domingo, 30 de outubro de 2016

POLICIÁRIO 1317



PROBLEMAS POLICIÁRIOS

No momento em que aguardamos o desafio proposto pelo confrade M. Constantino e que verá a luz do dia na próxima semana, como primeira parte da última prova desta época, mantemos a tónica num tema que é particularmente importante e recorrente no Policiário: As produções.
Sendo ponto assente e reconhecido por todos que no nosso país sempre houve e continua a haver excelentes produtores, capazes de elaborarem problemas de elevada craveira e complexidade, a realidade é que não são em número suficiente para garantirem competições de grande folego, sem sobressaltos. Por isso, debaixo de grande pressão, os orientadores acabam por criar uma quase obrigação a todos os produtores, sob pena de não terem material para publicar.
Posto isto, caros “detectives”, esta secção é especialmente dedicada a essa “espécie em vias de extinção” - como referiu, com alguma graça mas também com alguma verdade - um confrade que nos acompanha há muitos anos, o Inspector Alegria.
Apesar de tudo, temos de entender que a sua extinção, ou não, depende inteiramente de todos nós. Se cada um dos nossos leitores se abalançar na criação de um enigma, por mais simples e ingénuo que possa parecer, está a dar um contributo essencial ao Policiário, na luta por possuir muitos e bons desafios.

O “DRAMA” DA FALTA DE PRODUÇÕES!

Meus caros confrades e “detectives”, o drama é permanente e não mostra forma de abrandar! De ano para ano, nota-se uma dificuldade crescente em produzir problemas em quantidade e em qualidade, susceptíveis de assegurar um normal desenvolvimento da actividade policiária.
Repetem-se os apelos aos potenciais produtores; respondem os mesmos confrades, aqueles que são já e sempre “clientes habituais”, que já se habituaram a arrostar ambientes quase hostis, em que são questionados e inquiridos sobre as suas produções, muitas vezes de forma desabrida.
Pois bem, ninguém está acima da discussão, ninguém pode arvorar-se num paladino das sãs virtudes de um produtor inatacável e olhar com desprezo para as críticas, mas todos temos o direito de ver o nosso trabalho reconhecido, estudado, criticado com decoro e respeito. Assim acontecerá, sempre, nesta nossa casa, porque o respeito pelo trabalho de todos e de cada um, estará sempre salvaguardado.
Alguns confrades menos familiarizados com estas andanças, por estarem há pouco tempo connosco, vão-nos questionando no sentido de prestarmos alguns esclarecimentos, darmos algumas “dicas” que possam ser úteis para poderem iniciar-se como produtores, em resposta ao desafio que periodicamente vamos lançando aos nossos leitores para que possam criar, com entusiasmo, novos problemas, novas formas de dar vida a este nosso passatempo, em constante renovação.
Isso significa que o interesse em produzir continua vivo e nunca poderá ser uma má crítica ou um deslize em algum dos aspectos dos problemas, que poderá inibir-nos de continuarmos a produzir.
Correndo o risco de nos repetirmos, aqui deixamos algumas palavras que, assim desejamos, podem ser um indicador:

PRODUÇÕES

Assegurada, como sempre, a disponibilidade dos produtores mais activos da nossa secção, uma disponibilidade que não nos cansamos de agradecer, a verdade é que necessitamos de “sangue novo”, novos métodos e processos de escrita, novidades, em suma, que evitem uma certa estagnação. É que, após alguns anos de Policiário, com o conhecimento dos autores e dos seus processos, começamos a perceber e antecipar as suas conclusões, quase resolvemos os problemas pelo conhecimento que temos dos seus autores. Claro que é um exagero, mas quer dizer algo.
A nossa actividade baseia-se, em primeira instância, na qualidade dos desafios que temos para propor aos “detectives”. É frustrante chegarmos à conclusão de que um determinado problema não tem a resposta adequada, depois de imenso tempo perdido na sua análise, ou que é anulado após tanto esforço.
Por isso vamos lançando o nosso apelo para que os nossos “detectives” elaborem um desafio, de qualquer dos tipos e o façam com o espírito de propor aos restantes confrades aquilo com que gostariam de ser confrontados. Aquilo que lhes daria prazer resolver.
Um problema passa sempre pelo contar de uma história, por retratar uma cena verosímil, capaz de ter ocorrido em qualquer lugar, que envolva um enigma e a sua resolução. Terminada a exposição dos factos, no exacto momento em que o investigador vai passar à fase de apresentação das conclusões e exibir as provas em que se baseia para apontar o responsável, o produtor interrompe o seu conto e lança os seus desafios. Alguns produtores escolhem o método de fazer algumas perguntas, que querem ver respondidas, outros optam por simplesmente interromperem o texto e aguardarem pelos relatórios. No caso dos de escolha múltipla, o texto termina com as quatro hipóteses de solução, de entre as quais o decifrador terá que escolher uma.
Caríssimos “detectives”, não é aceitável que tenhamos hoje um universo de participantes nos nossos desafios de mais de dois milhares de confrades, que os lêem e estudam, se dão ao trabalho de escreverem as soluções, mas não tenham a curiosidade de testarem os seus dotes de escrita, em desafios postos à consideração e decifração dos restantes confrades!
Fazendo o paralelismo com o que foi a nossa actividade nos anos 70 e 80 do século passado, a produção fica a perder, já que nesses tempos o universo de decifradores rondaria as cinco ou seis centenas, para um número de produtores que rondaria a centena. Temos de corar de vergonha com o que se passa hoje, não sendo aceitável tal disparidade. As pessoas não deixaram de utilizar a Língua Portuguesa, desde logo porque o nosso passatempo, como já referimos, exige que se escrevam as soluções, no mínimo.
Portanto, será por preguiça? Procuramos essa resposta!


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