acho estranho é a vossa atitude. Queiram seguir-me. A Polícia tem mais perguntas a fazer-lhes…

Porque é que o inspector Fauvel falava assim? 

(Divulgaremos amanhã, a solução oficial deste caso)

*     *     *     *     *







Solução do problema # 228
(Diário Popular # 5831 – 03.01.1959)

O inspector Fordney sabia que era impossível, mesmo a um homem dotado de excelente memória visual, percorrer trezentos metros, seguindo rigorosamente uma linha recta, até um determinado objectivo, em pleno e denso nevoeiro. Lou Mallorini tinha preparado o cenário do seu rapto e deixado as suas pegadas na areia. O nevoeiro que caíra durante a noite, no entanto, provava que ele mentira.

Jarturice-229 (Divulgada em 18.Agosto.2015)



APRESENTAÇÃO E
DIVULGAÇÃO DE:
 J A R T U R
jarturmamede@aeiou.pt


Sem comentários: