terça-feira, 27 de março de 2018

NOVO PRAZO PARA A PROVA N.º 2




Dificuldades imprevistas, por um lado derivadas ao enorme número de concorrentes e por outro a questões de ordem pessoal do coordenador desta secção, ainda não foi possível publicar as classificações da prova n.º 1, bem como os confrontos da segunda eliminatória da Taça de Portugal em que estão envolvidos os 512 confrades autores das melhores respostas.

Uma vez que, por exigência regulamentar, nenhum prazo para resposta a um problema poderá terminar sem que sejam conhecidos os confrontos da taça, para que ninguém tenha de responder a um desafio sem saber quem é o seu opositor directo, as propostas de solução da prova n.º 2, que deveriam ser enviadas até ao passado dia 31 de Março, viram o seu prazo alargado até ao dia 10 do corrente mês, sendo previsível que nessa data já todos os resultados estarão publicados no blogue Crime Público (http://blogs.publico.pt/policiario).

Como sempre acontece, os confrades que já enviaram as suas propostas de solução, mesmo sem conhecimento dos respectivos opositores, poderão, dentro do novo prazo, substitui-las, indicando apenas que anula a anteriormente enviada.

Aos nossos "detectives" apresentamos desculpas pela falta.

domingo, 25 de março de 2018

POLICIÁRIO 1390




PRIMEIROS RESULTADOS EM BREVE!

Esperamos pela divulgação dos 256 confrontos que vão mobilizar os 512 confrades que vão poder medir forças no um contra um da Taça de Portugal – 2018. Na verdade, era nossa intenção que tudo já estivesse pronto, mas o surgimento de dificuldades diversas, quer relacionadas com o elevado número de “detectives” e por consequência de participações, quer questões de ordem pessoal, fizeram adiar o momento que havíamos definido, por incompatibilidade com a antecedência com que este texto é elaborado.
De qualquer forma, os confrontos para a segunda eliminatória são publicados no blogue Crime Público, em http://blogs.publico.pt/policiario, onde podem ser consultados, sempre a tempo de cada confrade saber com precisão quem é o seu oponente e poder elaborar a sua proposta de solução com conhecimento da sua identidade.

PROBLEMAS POLICIÁRIOS
DE TODOS PARA TODOS!

