TERTÚLIAS
POLICIÁRIAS
UMA
FORMA DE ASSOCIATIVISMO CULTURAL
Uma das marcas registadas
do Policiário ao longo das muitas décadas que já leva de actividade, são as
Tertúlias Policiárias.
A sua forma de funcionar
foi variada, dependendo da localização e composição, mas teve sempre como
função principal promover o contacto entre pessoas que tinham como interesse a
literatura policial e a troca de impressões sobre a actividade desenvolvida nas
secções policiárias que existiam por todo o país, em publicações regionais.
Quando procuramos situar
esta forma de associação ligada ao Policial, vamos encontrar novamente a figura
do inevitável Sete de Espadas, desde logo por ter sido o impulsionador de
muitas secções policiárias e nessa qualidade ter propiciado a aparição de
tertúlias em muitas localidades onde havia vários concorrentes.
Famosa, terá ficado a
Tertúlia Policiária Ribatejana, muitas vezes mencionada como a mais organizada
e importante, por onde passaram muitos dos vultos que fizeram o policiário tal
como o conhecemos. Mas outras houve, espalhadas pelo país, um país onde quase
nada chegava; onde as comunicações não existiam ou eram precárias e
dispendiosas; onde o acesso à cultura ou a um simples livro era privilégio
raro. Nesse país que muitos de nós ainda conheceram, um livro policial era
partilhado nas tertúlias, muitas vezes lido em voz alta à luz de candeeiros de
petróleo ou velas de cera! Juntavam-se os centavos necessários para uma
assinatura de um jornal ou revista e todos liam os desafios publicados,
discutiam-nos e faziam as respostas, que depois eram enviadas por correio, num
postal por ser mais barata a tarifa.
Há, ainda, histórias
feitas de verdade ou de lenda, de confrades que andavam muitos quilómetros de
bicicleta, pela noite dentro, para irem às reuniões das tertúlias, sempre à
noite porque de dia se trabalhava… E histórias de encontros com polícias que
julgavam estar na presença de contrabandistas ou de conspiradores noctívagos!
Estas histórias são
património do Policiário e merecem ocupar um lugar de destaque, pelo que
incentivamos os nossos confrades mais antigos, que estiveram ligados a estas
formas de associação, a trazerem-nos as suas memórias desses tempos e de todos
os tempos, também aquilo que eles próprios ouviram contar dos seus
antecessores, para que possamos transmitir às novas gerações de policiaristas a
matriz que nos trouxe até aqui e deixarmos esses testemunhos que não se podem
perder no esquecimento.
O Policiário é como se
estivesse no nosso ADN e a maioria de nós já não conseguiria viver sem ele e
estes tempos actuais são de mudança, também para nós, com o nosso confrade
Jartur empenhado no Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa,
que está a “desenterrar” centenas de páginas de secções que estavam esquecidas
e que graças à sua perseverança, estão a encontrar a luz do dia e a revelar que
o Policiário foi, afinal, muito mais vasto, importante e profundo do que
suspeitávamos, superando mesmo as
expectativas mais optimistas. E, mais que isso,
ainda esconde “segredos e tesouros” que não imaginamos até onde irão. Será também
tempo de iniciarmos o trabalho de ouvirmos os nossos confrades mais antigos,
para memória futura, sobre as recordações desses tempos em que o Policiário
preenchia muitas das lacunas espirituais de quem queria ler, conhecer,
desenvolver um raciocínio lógico, conviver com quem tinha os mesmos interesses
e objectivos, enfim, quase tudo o que a lógica política e social da altura
queria evitar.
Esta nossa secção é uma
homenagem às Tertúlias Policiárias, no seu todo, não fazendo distinções que
seriam sempre injustas, porque cada uma delas representou, em todas as épocas e
em todos os locais, uma bolsa de cultura, um grito contra o isolamento, um
querer estar com quem se gosta de estar, uma reunião de amigos…
E como estamos a falar de
tertúlias, vamos dar a palavra àquela que nos últimos anos tem transportado o
fogo do passado, teimando em não o deixar extinguir. Desta feita é mais um
encontro/convívio, com uma finalidade determinada, mas na sua essência é mais
uma iniciativa para que os confrades se possam abraçar e reforçar a amizade e
camaradagem que sempre esteve e está presente:
Tertúlia
Policiária da Liberdade
Convívio de Outono
Dia 18 de Outubro,
domingo. Taverna dos Trovadores, Sintra
A
Tertúlia Policiária da Liberdade leva a efeito no próximo dia 18 de Outubro,
domingo, um convívio outonal cujo principal objectivo é juntar policiaristas em
alegre cavaqueira de confraternização.
De
caminho, apresentar-se-á o livro do Concurso de Contos do XI Convívio da TPL e
falar-se-á da possível edição de uma antologia de problemas policiais
produzidos por confrades ligados à TPL ao longo da sua existência.
A
concentração na Taverna dos Trovadores far-se-á a partir das 11:30 e o preço do
almoço é de 15,50.
O
restaurante, como sabem, situa-se no extremo norte do Largo D. Fernando II,
também conhecido pelo Largo da Feira, em S. Pedro de Sintra.
Contactos,
para esclarecimentos e inscrições: 214719664 ou 966102077 (Pedro Faria);
213548860 ou 966173648 (António Raposo); 219230178 ou 965894986 (Rui Mendes).
A
fim de se poderem assegurar as comodidades necessárias, as inscrições deverão
ser efectuadas até às 21:00 de sexta-feira, 16 de Outubro.
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