domingo, 5 de fevereiro de 2017

POLICIÁRIO 1331




 25 ANOS DE POLICIÁRIO
PRIMEIRA PROVA DO CAMPEONATO


Finalmente chegou a competição a sério!
No nosso XXV aniversário, o campeonato tem a ligeira alteração das produções serem de autores convidados pelo orientador, por haverem já obtido posições de relevo como produtores.
E o primeiro convidado é A. Raposo & Lena, uma dupla que responde sempre presente e que coloca um desafio que nos parece acessível, após alguma consulta.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017

PROVA N.º 1 – PARTE I

“TEMPICOS MELANCÓLICO” – Original de A. RAPOSO & LENA


Talvez não saibam mas Tempicos é um homem culto porém modesto.
Tem uma cultura abrangente, forte vontade de sempre mais saber, domina línguas.
Mas, não é esquisito. Gosta das boas coisas da vida.

É solteiro e está sempre recetivo a uma boa proposta, de preferência que junte duas virtudes: rica e bonitona e já agora, inteligente por acréscimo…

Descansando de um violento dia de trabalho, esparramado, estava no sofá – saboreando um trago – e a ver um programa da tv. Uma interessante reportagem em que artistas gráficos reproduziam enquanto o locutor ia explicando, as épocas, e os autores.

A certa altura ficou surpreendido por uma obra – uma gravura – de composição complexa da renascença.

A imagem tinha imensos adereços na sua composição: Uma figura de expressão pensativa, uma criança sentada numa mó de pedra. Balança, sineta, uma paisagem ao longe e muitas ferramentas. Ao canto um retângulo contendo diversos quadrados numerados em que os somatórios eram sempre os mesmos algarismos, quer na horizontal, vertical e oblíquo.

Tempicos acabou por passar pelas “brasas” e ao acordar lembrou-se dos factos e foi à sua velhinha biblioteca da Vampiro antiga – cuja coleção possui – e retirou o livro com a excelente capa do saudoso Cândido Costa Pinto, que correspondia ao somatório do quadro visto na tv, há pouco e que representava um animal na capa, que por coincidência, corresponde a um velho pseudónimo de um nosso amigo policiarista distinto. 

Pergunta-se: qual o nome da gravura e do autor. Qual o número do somatório que corresponde ao livro da Vampiro. Qual o pseudónimo do nosso confrade.

E pronto.
Neste começo de competição, resta aos “detectives” analisarem bem o problema e elaborarem a respectiva solução, que deverá ser enviada impreterivelmente até ao próximo dia 28 de Fevereiro, usando um dos seguintes meios:

 - Pelo Correio: Luís Pessoa, Estrada Militar, n.º 23, 2125-109 MARINHAIS;

- Por entrega em mão ao orientador, onde quer que o encontrem.
Boas deduções!

SOLUÇÃO DO PROBLEMA DO PASSADO DOMINGO

O INSPECTOR FIDALGO E O MORTO NO RIBATEJO

Numa primeira análise, é necessário ler muito bem o texto, situar a cena, tendo em linha de conta os diversos factores, nomeadamente:
– Espaço temporal e condições climatéricas: É de dia ou de noite? Está a chover ou faz sol? Está enevoado, há nevoeiro? Há vento e de onde sopra? A que horas se passa a acção? etc.;
– Personagens e sua colocação na cena: Quantos intervenientes há? Onde estão e o que fazem? Que intervenção tem, cada um, na acção?
– Local e suas características: Onde se passa a acção? Em local de fácil acesso ou difícil? Há obstáculos a vencer em certas condições, por exemplo em caso de chuva, de neve, etc.
– Factores externos: Há animais que possam dar alarme? Há sistemas de segurança eléctricos ou electrónicos que apenas possam ser iludidos por quem os conheça?
– Testemunhas visuais, auditivas ou outras: Quem esteve no local que possa fornecer elementos? Quem estava suficientemente perto para ouvir sons que se possam relacionar com o que está na cena?
– Oportunidades: Quem teve oportunidade de praticar o acto, que encontros e desencontros teriam de haver para correr bem a acção a cada um deles?
No nosso caso, temos um crime cometido em zona não fechada, portanto sem dificuldades especiais de acesso.
Alarcão diz que estava nevoeiro cerrado; que o vento era gelado e quase cortava a cara; que foi tratar dos cães muito rapidamente; que não ouviu nem viu nada.
Os pais do jovem não deram por nada e encontraram o moço, por volta das 8 horas.
O padeiro afirma ter visto o Alarcão a regressar lá do fundo, ainda antes das 8 horas.
Os restantes moradores da casa de Alarcão não notaram nada.
Os vizinhos do outro lado do pinhal referem a algazarra dos cães depois das 7.30 horas, que só poderiam ouvir se o vento estivesse de feição.
A filha do padeiro está totalmente posta de lado.
Há evidentes contradições entre depoimentos, a saber:
Alarcão refere nevoeiro cerrado e o vento gelado. Vento e nevoeiro não combinam. Com vento, o nevoeiro não se forma ou, já existindo, dissipa-se rapidamente.
O padeiro afirma ter visto Alarcão a regressar de casa do caseiro para a sua. Com nevoeiro cerrado, isso não seria possível porque a distância era grande.
Os vizinhos declararam que os cães fizeram a algazarra própria de quando o seu dono regressava a casa, mas só era audível quando o vento soprava… Portanto, afastada a hipótese de haver um conluio entre Alarcão e os seus vizinhos, por ilógica e não razoável, para que estes ouvissem os cães era necessário que houvesse vento, portanto sem nevoeiro (que mais ninguém refere); logo, ao encontro do depoimento do padeiro, que também confere com o regresso de Alarcão a casa e a algazarra dos cães, que o padeiro não refere por estar longe (a estrada era distante) e por soprar vento que levaria o som para o outro lado do pinhal, portanto, não na sua direcção. Os cães fizeram algazarra por detectarem que o seu dono estava por ali.
 Ficamos, pois, com o culpado – o Alarcão. Em grande parte por mentir, mas também por ter a oportunidade, o tempo disponível e por a sua versão não encaixar nos depoimentos dos restantes intervenientes, cujas afirmações se complementam, sem erros.











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