domingo, 27 de setembro de 2015

POLICIÁRIO 1260



TERTÚLIAS POLICIÁRIAS

UMA FORMA DE ASSOCIATIVISMO CULTURAL

Uma das marcas registadas do Policiário ao longo das muitas décadas que já leva de actividade, são as Tertúlias Policiárias.
A sua forma de funcionar foi variada, dependendo da localização e composição, mas teve sempre como função principal promover o contacto entre pessoas que tinham como interesse a literatura policial e a troca de impressões sobre a actividade desenvolvida nas secções policiárias que existiam por todo o país, em publicações regionais.
Quando procuramos situar esta forma de associação ligada ao Policial, vamos encontrar novamente a figura do inevitável Sete de Espadas, desde logo por ter sido o impulsionador de muitas secções policiárias e nessa qualidade ter propiciado a aparição de tertúlias em muitas localidades onde havia vários concorrentes.
Famosa, terá ficado a Tertúlia Policiária Ribatejana, muitas vezes mencionada como a mais organizada e importante, por onde passaram muitos dos vultos que fizeram o policiário tal como o conhecemos. Mas outras houve, espalhadas pelo país, um país onde quase nada chegava; onde as comunicações não existiam ou eram precárias e dispendiosas; onde o acesso à cultura ou a um simples livro era privilégio raro. Nesse país que muitos de nós ainda conheceram, um livro policial era partilhado nas tertúlias, muitas vezes lido em voz alta à luz de candeeiros de petróleo ou velas de cera! Juntavam-se os centavos necessários para uma assinatura de um jornal ou revista e todos liam os desafios publicados, discutiam-nos e faziam as respostas, que depois eram enviadas por correio, num postal por ser mais barata a tarifa.

Há, ainda, histórias feitas de verdade ou de lenda, de confrades que andavam muitos quilómetros de bicicleta, pela noite dentro, para irem às reuniões das tertúlias, sempre à noite porque de dia se trabalhava… E histórias de encontros com polícias que julgavam estar na presença de contrabandistas ou de conspiradores noctívagos!
Estas histórias são património do Policiário e merecem ocupar um lugar de destaque, pelo que incentivamos os nossos confrades mais antigos, que estiveram ligados a estas formas de associação, a trazerem-nos as suas memórias desses tempos e de todos os tempos, também aquilo que eles próprios ouviram contar dos seus antecessores, para que possamos transmitir às novas gerações de policiaristas a matriz que nos trouxe até aqui e deixarmos esses testemunhos que não se podem perder no esquecimento.
O Policiário é como se estivesse no nosso ADN e a maioria de nós já não conseguiria viver sem ele e estes tempos actuais são de mudança, também para nós, com o nosso confrade Jartur empenhado no Arquivo Histórico da Problemística Policiária Portuguesa, que está a “desenterrar” centenas de páginas de secções que estavam esquecidas e que graças à sua perseverança, estão a encontrar a luz do dia e a revelar que o Policiário foi, afinal, muito mais vasto, importante e profundo do que suspeitávamos, superando mesmo as
expectativas mais optimistas. E, mais que isso, ainda esconde “segredos e tesouros” que não imaginamos até onde irão. Será também tempo de iniciarmos o trabalho de ouvirmos os nossos confrades mais antigos, para memória futura, sobre as recordações desses tempos em que o Policiário preenchia muitas das lacunas espirituais de quem queria ler, conhecer, desenvolver um raciocínio lógico, conviver com quem tinha os mesmos interesses e objectivos, enfim, quase tudo o que a lógica política e social da altura queria evitar.
Esta nossa secção é uma homenagem às Tertúlias Policiárias, no seu todo, não fazendo distinções que seriam sempre injustas, porque cada uma delas representou, em todas as épocas e em todos os locais, uma bolsa de cultura, um grito contra o isolamento, um querer estar com quem se gosta de estar, uma reunião de amigos…


No blogue “CRIME PÚBLICO”, em http://blogs.publico.pt/policiario, vamos procurar falar de Tertúlias Policiárias ao longo dos tempos, ouvir depoimentos, revelar fotos e documentos que traduzam essa realidade que corre o risco de se perder e para que isso possa ser uma realidade, pedimos a colaboração de todos os que nos quiserem ajudar a prestar homenagem a todos aqueles que foram ou são membros das Tertúlias Policiárias!



E como estamos a falar de tertúlias, vamos dar a palavra àquela que nos últimos anos tem transportado o fogo do passado, teimando em não o deixar extinguir. Desta feita é mais um encontro/convívio, com uma finalidade determinada, mas na sua essência é mais uma iniciativa para que os confrades se possam abraçar e reforçar a amizade e camaradagem que sempre esteve e está presente:



Tertúlia Policiária da Liberdade
Convívio de Outono
Dia 18 de Outubro, domingo. Taverna dos Trovadores, Sintra

A Tertúlia Policiária da Liberdade leva a efeito no próximo dia 18 de Outubro, domingo, um convívio outonal cujo principal objectivo é juntar policiaristas em alegre cavaqueira de confraternização.
De caminho, apresentar-se-á o livro do Concurso de Contos do XI Convívio da TPL e falar-se-á da possível edição de uma antologia de problemas policiais produzidos por confrades ligados à TPL ao longo da sua existência.
A concentração na Taverna dos Trovadores far-se-á a partir das 11:30 e o preço do almoço é de 15,50.
O restaurante, como sabem, situa-se no extremo norte do Largo D. Fernando II, também conhecido pelo Largo da Feira, em S. Pedro de Sintra.
Contactos, para esclarecimentos e inscrições: 214719664 ou 966102077 (Pedro Faria); 213548860 ou 966173648 (António Raposo); 219230178 ou 965894986 (Rui Mendes).
A fim de se poderem assegurar as comodidades necessárias, as inscrições deverão ser efectuadas até às 21:00 de sexta-feira, 16 de Outubro.



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