Recomeçaram as nossas competições e com elas, os desafios policiários que assumem importância vital no nosso passatempo, quase sempre com uma dose de polémica à mistura. Naturalmente, as discussões sobre policiário são recorrentes, sobretudo quando o que está em causa são primeiros problemas, de novos produtores, muitas vezes sem o “calo” que permita evitar os conflitos.
Mas, hoje não nos vamos debruçar sobre problemas em concreto, mas sim apontar alguns aspectos que poderão ser úteis para os candidatos a produtores, que nunca devem desistir, mas sim aperfeiçoarem os seus métodos.
Como é óbvio e natural, todas as capacidades dedutivas dos confrades têm que ser postas em actividade máxima para responderem aos problemas que são propostos. Estes, produzidos também no seio da nossa “tribo policiária”, encerrarão elementos que são obrigatórios, nomeadamente retratarem situações verosímeis e haver uma componente de mistério para decifrar.
Quando um autor apresenta um problema, sabe de antemão que vai ser escrutinado e alvo de críticas, que poderão ter fundamento ou nem por isso.
No processo de feitura, o autor deve ter bem presente a chave que pretende para o problema, ou seja, a solução que quer que os solucionistas lhe venham a dar. Assim, deve conferir, desde logo, se essa solução é absolutamente correcta ou não. Em muitos casos, acontece que os factos são empíricos e não verificáveis e depois aparecem várias opiniões e conclusões para o mesmo acto. Por exemplo, se a solução se vai basear no facto de um cão ladrar a estranhos e não aos donos, isso terá se ser concretamente vertido no texto, sob pena de não ser uma conclusão óbvia e certa. Há cães que ladram a todos, outros que não ladram a ninguém, outros ainda que ladram de modo diferente conforme o seu humor e o destinatário! O autor teria, pois, que nos fornecer todos os dados sobre o animal, disfarçadamente, ao longo do texto, para que pudesse ser retirada a conclusão que pretende.
Uma vez certificada a solução pretendida, o autor deve enroupar a acção, ou seja, descrever com o pormenor necessário, toda a cena, personagens e ambientes, tendo sempre presente as conclusões de chegada.
Uma vez elaborado todo o problema, o autor deve testar a solução, aplicando-a e fazendo a leitura “ao contrário”, ou seja, da conclusão para os pressupostos e verificar se a mesma confere na íntegra e se ao longo de todo o processo não aparecem “portas” alternativas que possam conduzir a conclusões diversas. Se em qualquer momento se abrirem alternativas, há que seguir cada uma delas para verificar se mais à frente elas ficam inviabilizadas. Neste caso, o problema ficará perfeito, uma vez que apenas terá aquela solução, mas diversos caminhos que vão podendo ser seguidos pelos decifradores, para serem todos eliminados mais à frente.
Em resumo, um produtor de problemas policiários deverá construir o seu caso para concluir na solução escolhida e única e testar o desafio para que não aceite mais nenhuma alternativa válida.
Um dos maiores obstáculos que hoje se apresenta aos candidatos a produtores, é a questão do espaço disponível. Em tempos não muito distantes, a questão do espaço não era um problema candente e todos os que já temos uns anitos disto nos lembramos dos desafios publicados no Mundo de Aventuras, pela mão do Sete de Espadas, ou na revista Passatempo, a cargo do Inspector Aranha, com várias páginas, muita descrição de cenas e personagens, muito texto para dissimular os pormenores que faziam a solução. A simples leitura do problema já era um exercício bem complicado e a sua interpretação era obtida em leituras “à linha” ou “ao parágrafo”, para poderem ser absorvidos todos os indícios. Hoje, o espaço disponível é reduzido e os problemas têm um número máximo de caracteres que obrigam os produtores a um exercício suplementar de síntese, causando uma concentração de pormenores e indícios que acabam facilitando a tarefa dos decifradores, para além de dificultarem a parte literária do próprio texto.
Alguns confrades entendem que deveríamos explorar outros caminhos, desde a publicação de desafios mais extensos em duas partes, em semanas consecutivas, até à publicação no blogue Crime Público, onde as limitações de espaço não existem.
Se a primeira sugestão não reúne as preferências dos confrades, que já em diversas ocasiões fizeram saber que a perda da unidade do problema pela publicação “em prestações” não era boa solução, no caso do blogue ainda mais vozes se levantam, por conduzir à exclusão de muitos leitores que seguem fielmente o PÚBLICO, mas ignoram completamente a informática e as novas tecnologias.
Enfim, temos de usar aquilo que é posto à nossa disposição, mesmo com as limitações existentes e continuarmos a levar aos “detectives” os casos criminais e policiais que todos gostamos de ler e decifrar, independentemente das restrições existentes.



quarta-feira, 21 de março de 2018

MORREU DICK HASKINS!


INFORMAÇÃO VEICULADA PELA TSF REFERE QUE FALECEU HOJE O ESCRITOR POLICIAL PORTUGUÊS MAIS LIDO E TRADUZIDO: ANTÓNIO ANDRADE DE ALBUQUERQUE,

 DICK HASKINS!

domingo, 18 de março de 2018

POLICIÁRIO 1389




RESOLVIDOS OS PRIMEIROS DESAFIOS DE 2018

Os dois casos que fizeram a prova n.º 1 desta época, têm hoje o seu epílogo com a divulgação das soluções oficiais. Agora começará o tempo de espera pelos resultados, com a ansiedade própria de um início de campanha, para mais com o aliciante suplementar de serem fundamentais para ser possível avançar na Taça de Portugal onde, como é sabido, apenas progredirão as melhores 512 propostas, sendo a única ocasião da época em que a taça não será decidida no tradicional um contra um, após sorteio sem quaisquer restrições.
Vejamos como os autores decifraram os seus enigmas:

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2018
SOLUÇÕES DA PROVA N.º 1
 PARTE I - “CALOR E MORTE NO ALENTEJO” - de COMPADRE AL

