À
PROCURA DE UM ALDRABÃO…
À
medida que nos vamos aproximando do epílogo das nossas competições, vai ficando
mais estreita a margem de erro que os nossos “detectives” poderão ter. Aliás, é
conhecido o facto de, normalmente, os vencedores dos torneios acabarem com a
totalidade das pontuações, ainda que em grupos muito restritos, sendo
necessário o recurso aos factores de desempate. Mas já tivemos todas as
situações e certamente que a esperança de recuperação de um ponto perdido tem
de estar sempre presente, um mero ponto, que pode parecer insignificante, mas
acaba por representar um “tombo” de dezenas ou até centenas de lugares na
tabela classificativa!
Todos
sabemos que apenas haverá um vencedor final, mas no Policiário luta-se pela
melhor posição possível e ninguém desprezará a possibilidade de subir um lugar,
se o puder fazer!
A
prova de hoje é de autoria da escalabitana Detective Jeremias, uma “detective”
que tem primado por uma regularidade espantosa ao longo dos anos que já leva de
competição na nossa secção, onde já conquistou praticamente tudo em matéria de
decifração, incluindo ter sido campeã nacional. Este ano, também a produção
está na sua mira, numa nova demonstração de qualidade.
Fiquemos,
pois, com este desafio que vem de Santarém…
CAMPEONATO
NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2015
PROVA
N.º 8 – PARTE II
“O
CASO TORTA” – Original de DETECTIVE JEREMIAS
Durante
três semanas fui uma das responsáveis por um encontro ibérico de 40 jovens adolescentes
vindos de várias zonas do país − incluindo Madeira e Açores − e de três regiões
autónomas espanholas: Catalunha, Galiza e Euskadi. Estamos distribuídos por
meia dúzia de tendas de campanha cedidas pelo exército, que também montou algum
equipamento para actividades e as instalações sanitárias. Temos um pavilhão
central de apoio e convívio, onde funcionam a cozinha e o refeitório. Participámos
na pintura de algumas casas da aldeia onde estávamos acampados e também na
apanha de fruta, fizemos provas desportivas e campeonatos de tudo e mais alguma
coisa. Os debates e a troca de experiências e informação sobre o local de
proveniência de cada um de nós – lendas, jogos tradicionais, gastronomia ou
outras curiosidades, foram eleitos como as actividades preferidas. Cá para mim
a gastronomia é que marcou mais pontos, porque nunca na vida me cruzei com
pessoas que comessem tanto, nem que estivessem sempre tão disponíveis para
comer. É um grupo barulhento, cheio de alegria e boa onda.
Hoje
é o último dia e felizmente tudo correu sem problemas, ou melhor, quase sem
problemas. Tivemos um “desaparecimento”. Calma, calma, não perdemos nenhum um
miúdo, “desapareceu” uma torta de chocolate. Fui eu a receber o pão que a
padeira costuma vir entregar de carrinha, perto das 7 da manhã. Desta vez vinha
com uma oferta: um tabuleiro repleto de tortas de chocolate para o almoço de
despedida. É verdade que não as contei, mas tenho a certeza de que o tabuleiro
tinha as tortas perfeitamente alinhadas, sem espaço para mais nada, e passada
uma meia hora dei pela falta de uma: parecia um lugar vazio num parque de estacionamento
lotado. Quem levou a torta entrou por uma janela aberta nas traseiras, porque
eu, dois monitores e alguns miúdos estivemos a preparar o pequeno-almoço perto
do outro acesso possível, a porta de entrada. Eu suspeito que se tratou do
trabalhinho de uma só pessoa, se estivessem vários envolvidos possivelmente
teriam voado mais tortas, mas é claro que não tenho a certeza.
Só
estão duas tendas instaladas nas traseiras do pavilhão. Alguns dos que ocupam
essas tendas estavam ocupados com o pequeno-almoço. Sobram estes quatro
“suspeitos” que estão agora alinhados à minha frente com o ar mais cândido do
mundo, depois de confrontados com o desaparecimento matinal da torta de
chocolate, adorada por todos.
Cristiano
é madeirense, ou melhor porto-santense, como ele gosta de frisar. É alto e
magro com o cabelo encaracolado. Sonha ser biólogo. Foi ele quem nos contou a
ligação de Colombo à ilha de Porto Santo e a história do bolo do caco. Disse: “Quando
acordei já passava das 7 e meia. Custou-me a adormecer ontem à noite, bem
tentava mas o sono não vinha. Até ‘tou meio monengo.
E já tenho saudades disto tudo e de todos.”
Sergi
é catalão. Apesar de franzino, ou se calhar por causa disso, é dos rapazes mais
ágeis do grupo. Jura a pés juntos que vai ser pintor. Sabe muito sobre Gaudi,
Dali e Miró e até estava a par da polémica em Portugal. Disse numa mistura
linguística: “Estive a içar as banderas.
Hoy era eu o responsable. Prendre més
tempo porque a da minha região ‘tava ao contrário e tive da per correctamente”.
Raul
é um tripeiro ferrenho, é o humorista de serviço do grupo. Quer ser actor
quando for mais velho e já até frequentou alguns “cursos sérios”. Contou ao
grupo tudo o que conhece sobre o Porto e ensinou a fazer a “melhor francesinha
do mundo”. Disse: “Taba a enfiar a
roupa na mochila fora da tenda e bi
um cão, acho que era um cão, saltar e entrar pela janela lá de trás. Bai na bolta foi ele que tirou a torta”.
Agustín
é basco e é o nosso principal animador musical. Sempre que pode está a tocar ou
a dedilhar a sua viola. Nem é preciso dizer o que ele quer ser no futuro. Foi
com ele que ficámos a conhecer e construímos uma txalaparta. Disse: “ No vi nadie. No sé nadie sobre que tirou la torta. Las manchas que tengo na tshirt son la barra de chocolate comí
esta mañana, no son da torta.
Os
rapazes podem estar a falar verdade, ou não… Mas tenho a certeza de que um
deles me está a aldrabar. Se esse for o “ladrão” da torta, já sei quem é o
culpado.
De
quem desconfia a narradora?
A
– Cristiano.
B
– Sergi.
C
– Raul.
D
– Agustín.
E
pronto.
Deitados
os dados do problema, resta aos nossos “detectives” dizerem de sua justiça,
impreterivelmente até ao próximo dia 15 de Outubro, podendo usar um dos
seguintes meios:
- Pelos Correios para
Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por e-mail para um dos
endereços:
- Por entrega em mão ao
orientador da secção, onde quer que o encontrem.
Chamamos
mais uma vez a atenção para a absoluta necessidade de identificarem com toda a
clareza a letra correspondente à opção que tomarem, sob pena de não poderem
somar a totalidade dos pontos em disputa.
Boas
deduções!
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