quarta-feira, 6 de abril de 2016

II TORNEIO NACIONAL - CLUBE LITERATURA POLICIAL - PROBLEMA 9

                                                          
                                                                                        
II  TORNEIO   NACIONAL   DE   PROBLEMÍSTICA   POLICIÁRIA

Problema n.º 9
«R A P T O»                                                       Publicado na revista “FLAMA” # 531
Original de: «INSPECTOR LAVADINHO»    em 08 de Maio de 1958

Quando desci do carro da Polícia, vi encostado a um portão de ferro o sargento que me aproximei mimoseou-me com uma significativa careta, a que eu já habituado ao seu «código fisionómico» decifrei logo como: Um caso bicudo.
Em duas palavras, contou-me o que conseguira apurar: A filha dos donos da casa, de 7 meses de idade, fora raptada.
A ama abandonara o quarto por momentos, e quando voltara, a criança tinha desaparecido.
Verifiquei que o gradeamento confinante com a esquina da moradia, era alto, e as trepadeiras que se entrelaçavam nos ferros pontiagudos, impediam olhares curiosos do exterior. O sargento fez rodar o ferrolho, e empurrando o portão, comum ao acesso das traseiras da moradia e da garagem anexa, convidou-me a entrar. O jardim, bastante aprazível, estava tratado, com esmero; linhas limpas e sinuosas veredas circundavam canteiros floridos; mais para o fim, alguns chapéus-de-sol e cadeiras de repouso com uma nota alegre e garrida, tomavam o lugar das flores nos canteiros relvados.
Guiado pelo meu ajudante segui paralelamente ao gradeamento, até que ele estacou, apontando para o chão, de terra batida, onde se viam nítidas pegadas feitas por sapatos de salto alto de mulher. As pegadas de acentuada forma convexa, denotavam um andar bamboleante, principiavam junto dum canteiro, seguiam em linha recta na direcção da fachada lateral da casa e cessavam perto dum pequeno e baixo muro feito de buxo; todavia, passado este ligeiro obstáculo, continuavam, sem sofrer qualquer alteração, no mesmo sentido, até junto da parede caiada, onde findavam; findavam não é bem o termo, porque obliquamente às primeiras havia três pares de marcas sobrepostas, e depois sim, nem mais uma! Admirado olhei para o sargento, que aproximando dos lábios os dedos unidos, assoprou. Exprimia-se outra vez em «código». Baixei-me, junto à parede, pesquisando o solo, por debaixo da janela aberta, que se encontrava à altura de 2 metros, e que pertencia ao aposento.
- Nada chefe, - disse o sargento, - também já fiz o mesmo e não vi nada!
Contornando o edifício, entrámos pela porta das traseiras. Entre as serviçais, reinava a desorientação e o resultado do interrogatório foi nulo. No quarto da desaparecida, ao inspeccioná-lo, nada encontrei digno de registo. Sentada num tamborete, a ama alta e magra, respondeu ao questionário, mas pouco ou nada acrescentou ao que já sabia. Disse que como era meio-dia dirigiu-se à cozinha para preparar a refeição da sua menina, no que se deve ter demorado cinco minutos. Entrementes, a porta abriu-se, surgindo a figura baixa e entroncada do jardineiro, que fazia rodar nas mãos um surrado chapéu, movimento esse que conservou até final do interrogatório. Disse-me que andara toda a manhã a trabalhar, e que, quando as criadas alarmadas o chamaram, estava na casa das arrecadações, arrumando a ferramenta.
Como nada podia fazer de préstimo, e já tinha largado o trabalho, saíra, e fora para casa a fim de almoçar.
Nada mais quis ouvir.
Com o sargento na minha peugada, pus-me a caminho da arrecadação, que ficava por detrás da garagem, ciente que encontraria a chave do enigma. E achei…

Quais foram as observações e deduções que permitiram a solução do caso? 

                                   Jarturice II TNPP – 009
                             Divulgada em 03.Abril.2016

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