Pela descrição feita, vê-se que o responsável terá sido um dos causadores das pegadas que há no local, muito provavelmente o das marcas que o polícia não consegue atribuir, por não estar presente naquele grupo, nem ser identificado por ninguém.
No entanto, sabemos que o Inácio se apercebeu ao longe do que se passava e demorou cerca de 20 minutos a chegar ao local, o que deu muito tempo para que o outro presente, Zé Farófias pudesse ir a casa, trocar toda a roupa e calçado e regressar, como se nunca dali tivesse saído. A história da escritura deve ser verdadeira e facilmente verificável, mas o que já não é nada fácil de defender é que uma pessoa estivesse vestida de modo impecável, como ele se apresentou, para fazer uma queimada, que foi o que alegou. Mas, mesmo que assim fosse, teria ficado obrigatoriamente encharcado com o temporal que desabou por cima de si e não estaria tão impecavelmente vestido e calçado.
O Zé cruzou-se ou procurou o Lito e matou-o com a arma de fogo, em pleno temporal. Certamente deu conta que foi avistado e como tinha marcada a escritura, viu que tinha tempo para ir a casa mudar toda a roupa e calçado, esconder a arma e regressar para junto da sua vítima, aguardando pela testemunha. Só assim se pode justificar que ele estivesse impecavelmente vestido e com os sapatos bem brilhantes depois de passar por um temporal daquela dimensão.

PARTE II – “A MORTE DO REI DOS QUEIJOS” – de RUI LOPO

A-    SIMMER
A palavra escrita na folha é aparentemente SIM, que se aplicaria a qualquer dos suspeitos, mas como foi escrita pela vítima, o investigador estava a lê-la ao contrário, ou seja, foi escrita como WIS, as primeiras letras do estado norte-americano do Wisconsin, o maior produtor de queijo e laticínios e de onde era oriundo o antigo colega da vítima, Simmer e onde ele trabalhou. Certamente que foi uma questão de vingança ou de segredo não revelado e que acabou de forma trágica para o “Rei dos Queijos”.

MÃOS À ESCRITA!
Aproxima-se o limite do prazo para envio das produções concorrentes ao concurso que o confrade Inspector Boavida pretende levar a cabo e que já anunciámos, em devido tempo.
Tratando-se de uma questão de interesse evidente, recordamos hoje o respectivo regulamento e lançamos o convite para que todos os confrades aceitem o desafio e produzam um problema policiário.

          CONCURSO DE ENIGMAS POLICIÁRIOS (PRODUÇÃO)
  REGULAMENTO
1. O concurso é aberto a todos, sem condicionalismos de idade;
2. Cada concorrente pode apresentar mais do que um original;
3. Os trabalhos, na modalidade de produção de enigma policiário, em língua portuguesa, deverão conter enunciado e respetiva solução;
4. Os trabalhos deverão ser apresentados em suporte digital, formato A4, com tipo de letra Times New Roman, em corpo 12 e com 1,5 de espaçamento entre linhas;
5. O enunciado do enigma deve ter o máximo de 2 páginas e a solução o máximo de uma página e meia;
6. Os trabalhos, nos moldes atrás descritos, deverão ser enviados para o endereço eletrónico salvadorpereirasantos@hotmail.com, entre 1 de dezembro de 2017 e 15 de abril de 2018;
7. A classificação dos enigmas será definida através da média da pontuação atribuída pelos participantes no torneio de decifração “Solução à Vista!” e pelo orientador da secção O Desafio dos Enigmas;
8. Na apresentação da solução de cada prova do torneio de decifração acima referido, os participantes atribuirão ao respetivo enigma entre 5 a 10 pontos, tendo o orientador da secção o mesmo número de pontos para atribuir a cada enigma;
9. Será vencedor do concurso o enigma que alcançar uma maior pontuação média, sendo distinguidos os restantes enigmas classificados nas primeiras três posições;
10. Serão atribuídos os seguintes prémios: 1º. Lugar – Troféu M Constantino; 2º. Lugar – Taça Zé da Vila; 3º. Lugar – Taça Mário Campino;
11. Os casos omissos serão resolvidos pelo orientador da secção O Desafio do Enigmas, não havendo recurso das decisões tomadas.

