domingo, 19 de novembro de 2017

POLICIÁRIO 1372



DECIFRADA A MORTE DO AFONSINHO

Estamos cada vez mais próximos do final das nossas competições desta época. Hoje, vamos tomar conhecimento das soluções que o Inspector Fidalgo encontrou para os seus desafios.
Fica a faltar o grande teste que vai ser o problema do “mestre” M. Constantino, certamente o definidor de todas as classificações.
Cabe aqui uma nota para o desafio publicado na passada semana, que mereceu referências elogiosas à generalidade dos confrades que se pronunciaram sobre um dos maiores vultos do Policiário português. Ao grande espírito divulgador de Sete de Espadas, que impulsionou a nossa actividade até limites muito altos, criando gerações de adeptos e leitores, juntamos, na galeria dos nossos maiores o nome de M. Constantino, o produtor de enigmas policiais de excelência (sabendo que só com bons problemas policiais o passatempo se pode desenvolver), a par de uma enorme actividade de ensaísta e investigador.
O desafio da semana passada não tem apenas uma solução certa, como referimos na altura, pelo contrário, só tem respostas correctas e até no nome do seu autor os confrades encontraram um enigma para decifrar. Quase imediatamente após a publicação, houve tentativas de decifração, embora sem ninguém a acertar no alvo. Aceita-se sugestões…

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 9
PARTE I - “A MORTE DO SENHOR AFONSINHO” – INSP. FIDALGO

Como é dito, não havia acesso para ninguém do exterior e por isso o assistente do inspector tinha a certeza de que tudo se resolveria entre os dois primos que estavam vivos.
A questão do suicídio ficava desde logo excluída uma vez que o cadáver se apresentava de modo que impedia esse facto, quer pela posição em que se encontrava, nada plausível para um suicídio, quer pela existência do orifício de entrada do projéctil acima da orelha esquerda da vítima, quando a arma estava junto da sua mão direita. Igualmente de assinalar a falta da cápsula, não referida apesar da busca minuciosa.
Assim, acabam por subsistir os dois primos que viviam com a vítima. Um deles terá posto fim à vida dele, mas importava saber qual e onde. Naquele escritório ou fora dele?
A descrição do local indica que o crime não foi cometido ali, porque não há sangue em quantidade para um tiro desferido numa das zonas mais irrigadas do corpo humano. Mesmo tratando-se de um tiro de arma de pequeno calibre, como a descrição sugere, o sangue teria de brotar com alguma violência, sobretudo no momento do contacto violento e desamparado com o chão. Os salpicos em redor da cabeça com laivos na parte exterior e alongados, indicam que foram provocados do centro para a periferia, da cabeça para o exterior. Parecem, pois, estar correctos, só que numa queda em superfície horizontal, como é o caso, os salpicos não seriam apresentados por igual em redor de toda a cabeça, mas localizados a partir do orifício.
As análises “sherlokianas” feitas pelo ajudante do inspector apenas permitem averiguar com toda a certeza se são de sangue ou não. E neste caso, quer uma, quer outra, revelam que não se trata de sangue!
Conclusão óbvia, houve encenação. O crime foi cometido fora daquela sala, o cadáver chegou ali já sem sangramento e o responsável borrifou o chão, a partir da cabeça da vítima, com um líquido que se pode confundir com sangue à vista desarmada.
Chegados a esta conclusão, resta saber quem terá arrastado o cadáver. O modo de o fazer difere se é feito por um homem ou por uma mulher. Um homem pega no corpo pelos sovacos e arrasta-o com os calcanhares pelo chão. Uma mulher, sobretudo por falta de força para erguer o corpo pelos sovacos, puxa-o pegando pelos pés, fazendo deslizar o corpo apoiado nas costas e nuca.
Neste caso, face ao que está descrito, verificamos que a vítima era um homem atlético e musculado. Logo, algo pesado. Sobre os dois candidatos a criminosos, o primo era para o gordito, mas de boa compleição e a prima era esbelta e frágil. Assim, sendo necessária força, o primeiro a ser chamado pelo ajudante do inspector, se este lhe der o aval, será o Afonso.

PARTE II – “FESTAS DE ANIVERSÁRIO… OU NÃO!” – INSP. FIDALGO

Solução: C – O notificado só podia ser o Ptolomeu.
O ano de nascimento relaciona um acontecimento importante com a cidade de Santarém, o que numa época mais recente apenas poderá ser associado com o 25 de Abril e Salgueiro Maia, um dos seus executores mais importantes. Chegamos, pois, a 1974.
Quarenta nos depois, chegamos a 2014, ano em que decorrem todos estes factos.
A haver notificação, esta seria para um dos seguintes dias: 5 de Outubro; 1 de Novembro ou 1 de Dezembro. Todos feriados nacionais em que os serviços públicos estão encerrados, pelo que não poderia haver notificações. Em condições normais, seria a alínea D a correcta.
Só que o governo em exercício retirou quatro feriados, dois civis e dois religiosos, entre eles os três que estão em causa: 5 de Outubro, 1 de Novembro e 1 de Dezembro. Destes, no entanto, o primeiro calhou a um domingo, o segundo a um sábado e só o 1 de Dezembro calhou a uma segunda-feira! Só nesta data poderia haver notificação e o alvo apenas poderia ser o Ptolomeu.


Sem comentários: