domingo, 16 de outubro de 2016

POLICIÁRIO 1315




M. CONSTANTINO / MÁRIO CAMPINO
VAI ENCERRAR COMPETIÇÃO

Como o prazo para as respostas da prova n.º 8 apenas terminou ontem, dia 15, devido à necessidade de o adequarmos aos atrasos sofridos, as soluções oficiais dos dois desafios apenas serão publicadas na próxima semana.
Esse facto dá-nos a possibilidade de anunciarmos que dentro de algumas semanas, mais concretamente no dia 6 de Novembro, vamos publicar os últimos desafios de uma época que chegou a estar em risco, pelas causas já sobejamente divulgadas, mas que, felizmente, conseguiu prosseguir naturalmente, até ao seu final, no tempo devido, indo ter o seu epílogo, como nos anos mais recentes tem acontecido, na noite de passagem de ano, em que vão sendo anunciados, ao longo de toda a noite, os diversos vencedores, culminando com o anúncio do campeão nacional, do vencedor da taça e restantes campeões.

Para terminarmos com chave de ouro uma época de competição extremamente exigente, pensamos que dificilmente poderíamos encontrar melhor do que darmos voz àquele que é unanimemente considerado o melhor produtor português de enigmas policiários, seja como Mário Campino, seja com o seu nome M. Constantino.

Cabe aqui uma nota muito especial para o trabalho excelente que M. Constantino vem desenvolvendo ao longo de muitas décadas, em prol do Policiário, principalmente, se nos é permitido o destaque, como seu estudioso, sendo autor de muitos ensaios sobre a Literatura Policial e a nossa actividade e um divulgador importante de uma das nossas facetas menos utilizadas, mais concretamente a técnica de investigação, que usa amiúde nos seus problemas.
Possuidor de vastos conhecimentos na área da técnica de investigação criminal e Polícia Científica, M. Constantino vai passando alguns conhecimentos, sobre armas, sobre venenos, etc., tornando os problemas bem mais verosímeis e próximos da realidade criminal que pretende transmitir.
O que dizer de M. Constantino, que possa ainda não ter sido dito? Na verdade, falamos “só” do melhor produtor nacional de problemas policiários, com uma carreira longa e recheada de êxitos, com enigmas que são hoje verdadeiros hinos à arte de bem desenvolver uma investigação, com muita dedução e muito apelo à capacidade de interpretação e análise.
De uma das suas muitas obras, precisamente o “Manual da Enigmística Policiária”, numa edição da Associação Policiária Portuguesa, de 1995, deixamos um dos seus textos mais significativos, sobre aquilo que ele entende ser a relação entre o homem e o apelo pela resolução do enigma:
«O homem encontra no enigmático algo que lhe excita o espírito e lhe motiva a curiosidade.
Posto perante um mistério, todas as faculdades se lhe alertam e, atentas, se debruçam em torno do problema.
Sente prazer íntimo em seguir passo a passo todas as pistas até alcançar o objectivo.
Satisfaz-se ao conseguir rodear as dificuldades, tanto como vencer obstáculos que se apresentam intransponíveis.
E quanto mais a precisão dos factos não se permite que se vislumbre sombra de uma estrada, maior é o apego e o desenvolvimento do cérebro, maior é a satisfação da vitória.
Segundo Bergson, um problema que inspira atenção é uma representação duplicada de uma emoção, sendo ao mesmo tempo a curiosidade, o desejo e a alegria antecipada de o resolver. É o desafio posto que impele a inteligência diante das interrogações, vivifica, ou antes vitaliza os elementos intelectuais com os quais fará corpo até à solução.
A própria vida cifra-se em constante mistério, um enigma constante que a humanidade procura solucionar o melhor e mais rapidamente possível. O obscuro nunca nos desampara, desafia-nos.
De prazer espiritual que se sente em desvendar incógnitas, desvanecimento de sobressair, simples divertimento, tudo conduz a que os homens do povo na sua singeleza através de simples adivinhas que andam de boca em boca, os letrados com bem urdidos trabalhos, os sábios na esfera da humanidade, acorram ao seu cultivo e decifração.»

M. Constantino continua o mesmo, criador de enigmas policiários, trabalhador da mente, desafiador dos leitores, apesar de estar já para além das nove décadas de existência e mais de sete de policiário, prova absoluta de que não há idade limite para imaginar, pensar, desenvolver ideias e colocar os outros a pensar.

Na mente de quem esteve presente na justíssima homenagem que foi prestada ao “mestre” em 17 de Maio de 2015, na sua terra natal, Almeirim, ainda ecoam as suas palavras emocionadas, de agradecimento:
“Obrigado por terem vindo. Sois uma Família que junto à do meu sangue, aqui representada pela minha filha Marília e neta Teresa. Já afirmei em tempos, que uma homenagem não se pede, nem se recusa: agradece-se…
Não serei mal-agradecido, no entanto sempre vos digo, sou tão digno desta homenagem como a maioria dos presentes. Todos lutamos por ficar entre os melhores, por vezes conseguimo-lo. Essas pequenas vitórias não nos tornam o melhor, certamente. Fazer parte do grupo dos melhores, é bastante!
De resto, o troféu maior, o apetecido, está nas amizades conquistadas: Essas sim, engrandecem-nos, sois o exemplo.”
O problema que vamos publicar encerra algumas dificuldades de caracter logístico por ser mais extenso do que é habitual – M. Constantino sempre teve um prazer especial em escrever e nunca procurou limitar o que tem a dizer, ao espaço. No entanto, tentaremos que saia de forma natural, capaz de despertar em todos os “detectives” o mesmo prazer que nós sentimos ao lê-lo pela primeira vez.

Para o confrade M. Constantino, fica a renovação do nosso agradecimento pela atenção que dedica a este nosso espaço e pelos bons momentos que sempre proporciona com os seus desafios, que esperamos avidamente.





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