De salientar as justíssimas homenagens, que nunca serão excessivas, ao mestre Manuel Botas Constantino, com a atribuição aos três prémios do nome e pseudónimos usados pelo mestre ao longo da sua vida e reconhecidos junto da Família Policiária. M. Constantino é o nome mais usual e com que assina problemas de enorme qualidade, que podem ser lidos e apreciados no sítio do confrade Daniel Falcão, Clube de Detectives, incluindo problemas com que se sagrou campeão nacional de produção, a par de outros assinados como Mário Campino ou Zé da Vila. O modo de assinar as produções não é fruto de qualquer acaso momentâneo ou meros palpites ou apetites, nada disso! Cada “autor” é diferente de qualquer outro, constrói de forma diversa os problemas, assume divergências em relação aos seus “irmãos”, digamos que funciona como um mundo diferente, quase como se de heterónimos pessoanos se tratassem. E aí reside um dos motivos maiores para continuarmos a ler e a tentar decifrar, não apenas os desafios, mas as linguagens que o confrade de Almeirim nos deixa.
Em boa hora o Inspector Boavida nos recorda o mestre!  



domingo, 11 de março de 2018

POLICIÁRIO 1388




O QUE ACONTECEU NA MORTE DE ELISA?

Aqui fica o desafio da parte II da prova n.º 2, um problema de autoria do confrade Inspector Boavida, tal como o anterior. Este problema tem características diferentes, sendo apenas necessário que os nossos confrades e “detectives” indiquem qual é a alínea que, na sua opinião, resolve o enigma.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2018
PROVA N.º 2 – PARTE II
“O CASO DA MORTE DE ELISA” - Original de Inspetor Boavida

O subchefe Pinguinhas tinha acabado de se refastelar no seu sofá preferido da sala de estar da sua nova casa, na baixa de Lisboa, após uma jornada intensa de trabalho quase ininterrupto de dez horas, iniciada às dez da manhã, quando o telemóvel tocou. Era o subintendente Pezinhos a pedir-lhe o favor de tomar conta de uma ocorrência registada naquela rua, três prédios acima do seu. O prédio em questão é composto por três andares, totalmente ocupado por uma conhecida empresa de pronto-a-vestir. No piso térreo funciona a loja dedicada aos últimos modelos de homem e senhora; no primeiro piso funciona um armazém aberto ao público com restos de coleção das épocas mais recentes para todos os géneros e crianças, destinados à clientela menos endinheirada; no segundo piso funcionam os escritórios da empresa; e no último piso, situam-se dois gabinetes, do sócio-gerente e da sua secretária, e uma sala para reuniões.
Ao chegar junto do prédio, Pinguinhas encontrou à porta da loja o sócio-gerente da empresa, um homem de boa aparência, elegante, alto e magro, moreno, de cabelo castanho claro e olhos verdes, com cerca de 50 anos, que se apresentou como Carlos Marques. Denotando algum nervosismo, levando constantemente o cigarro à boca, afirmou que tudo havia acontecido no terceiro andar, cerca de uma hora depois de a empresa ter encerrado ao público e quando todos os funcionários já haviam abandonado as instalações, à exceção da sua secretária, Elisa Fagundes. Ele tinha saído do seu gabinete por volta das seis e meia da tarde para atender um cliente que requisitara a sua presença na loja, no sentido de reclamar da maneira como fora atendido por um empregado do setor masculino. Resolvida a questão, e já algum tempo depois de encerrada a empresa, disse ter-se dirigido às traseiras do edifício para fumar um cigarro.
E foi aí, nesse preciso momento, que se terá confrontado com a queda da sua secretária no chão, que teve morte imediata. Estarrecido com a ocorrência, disse ter-se sentido completamente perdido, não sabendo o que fazer, pelo que decidiu ligar para o seu amigo Pezinhos, que lhe disse para não tocar em nada, o que assim fez, e que ficasse à porta da loja a aguardar pela chegada de um dos seus subordinados que morava nas proximidades. Sou eu – disse o Pinguinhas – sou vizinho da sua empresa há pouco mais de três meses e tenho ouvido alguns comentários sobre os seus grandes sucessos amorosos. Carlos Marques, que é um homem casado, pai de dois rapazes, de cinco e sete anos, ruborizou. Afirmou que esse tempo das conquistas amorosas já lá vai há muito, sendo agora um homem completamente dedicado aos negócios e à família, sem tempo a perder com romances estéreis que apenas contribuem para acumular problemas.
O subchefe Pinguinhas disse concordar com aquela sensata decisão de Carlos Marques e depois pediu-lhe para subir com ele ao terceiro piso para ver o local onde Elisa trabalhava. Preferiu fazê-lo a pé e, ao passar pelos dois pisos intermédios, certificou-se de que ninguém estava nas instalações e que tudo se apresentava isento de indícios de associação ao ocorrido. Por fim, ao chegar ao gabinete onde trabalha a secretária do sócio-gerente da empresa, ficou parado, percorrendo os olhos por todos os cantos do espaço. Em frente, uma grande janela. As paredes laterais pejadas de alto abaixo de dossiês nas prateleiras das estantes. A meio do gabinete, sobre a direita, uma secretária com um computador, papelada variada, um copo meio de água, canetas… e um papel em cima do teclado do computador, com um texto manuscrito com letras trémulas: “Não aguento mais fazer mal a quem me ama tanto. E para quê, para ser desprezada por quem me perdi de amor e me faz sofrer? É melhor assim. Desculpem!”
O subchefe Pinguinhas abriu a janela e olhou para baixo. No chão, no enfiamento da janela, jazia Elisa, uma mulher jovem, interessante, com pouco mais de trinta de anos. E ele não tinha dúvidas: fora dali que a pobre da secretária voara para o lajedo das traseiras do prédio! Virou-se para Carlos Marques e, de forma sarcástica, perguntou-lhe há quanto tempo tinha um caso com Elisa. O sócio-gerente da empresa continuava muito nervoso e não reagiu à pergunta. O subchefe insistiu com a pergunta, ao mesmo tempo que quis saber se a sua mulher sabia do caso. E, sem esperar pela resposta, acrescentou uma outra pergunta: “Sabe onde está agora a sua mulher?” O subchefe Pinguinhas já tinha uma ideia do que se teria passado naquele fim de tarde de um dia de verão de 2017, o que configuraria uma de quatro hipóteses. Qual está correta?

