domingo, 17 de dezembro de 2017

POLICIÁRIO 1376




“O ÚLTIMO BEIJO” É O ÚLTIMO DESAFIO DO ANO

Chegamos à publicação das últimas soluções do campeonato de 2017. A partir de agora, é altura de pontuações e classificações, rumo aos vencedores de toda uma época.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2017

SOLUÇÕES DA PROVA N.º 10 (ÚLTIMA)

PARTE I – “O ÚLTIMO BEIJO?” – de M. CONSTANTINO

Quis construir um problema de fácil solução – o que, parece, consegui – para os 25 anos da secção “Público Policiário”, prestando homenagem ao seu orientador (Luís Pessoa - “Inspector Fidalgo”) cuja tenacidade a par do valor policiário que tem revelado é justamente digna de realce. Incluo na homenagem todos os policiaristas nacionais ou na lembrança destes, e tantos são, que têm ou tiveram passeado o seu brilho, em produção ou decifração, nestas páginas (e outras que a memória guarda) que aspiramos mantenha todo o seu brilho e crescente interesse.
E vamos ao problema:
Ao primeiro contacto com o crime, a única hipótese que se apresentava era a declarada por Pedro: dois mortos, assassínio múltiplo. A intervenção do legista, reduzindo o número de vítima a um, derrubou aquela hipótese simples. O decorrer das investigações adensou o mistério e cheguei a ter três hipóteses: Dário, Pedro e Ema. A hipótese de Ema, que consistia no facto do carro estar parado à porta do edifício e que explicava o beijo ao contrário, após assassínio, acabou por ser eliminada pelo depoimento confirmado desta. O raciocínio admite que a rapariga depois de fazer a maquilhagem, vendo o noivo adormecido na poltrona, foi por detrás desta e acordou-o com um beijo. Este nunca poderia ser o resultado, por exemplo, da despedida quando o foi levar ao escritório, nunca apareceria ao contrário e normalmente não seria na face direita, mas na esquerda, voltada para si. Aliás não se descortina motivo para acção violenta, tempo e oportunidade para preparar todo o quadro apresentado. Até uma possibilidade de cumplicidade cai por terra, como veremos.
Fica-nos pois, nas mãos, um parricídio ou um homicídio.
O parricídio está fora de questão. Dário, nascido e criado no seio da família Luz, não é filho de Lúcio. Este possui sangue tipo AB (que ele considerava mais puro por só existir na raça branca, cerca de 5%), enquanto Dário é considerado dador universal, tipo O. Sabe-se que um genitor do tipo AB não pode ter filhos do tipo O, seja qual for o tipo do sangue da mãe. O pai AB e mãe A nunca o filho é do tipo A ou O, e sendo o pai AB e a mãe O, a filiação materna é impossível. Mas não sendo parricida pode ser homicida? Vejamos: Dário foi derrubado com uma bengalada de Lúcio? Não, com certeza. O médico hospitalar já havia revelado a rotura temporal com impacto no osso frontal, o laboratório científico encontra no extremo interior da argola da bengala vestígios de pele frontal e no interior e início ou começo da mesma argola pequenos cabelos, o que quer dizer que a bengalada foi dada por detrás; se fosse Lúcio a atingir Dário pela frente, a posição da bengala está ao contrário, ou melhor, o quadro visual apresentado não corresponde à verdade. Dário não pode ter-se batido a si próprio nestas condições, excluindo-se dos suspeitos. Não nos resta outra hipótese de suspeição para além de Pedro. Podemos concordar que Dário e Pedro teriam motivações. Nem a vingança, noutrom um possível desfalque (o inquérito o dirá) que Lúcio detectou e foi o motivo da reunião. Pedro, ao contrário do que afirmou, deve ter chegado antes do tio, procurando desfazer-se de algumas provas pois deve ter suspeitado que o tio o descobrira, o que justifica a limpeza dos móveis e outros. Foi apanhado pelo tio que chegou mais cedo confrontando-o com uma nota das suas falcatruas. Perdeu a cabeça, apunhalou o tio e arrancou-lhe o papel da mão. Ao desfazer-se deste, deitando-o pela janela, não notou o pingo de sangue que nele se alojara e caiu no caminho (daí a forma oblonga). Quando ouviu o primo meter a chave na fechadura – verificou-se que ainda tina as chaves na mão esquerda, era ambidextro – escondeu-se atrás das portas do armário, atingindo-o com a bengala. Julgando-o morto, montou a cena, limpou tudo com o cachecol comprido que voltou a pôr ao pescoço, convencido da velha teoria que o mais à vista menos se vê (daí a não se encontrar algo que servisse de limpeza, que no dia seguinte não foi encontrado no beco, bem como a folha de papel levada pelo vento). Acaba por chamar a polícia convencido dos crimes perfeitos.

PARTE II – “VOTAÇÃO NO SÉCULO XXV” – de HOMMBCALMPOR

A alínea certa será a que cada confrade entender.
As três primeiras são nome e pseudónimos do mestre Manuel Botas Constantino, cada qual com as suas especificidades. Muitos confrades apreciam sobremaneira o Avô Palaló e, por conseguinte, optaram pelo autor Mário Campino, mas a imensa maioria escolheu a alínea D, assim englobando todos os escritos e personagens do confrade de Almeirim.
Trata-se, assim, de um problema aberto, susceptível de abarcar qualquer das respostas, dependendo do gosto e do prazer que desperta em cada “detective”.
Uma referência final, ao significado do nome do autor do problema, que foi identificado por muitos, depois do desafio que aqui foi proposto: HOMMBCALMPOR – HOMenagem Manuel Botas Constantino, ALMeirim, PORtugal.


PREPARANDO A GRANDE NOITE

Terminada a publicação dos desafios e respectivas soluções deste ano, aguardamos as classificações que irão determinar os grandes triunfadores desta época que serão, como já referimos, divulgados progressivamente na noite de passagem de ano. Será, uma vez mais, uma noite de festa com um olho no nosso blogue Crime Público.


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