domingo, 6 de março de 2016

POLICIÁRIO 1283



A MORTE DO MAGNATA DOS PLÁSTICOS

Depois de todos os “detectives” se terem debruçado sobre os problemas da prova n.º 1, cujo prazo decorreu até ao último dia de Fevereiro, mal deixando recuperar o folego, é chegado o momento da segunda dose de policiário, que hoje tem o seu início.
Trata-se de um problema que requer um pouco mais de atenção, em que temos um cadáver e um local de crime que tem de nos fornecer os elementos que permitam retirar as conclusões correctas.
As nossas investigações têm de obedecer a todos os parâmetros de uma investigação real, ou seja, as provas recolhidas, os depoimentos, as regras de actuação dos investigadores têm de cumprir os requisitos exigidos. Em suma, cada caso tem de ser apresentado como se fosse real e plausível.
Atenção àquilo que se refere nos diversos pontos do problema, em que a descrição do narrador deverá ser tomada como correcta e os depoimentos recolhidos considerados como isso mesmo, apenas depoimentos, passíveis de contraditório.
Este problema não encerra especial dificuldade e pode ser entendido como um excelente exercício para melhoria do processo de decifração.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
PROVA N.º 2 - PARTE I
“SUICÍDIO OU HOMICÍDIO?” – ORIGINAL DE JOHN DEATH

Humberto olhou pela janela, que dava para o quintal, bastante abandonado, com muitas ervas daninhas e mato alto. Via-se que há muito não passava por ali quem o tratasse. Debruçou-se da janela e reparou que junto à parede, cerca de três metros abaixo, havia estilhaços do vidro da janela onde estava. Apesar da chuva que caíra nas últimas horas, não havia poças de água, sinal que a terra a absorvera. Ao olhar para a direita, notou que um objecto brilhava com o reflexo que o sol causava, distando cerca de 2 metros da parede. Verificou depois que se tratava da cápsula da munição que provocou a morte do magnata dos plásticos, Jorge Maneiras.
A vítima estava deitada de costas, com a cabeça na direcção da porta de acesso ao escritório e os pés em direcção da única janela, por onde olhara o investigador Humberto. No peito, notava-se uma mancha de sangue, tendo-se comprovado mais tarde que era o local por onde entrara o projéctil que lhe causou a morte instantânea.
Quem descobriu o cadáver foi o irmão mais novo, Adalberto, que ao passar à porta do escritório estranhou vê-la fechada, o que não era usual, já que o irmão fazia questão de estar sempre atento aos movimentos do corredor. Primeiro pensou que ele não estivesse lá e não ligou, mas quando regressou, quase uma hora depois, as suspeitas avolumaram-se. Decidiu bater á porta e chamar pelo irmão e como não teve resposta, rodou a maçaneta da porta e deu com o triste cenário.
- O mano estava deitado de costas e com o peito ensanguentado. Junto da mão esquerda estava a pistola que ele tinha desde sempre, para sua defesa, como dizia, mas que nunca usou, pelo menos que me lembre, nem em treino. Era só para dizer que tinha. Ele andava muito estranho ultimamente, não sei bem porquê, acho que os negócios do plástico não iam lá muito bem, mas isso quem deve saber é o contabilista dele. Ele pouco falava comigo, aqui para nós, não eramos muito chegados, partilhamos este casarão de família, mas cada qual fazia a sua vida e raramente nos falávamos e quando o fazíamos eram conversas circunstanciais.
- A janela estava aberta ou fechada?
- Estava fechada, mas o vidro estava partido.
- Quem mais vive aqui?
- Ninguém. O mano não queria ninguém por cá. Todos os dias à tarde vem cá uma senhora fazer as limpezas, fazer camas, aspirar, lavar loiças quando há, coisas assim e vai-se embora.
- E as refeições?
- Eu vou almoçar e jantar fora todos os dias. Ele, não sei. Umas vezes acho que ia fora, outras, devia desenrascar-se por cá.
- Disse que o seu irmão andava diferente. Em quê?
- Desde que teve um acidente que o imobilizou e os negócios começaram a correr mal… Caiu e andou muito tempo com o braço esquerdo imobilizado e durante este tempo nem podia assinar e foi o contabilista dele que fez tudo, não sei como, mas acho que não correu muito bem e o meu irmão andava muito zangado e deprimido. Mas nunca pensei que fizesse isto! Cá para mim, ainda não acredito que o tenha feito…
- Feito o quê?
- Ora, isto, matar-se desta maneira, suicidar-se!
- Acha mesmo que se suicidou?
- Bem, só pode ter sido isso, não é?
- Hum… Então como explica o vidro da janela estilhaçado?
- Deve ter sido a saída da bala pelas costas, não?
- Hum… E a cápsula da munição no jardim?
- O quê? Quer dizer que… alguém o veio matar pelo jardim?
- Hum…

E pronto!
Resta aos nossos “detectives” completar este problema, que deixa múltiplas pistas, explicando muito bem cada uma das deduções que vão fazendo.
Recordamos que um problema policiário só ficará completamente decifrado quando forem retiradas todas as consequências do mesmo. Quer isto dizer que não basta apontar uma prova incriminatória, mesmo que essa fosse mais do que suficiente para provar o crime, mas antes é necessário apontar todas as provas!
As respostas devem ser dadas, impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Março, para o que poderão usar um dos seguintes meios:

 - Pelo Correio: Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por entrega em mão ao orientador, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!



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