A)    Suicídio.
B)    Acidente.
C)    Homicídio praticado pela mulher de Carlos Marques.
D)    Homicídio praticado por Carlos Marques.

E pronto.
Resta aos nossos “detectives” procederem ao envio das propostas de solução, impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Março, podendo usar um dos meios seguintes.
- Pelos Correios: Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por entrega em mão ao coordenador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas deduções!

Chama-se a atenção para o facto de haver confrontos directos na Taça de Portugal, sendo que cada um dos 512 confrades apurados vai ter como opositor um outro “detective” que serás conhecido em breve, no nosso blogue Crime Público, em http://blogs.publico.pt/policiario .








domingo, 4 de março de 2018

POLICIÁRIO 1387





INVESTIGAÇÃO À MORTE DO MARAVILHAS

O segundo capítulo das competições desta época vem do confrade Inspector Boavida, um dos bons produtores com quem sempre contamos.
Atenção ao problema e ao modo como elaboram o relatório, que deve conter todos os pormenores que suportam a solução do enigma proposto.


CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2018

PROVA N.º 2 – PARTE I

“SMALUCO E A MORTE DE JORGE MARAVILHAS” – Original de INSPECTOR BOAVIDA
   
Smaluco acordou sobressaltado. Adormecera muito tarde e ainda não eram sete horas da manhã quando o telefone tocou. Do outro lado, ouviu, em lágrimas, o seu velho amigo Necas Baptista, considerado um dos mais completos e originais artistas de variedades de todo o mundo, com grande projeção internacional nos anos 1960/70, que vivia em união de facto desde esse tempo com o radialista Jorge Maravilhas, numa altura em que a homossexualidade era apenas tolerada e por muito poucos. A razão do telefonema de Necas e da sua voz embargada residia na morte do seu companheiro de vida, que sucumbira durante a madrugada a um tiro na cabeça, sentado à secretária do escritório da casa que ambos partilhavam, desde há muito, num bairro chique da Lisboa moderna. O velho detetive Smaluco aconselhou-o a não mexer rigorosamente em nada e dispôs-se a satisfazer o seu pedido de ajuda, por se sentir muito abalado com a situação e não se sentir com ânimo para tratar dos procedimentos que desde logo se impunham.
De cara e dentes lavados, vestido com a mesma roupa da véspera, e depois de ter engolido à pressa um café despertador, Smaluco pôs-se a caminho de casa dos amigos, recordando mentalmente as grandes noites de glória de Necas nos palcos de quase todo o mundo e a legião de admiradores conquistados por Jorge, que seguiam a sua voz inconfundível nos postos emissores onde prestava colaboração. Ambos haviam feito uma grande fortuna com as suas respetivas carreiras profissionais, investindo parte dela nos mais diversos negócios, desde a hotelaria à restauração, passando pelo imobiliário, invariavelmente com grande sucesso. Nos últimos tempos, porém, com a crise financeira desencadeada em 2007, a partir da queda do índice Dow Jones motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco, as economias do casal sofreram alguns revezes ao ponto de ambos perderem cerca de metade do que haviam acumulado.
