domingo, 6 de maio de 2018

POLICIÁRIO 1396




DESAPARECEU O AMOR ETERNO

O desafio desta semana tem a autoria de um dos bons produtores nacionais, que mantém presença habitual neste nosso espaço: o confrade Verbatim.

CAMPEONATO NACIONAL E TAÇA DE PORTUGAL – 2018
PROVA N.º 4 – PARTE I
“O PRECIOSO CAMAFEU NAPOLITANO” – Original de VERBATIM

A festa chegara ao fim. Só restavam os donos da casa, Isolina e Joaquim de Freitas, dois casais visitantes, os Mendes e os Garcia, e duas empregadas, Carla Gomes e Cátia Silva. Os Garcia, prontos para sair, fizeram questão de dar mais uma olhadela pela rica colecção de camafeus que os Freitas possuíam e que eles já há muito conheciam. Debruçaram-se sobre a vitrina e, voltando-se para os donos da casa, que os aguardavam junto à porta do escritório, elogiaram de novo a beleza de o Amor Eterno, um precioso camafeu napolitano que Joachim Murat terá encomendado para a sua consorte Carolina Bonaparte. Já no corredor, o casal Mendes esperava pelos quatro.
Poucos segundos depois estavam todos a despedir-se à saída do espaçoso apartamento. Acorreu Carla para entregar à Sra. Professora Balbina um saco com a taça onde viera o pudim. Sentia-se frio na escada. Adérito Mendes lembrou-se de que deixara o cachecol lá dentro. Isolina foi de pronto buscá-lo ao escritório, onde o encontrou bem dobrado no braço do sofá. Adérito comprimiu-o um pouco mais, meteu-o no bolso largo do sobretudo e dirigiu-se com os outros para o elevador.
Três dias depois, os casais Mendes e Garcia, assim como Carla Gomes e Cátia Silva, estavam a depor, em separado, perante o Inspector Jerónimo Portela.
  ─ Não sei de nada Sr. Inspector ─ declarou Joana Mendes. – Antes de chegar aqui, não sabia sequer que os meus amigos Freitas se haviam queixado de um roubo ocorrido no dia da festa. Ficaria admiradíssima se alguma das visitas estivesse envolvida em tal coisa. Nem as empregadas! A Cátia já lá trabalha há uns anos e a Carla foi recomendada pela Professora Balbina Garcia para ajudar naquele dia.
A seguir depôs Carla Gomes:
─ Estávamos na cozinha, a acabar as arrumações, com a Sra. Dra. Isolina, quando o Sr. Conselheiro entrou a dizer que o Amor Eterno não estava no seu sítio. Era uma pregadeira bem linda, com um fecho de ouro. Fui logo direita à vitrina, pois nem queria acreditar que a tivessem roubado. Sim, é verdade, para se verem os camafeus era preciso chegar perto da vitrina. Claro que fui algumas vezes ao escritório, até porque os agasalhos foram lá guardados, mas pronto, no lufa-lufa da festa o que eu queria era fazer o serviço como deve ser. Só lá trabalhei naquele dia. Foi muito aborrecido termos de ser revistadas no hall de entrada, antes de sair, Os patrões disseram-nos que não podiam fazer de outro modo. Fiquei um bocado chocada. Entreguei, sim senhor, à Sra. Professora Balbina, um saco com a taça, já lavadinha, onde tinha vindo o pudim.
Adérito Mendes, Balbina e Gonçalo Garcia, tal como Joana Mendes, disseram desconhecer, até àquele momento, a ocorrência de qualquer furto em casa dos Freitas no dia da festa.
O Inspector informou Adérito Mendes de que dera nas vistas o facto de ele ter metido o cachecol no bolso em vez de o enrolar á volta do pescoço.
─ Sr. Inspector, eu julgava que ninguém tinha dado por isso. Como sujara o cachecol evitei desdobrá-lo ali à frente das pessoas…
Gonçalo Garcia também foi convidado a falar do cachecol.
─ Estranhei aquilo, mas esqueci. O Eng. Adérito Mendes é às vezes um bocado distraído. Contudo, tendo havido um roubo, até parece que ele terá querido esconder algum objecto, como uma jóia ou coisa parecida. Mas tal é impossível, a probidade do Eng. Adérito Mendes está acima de qualquer suspeita. Ele, praticar um roubo? É algo sem pés nem cabeça.
Cátia Silva confirmou o anúncio da falta de o Amor Eterno no seu sítio, feito na cozinha pelo Conselheiro Joaquim de Freitas, bem como a revista a que tanto ela como Carla foram sujeitas. Respondendo a mais algumas perguntas declarou:
─ O Sr. Conselheiro explicou-nos que a revista servia, até, para nos livrar de suspeitas. No princípio, nem percebi o que estaria fora do seu sítio e fui atrás dos três, para o escritório, porque os vi ir. A vitrina da colecção de camafeus era fácil de abrir, a chave estava sempre na fechadura. Trabalho em casa da Sra. Dra. Isolina e do Sr. Conselheiro há três anos, agora duas manhãs e três tardes por semana. Não têm mais ninguém lá a servir. É uma casa muito boa e de boas contas. Sei que possuem coisas de muito valor mas não as conheço bem. Há, por exemplo, um quadro da sala com o qual tenho de ter o máximo cuidado e há as jóias da senhora, guardadas no cofre, onde está um diadema que deve valer uma fortuna.
O casal Freitas tinha seguros separados, cobrindo o risco de roubo, para as suas peças mais valiosas, entre as quais se incluía o Amor Eterno. A entrada do apartamento, num sexto piso de um prédio sem escadas externas de salvação, estava equipada com um sistema anti-roubo.
O Inspector Jerónimo Portela, depois de analisar os dados atrás referidos, concluiu dispor de indícios suficientes para determinar, com elevada probabilidade, o modo como terá desaparecido o precioso camafeu napolitano denominado Amor Eterno.
Caro leitor, diga de sua justiça.

E pronto.
Agora é a vez dos nossos “detectives” procederam à análise dos elementos constantes no texto do confrade Verbatim e, impreterivelmente até ao próximo dia 31 do corrente mês de Maio, para o que poderão usar um dos seguintes meios:
- Pelos Correios para Luís Pessoa, Estrada Militar, 23, 3125-109 MARINHAIS;
- Por entrega em mão ao coordenador da secção, onde quer que o encontrem.

Boas deduções!




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