domingo, 17 de abril de 2016

POLICIÁRIO 1289



DOIS CRIMES RESOLVIDOS

Hoje vamos ter a resposta aos dois crimes que estiveram em grande plano durante o mês de Março, merecendo todas as atenções dos nossos “detectives”. No primeiro, vamos saber se o industrial Jorge Maneiras se suicidou ou se alguém pôs termo à sua existência, num desafio de bom nível produzido pelo confrade John Death; no segundo vamos ao encontro do cadáver da D. Cidália para ficarmos a saber o que terá acontecido à pobre senhora, num desafio bem produzido pela nossa “detective” Selma.
Entretanto, fica o apelo para que os “detectives” e leitores procurem mais informações sobre o andamento das nossas competições, tais como pontuações, classificações, confrontos das eliminatórias da Taça de Portugal, etc., no blogue CRIME PÚBLICO, em http://blogs.publico.pt/policiario.
Mas, para já, vamos às soluções oficiais dos dois problemas:

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2016
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 2

 PARTE I - “SUICÍDIO OU HOMICÍDIO?” – ORIGINAL DE JOHN DEATH
A vítima, Jorge Maneiras era um industrial de plásticos e tinha ficado impedido, de acordo com o que refere o seu irmão, de assinar documentos por causa de um acidente que imobilizou o braço esquerdo. Portanto, tudo indica que o empresário morto era esquerdino e não usava minimamente a mão direita. Como o investigador Humberto notou, a arma estava junto da mão esquerda, o que está correcto com a informação disponível.
O tiro foi desferido no peito e o cadáver estava estendido de costas com a cabeça na direcção da porta, portanto, no lado contrário à janela. Isto indicia que o tiro que o matou foi desferido da direcção da janela para a porta, de frente para a vítima.
A hipótese de suicídio está posta de parte porque se ele poderia segurar a pistola e desferir o tiro no peito, por exemplo, segurando a arma com as duas mãos e disparando, não poderia justificar o vidro da janela partido nem a cápsula no jardim. O vidro partido ainda podia ser simulado anteriormente pela vítima antes de dar o tiro fatal em si mesma, podia partir o vidro, mas já não poderia ir atirar a cápsula para o jardim depois de disparar.
Ficamos com a hipótese de alguém ter disparado do jardim através da janela, matando o empresário, sendo a cápsula expelida e por isso aparecia naquele local do jardim. Mas esta hipótese não é viável porque o jardim fica três metros abaixo da altura da janela, o que tornava impossível que alguém pudesse desferir um tiro que atingisse a vítima no peito. Além disso, não havia marcas de qualquer espécie no jardim, nem poças e como chovera intensamente nas últimas horas, quem por ali andasse tinha de deixar marcas de pegadas. Também há o facto dos estilhaços do vidro partido estarem no jardim, sinal de que o vidro foi partido de casa para a rua e não da rua para casa. Finalmente o aparecimento da arma junto da mão da vítima, que obrigaria o assassino a entrar em casa depois de dar o tiro de fora, para deixar a arma junto ao corpo.
Portanto, o empresário foi morto com tiro desferido por alguém, dentro de casa, no próprio escritório, alguém que estava de costas para a janela e o alvejou no peito. Depois, como sabia que ele era esquerdino, depositou a arma junto da mão esquerda da vítima, recolheu a cápsula, partiu o vidro da janela e atirou a cápsula para o jardim.
Concluindo, não houve suicídio mas sim homicídio. Quem o praticou, é uma incógnita que não está em discussão neste problema, mas como tinha de ser alguém que conhecesse muito bem a casa e a vítima, não deve ser muito difícil ao investigador Humberto “apertar” um pouco o irmão da vítima.

PARTE II - “A MORTE DA DONA CIDÁLIA” – Original de SELMA

A hipótese verdadeira é a 3 – Senhorio.
Pela descrição ficamos a saber que a porta foi arrombada pelos polícias e que estava fechada com duas voltas e a chave não estava na fechadura, local onde a vizinha D. Eleutéria dizia que ficava sempre devido ao medo da vítima de poder ser apanhada por um incêndio e não conseguir fugir a tempo. O inspector viu que a chave estava em cima do aparador, junto da carteira da vítima, onde não faltava dinheiro. O crime não foi para roubar e só poderia ser cometido por alguém de fora se a própria vítima abrisse a porta ao criminoso. Assim sendo, quando ele fosse embora depois do crime, como fecharia a porta à chave, com duas voltas e depois colocava a chave no aparador? Como o único acesso era pela porta, não era possível.
Ficamos também a saber que ninguém teve acesso ao local do crime após o arrombamento da porta, o que significa que nenhum dos suspeitos restantes soube a causa da morte. A D. Eleutéria chega a aventar que teria havido um ataque de coração ou coisa assim. O vizinho mal-humorado não adianta qualquer suspeita, mas o senhorio sabe demais! Ele sabe que foi morta com as facas que tinha na cozinha e até refere que já a tinha avisado para o perigo de se ferir com elas.
O senhorio sabia que a fechadura era a mesma e certamente sabia de todos os hábitos da senhora e tinha uma cópia da chave. Foi ele que entrou na casa, não sabemos se foi a própria D. Cidália que lhe abriu a porta ou se ele, como tinha uma chave, já lá se encontrava quando ela regressou á noite. Cometeu o crime e saiu, pondo a chave da vítima em cima do aparador e fechando a porta com a sua chave.
Como se costuma dizer, pela boca morre o peixe…



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