Para agravar a situação, Necas e Jorge não haviam resistido ao vício do jogo que se tinha apoderado irremediavelmente deles, desde há cinco anos, jogando na roleta e na banca francesa quase tudo o que lhes restava. As discussões entre eles passaram a ser uma constante, acusando-se mutuamente da responsabilidade pelo sucedido. Como se não bastasse esta terrível situação, Jorge enamorou-se de um jovem cantor em princípio de carreira, o que devastou Necas. Mas durou pouco aquele enamoramento. A ave canora bateu as asas com um passarão da noite alfacinha, a contas com a justiça em diversos processos que se arrastam pelos tribunais há décadas, e anda por aí por essa europa fora a cantar para as comunidades lusas, tendo deixado o coitado do Jorge pelas ruas da amargura. Antes, porém, de ter sido abandonado, o antigo radialista foi vítima da falsificação de sua assinatura em diversas dividas contraídas e agora reclamadas.
Quando chegou ao prédio dos seus dois amigos, Smaluco encontrou Necas à porta da rua, muito agitado, andando de um lado para o outro, correndo ao seu encontro logo que o avistou. Um abraço comovido, com algumas lágrimas à mistura e palavras sentidas de condolências, antecederam a entrada de ambos no edifício e a subida até ao segundo piso. De passos rápidos, sem perderem tempo com a espera do elevador, galgaram os degraus das escadas dois a dois, como se fosse ainda possível salvar a vida do amigo comum, e depressa alcançaram o escritório onde jazia Jorge. Tombado na secretária, com a cabeça levemente caída sobre a esquerda, via-se claramente, acima da orelha direita, uma ferida com os bordos estrelados, apesar do muito sangue que encharcara o cabelo e escorrera até ao tampo da secretária onde o seu braço direito estava poisado, perto de uma arma e de um sobrescrito fechado e endereçado a Necas.
No chão do escritório, próximo da secretária, brilhava uma cápsula de bala. Ao lado do corpo do infeliz homem da rádio, estava um velhinho e imaculado gravador de cassetes, seu companheiro de todas as horas, com o qual registava os instantâneos do dia-a-dia que faziam as delícias dos seus ouvintes. Por instinto, Smaluco carregou na tecla “play” do gravador e logo se fez ouvir a inconfundível voz de Jorge Maravilhas: “Desculpa-me, Necas. Tu não merecias o que te tenho feito passar. Fui tão falso e ingrato contigo, que não consigo suportar a dor do remorso que me consome a alma. Mais do que a raiva de ter sido enganado por um ser vil que arruinou o que ainda restava daquilo que construímos juntos, o que me mata é a mágoa do mal que te fiz. Desculpa, amor”. A seguir, ouviu-se um estrondo. Smaluco ficou tão impressionado, que desligou de imediato o gravador, ficando em silêncio enquanto os olhos marejavam.
Quando, a meio da tarde, relatou à sua amada Natália este acontecimento, que terminou com um telefonema para a Judiciária, onde um ex-colega e amigo se encarregou de todos os procedimentos que terminaram com a declaração de óbito por suicídio e a libertação do corpo para funeral, ouviu da boca desta um chorrilho de críticas que terminaram com uma frase arrasadora: “Nunca mais tens emenda, meu amor. Se não estivesse aqui presa, ia já contigo resolver aquilo que não ficou bem tratado”.
Em que se baseia Natália Vaz para proceder deste modo, caríssimos leitores?

E pronto.
Resta aos nossos “detectives” fazerem as leituras que entenderem necessárias e remeterem as suas propostas de solução, impreterivelmente até ao próximo dia 31 de Março, para o que poderão usar um dos seguintes meios:

- Pelos Correios: Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 2125-109 MARINHAIS;
- Por entrega em mão ao coordenador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas deduções!